09 de janeiro de 2015 | N° 18037
OLHAR DESTEMPERADO | DIEGO FABRIS*
DOCE, POESIA A CADA MORDIDA
DIZ A MÚSICA POPULAR BRASILEIRA que quem não gosta de samba, bom sujeito não é. E quem não gosta de doce, é o quê? Costumo dizer que não confio muito em quem não gosta de doce. Pode alguém ser tão amargo que não aprecie um bom chocolate derretido? Você confiaria um segredo a quem não valoriza aquela colherada no pote de doce de leite?
Venho de uma família de formigas. Tenho duas irmãs que, se pudessem, comeriam doce no café da manhã, no almoço e no jantar. Também sou filho de mãe doceira, que é responsável por uma torta de morango com doce de leite e nozes que me faz perder o sono. Talvez tenha açúcar em meu DNA.
Nesta época de verão, reconheço de longe aqueles mentirosos que, por uns quilinhos a menos, desdenham do pudim com furinhos ou do brigadeiro quente na panela. A esses, só desejo uma coisa: que sonhem com Nutella!
Em festas de aniversário de criança, tenho dificuldades para esperar o parabéns até atacar o cajuzinho. E vai dizer que você aí nunca passou o dedo na cobertura do bolo ou raspou o fundo da panela?
Quem sabe cozinhar diz que preparar doces é o que existe de mais difícil na cozinha. E, mesmo seguindo a receita à risca, tem que ter “mão boa”. Acredito nisso. Nada que é tão bom deveria ser fácil de fazer. Por essas e outras é que adoro uma boa confeitaria. Espero que esse tipo de lugar se multiplique. É difícil encontrar alguém infeliz dentro de uma boa doceria.
Nos últimos tempos, tenho visto gente apontando o dedo para os doces como vilões. Ok, em excesso pode prejudicar. Mas o que em excesso não prejudica? Equilíbrio é o caminho. E, se for pra privilegiar alguns, que sejam aqueles doces de verdade, que remetam à infância, que façam você sorrir quando se lembra. Viva a rabanada, o arroz-doce e a ambrosia.
*Diretor de conteúdo Destemperados