08
de agosto de 2013 | N° 17516
ARTE
Ensaios de viajantes
Duas
expedições artísticas realizadas ao longo de julho capturaram diferentes
olhares de descoberta sobre o interior do Estado. Hospedados como diários de
bordo em blog, no Tumblr e no Facebook, os projetos Fronteira Mirim e Viagem
pela Linha Invisível compartilham relatos e ensaios fotográficos sobre cenários
e personagens, convidando a pensar sobre a identidade gaúcha e a noção de
fronteira.
Contato
com a pesca artesanal
Três
fotógrafos passaram 22 dias explorando a região da Lagoa Mirim. Fundador da Escola
de Fotógrafos Populares, no Complexo da Maré, no Rio, João Roberto Ripper
desejava realizar um trabalho na fronteira sul do país. Quando elaborava o
projeto Fronteira Mirim, selecionado pelo Fundo de Apoio à Cultura do Estado, a
fotógrafa porto-alegrense Ana Mendes lembrou do amigo que no Nordeste havia
fotografado rio sem peixe nem água. Com a também fotógrafa Marcella Marer, eles
resolveram documentar o trabalho de pesca artesanal na região da Lagoa Mirim.
A
primeira parada foi Santa Isabel do Sul, distrito do município de Arroio Grande
onde vivem cerca de 900 famílias. O trio passou 11 dias na comunidade,
conversando com os moradores e fotografando, além de ministrar oficinas de
fotografia para famílias de pescadores. A convivência e a proximidade resultaram
em belas fotos e em relatos de descoberta e aprendizado.
A
segunda parada dos três fotógrafos foi Vila do Porto, um bairro de Santa Vitória
do Palmar onde passaram os 11 dias restantes. Novamente, acompanharam o modo de
vida dos pescadores artesanais.
– A
identidade gaúcha que povoa o imaginário é o pampa, o cavalo. Mas há muita água
doce e salobra no Estado. Na Lagoa Mirim, onde passa a fronteira com o Uruguai,
encontramos um tipo de gaúcho que vive nas águas e anda de barco. E também
vimos o quanto eles estão cercados pela destruição ambiental – diz Ana.
FRANCISCO
DALCOL