ELIANE
CANTANHÊDE
O caldeirão dos
'nervosinhos'
BRASÍLIA
- O ano começou fervendo, com sensação de 50 graus no Rio, previsões tórridas
na economia e borbulhas na política. Caldeirão perfeito para Copa e eleições.
Mantega
tratou de jogar água na fervura anunciando na primeira semana do ano que, ufa!,
o governo deve fechar 2013 superando a meta do superavit fiscal em R$ 2
bilhões.
Segundo
ele, o anúncio, que costuma ser no final de janeiro, foi antecipado para
"acalmar os nervosinhos". Cá para nós, também foi para contrabalançar
outros resultados: o Brasil teve o menor saldo comercial em 13 anos; o melhor
investimento de 2013 foi o dólar, que entrou 2014 em forte alta; e, segundo
manchete do UOL na sexta, o valor da Petrobras encolheu pela metade desde 2010.
E
vem aí o anúncio do pibinho, com agentes do governo, e de fora do governo,
tremendo diante da perspectiva de rebaixamento do Brasil nas agências de risco.
Sem falar nas críticas sobre os jeitinhos e as plataformas de petróleo para
reduzir o estrago (inclusive político) do resultado da balança comercial.
Na
política, o PMDB ataca o parceiro PT, repetindo um script manjado em ano eleitoral.
Os ministérios do PT seguram as emendas peemedebistas, os do PMDB ameaçam
retaliar com a mesma moeda, todos se xingam em público. Tudo isso no calor das
disputas estaduais. Aliados em Brasília, os partidos de Dilma e do seu vice
Temer estão em guerra em Estados como Rio, Bahia, Rio Grande do Sul, Ceará,
Maranhão e Amazonas.
E
vem aí a reforma ministerial, ateando fogo à base aliada e com os palanques
desmontando o tripé feminino do Palácio do Planalto: Gleisi Hoffmann concorre
ao governo no Paraná, Ideli Salvatti vai para o Senado em Santa Catarina. Os
substitutos deverão ser homens e do PT. Mas a guerra com o PMDB continua.
Dilma
e Mantega vão precisar de bem mais que RS 2 bilhões a mais de superavit para
acalmar tantos e tão esquentados "nervosinhos".
elianec@uol.com.br