Amo as horas noturnas do meu ser em
que se me
aprofundam os sentidos;
nelas fui eu achar, como em cartas velhíssimas,
já
vivida a vida dos meus dias
e como lenda longínqua e
superada.
Delas eu aprendi que tenho espaço
para uma segunda vida,
vasta e sem tempo.
E por vezes me sinto como a árvore
que, madura e
rumorosa, sobre uma campa
realiza o sonho que o menino foi
(em volta do
qual apertam suas raízes quentes)
e perdeu em tristezas e
canções.
Rainer Maria Rilke
