10
de março de 2014 | N° 17728
PAULO
SANT’ANA
Racismo
revoltante
Passados
pouco mais de 15 dias do fim da greve dos cobradores e motoristas de Porto
Alegre, eis que o sindicato dos rodoviários ameaça nova greve sob o pretexto de
que os trabalhadores não receberam os salários relativos aos dias de
paralisação.
Isso
é um abuso, um desaforo. Se querem discutir o recebimento dos dias parados, que
o façam na Justiça, como, aliás, já estão fazendo. Mas não venham com nova
paralisação, a população de Porto Alegre não suporta mais este acinte.
Isto
é vagabundagem pura.
Repercutiram
em todo o Brasil os atos de racismo em Bento Gonçalves por ocasião do jogo
entre Esportivo e Veranópolis.
O
árbitro Márcio Chagas foi violentamente ofendido durante toda a partida, no
início e no fim dela, por cerca de 20 pessoas que o chamavam de macaco sujo.
Ao
final do jogo, os meliantes foram até o carro do árbitro e puseram na capota
algumas bananas, enfiando duas bananas no cano de descarga. Bananas são
alimentos proverbiais dos macacos.
Saliente-se
que o carro do árbitro se encontrava em estacionamento privativo, vedado no
local o acesso ao público, o estacionamento era privativo da direção do
Esportivo.
Ora,
foi racismo puro e genuíno, que não tinha nada com o futebol, tanto que o
Esportivo ganhou o jogo e sua torcida não se queixou da arbitragem. Apenas os
20 injuriadores permaneceram duas horas inteiras a dirigir ao árbitro, que é
negro, as ofensas racistas, insistindo em classificar o juiz como símio.
O
mais grave é que não é a primeira vez que a população ordeira de Bento
Gonçalves assiste a estes atos de racismo praticados pelos mesmos canalhas.
A população
nada tem a ver com essas transgressões. Mas o clube Esportivo tem tudo a ver.
Cabe a ele apontar quem foram os racistas, ele os conhece muito bem, e as
bananas no carro do árbitro e o amassamento das portas do veículo se
verificaram em recinto reservado do clube, não tendo acesso ao público.
Os
dirigentes do Esportivo têm o dever de vir a público para apontar os racistas.
Se não o fizerem, estarão se acumpliciando com os criminosos.
Os
epítetos racistas pronunciados, aliados à agressão ao carro do árbitro, merecem
responsabilização imediata dos acusados.
O
Esportivo não vai se eximir de suas responsabilidades.
O
lugar desses extremistas é na cadeia.