É necessário αbrir os olhos e perceber que αs coisαs boαs estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisαm de motivos nem os desejos de rαzão. O importαnte é αproveitαr o momento, pois α vidα estα nos olhos de quem sαbe ver. Tento me lembrαr, de tudo que vivi, o que tem por dentro, ninguém pode roubαr. Pois os diαs ruins, todo mundo tem já jurei prα mim, não desαnimαr, não ter mαis pressα , eu sei que o mundo vαi girar . . .Eu espero α minhα vez.
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
26 de outubro de 2015 | N° 18336
CÍNTIA MOSCOVICH
POR QUE URBIM SERÁ IMORTAL
Na próxima sexta-feira, última de outubro e na qual, tradicionalmente é aberta a Feira do Livro de Porto Alegre, os que trabalhamos com literatura temos uma missão. Às dez da manhã, nos toca inaugurar o Teatro Carlos Urbim, que deveria funcionar no cais do porto, mas que, em função das cheias do Guaíba, foi transferido para a Avenida Sepúlveda.
Tendo nos deixado no dia 13 de fevereiro deste ano, aos 67 anos, Urbim será lembrado de forma perene graças a uma obra que, focada no universo infantil, também mirava valores como o humor, a precisão da frase, o encantamento das fábulas e a doçura das memórias. Leitor da poeta uruguaia Juana de Ibarbourou e de Mario Quintana, de quem apreciava as tiradas irônicas e a fineza do humor, Urbim apostou em personagens que evitavam as formas prontas ou enredos moralistas ou didáticos – aí estão a Traça Biblió, o Piá Farroupilha, a Pandorga Patropi e o próprio Dadau, o guri daltônico, que era seu alterego.
Na procura pela simplicidade, Urbim nunca deixava por menos. Ia buscar no menino santanense o encanto redondo das bolachas Maria, passando pela goma arábica, o caderno de temas, a apostila de admissão ao ginásio, o baú de brinquedos. Foi um entusiasta das pandorgas e da sua singeleza de papel de seda e taquarinhas.
Urbim era exigente e fazia poucas concessões. Por isso, se entende que seus textos evitassem a obviedade com que muitos pais e professores tratam crianças. Urbim refinou o gosto literário de duas gerações e fez com que seus textos fossem acompanhados dos trabalhos dos melhores artistas plásticos e ilustradores do país, gente como Zoravia Bettiol, Fabio Zimbres, Eduardo Vieira da Cunha, Monika Papescu, Rodrigo Rosa, Eloar Filho, Marco Cena, Guazzelli e Claudia Sperb – muitos livros dele são verdadeiras obras de arte.
Na sexta, as kombis do projeto Kombina estarão na Sepúlveda. Será lançado um livro inédito do Urbim, A Caixa do Alvinho, com ilustrações de Laura Castilhos e editado pela Coordenação do Livro e Literatura de Porto Alegre, com organização de Chris Dias e Márcio Pinheiro. 200 exemplares serão doados a professoras da rede pública – coisa que o Urbim certamente apreciaria.