terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Uma história baseada em fatos reais.

Pensando aqui, eu engano muito bem mesmo e o pior é que não tenho intenção nenhuma em fazer isso. Estou beirando os 40, não faço academia (ainda), não faço dietas rigorosas (ainda), bebo cerveja do bar ao boteco, da top a popular e como até joelho de porco se me oferecerem. Não sou metida (só a cara), não sou enjoada, pra mim quase tudo tá bom, tanto faz e é só marcar que eu vou. Pago aluguel, não dependo de ninguém, minhas contas estão "quase" todas em dia e ainda tem gente que fala que quero dar uma de rica. Sim, estou pensando seriamente em mudar meus boletos de endereço para serem enviados a minha cidade natal. Adoro comprar roupa como toda mulher, sou básica e prática nas minhas escolhas, gosto de me sentir à vontade, valorizo o conforto e não sou de mostrar muito (mas nada contra quem gosta de mostrar muito, dependendo pra quem quer mostrar). Fiz curso técnico com 20 anos, comecei a fazer minha primeira faculdade com 25 anos . Não votei na Dilma (e eu avisei), não tenho convênio médico e muito menos seguro de vida. Já mudei de cidade, já mudei várias vezes de endereço, já mudei de número para evitar aborrecimento, já bloqueei gente chata, já desbloqueei depois, já desliguei na cara, já mandei tomar naquele lugar, já fui traída, já menti várias vezes, já vi meus pais se separarem, já operei do coração, já tive febre reumática, já fiquei sem andar por um tempo. Agradeço a Deus todos os dias pela minha vida, pois sei que tem coisas bem, mas bem piores por aí. Evito gente falsa, evito confusões, odeio discutir em público e já deixo avisado que se alguém tiver algum problema comigo pode vir falar pessoalmente que sou ótima em resolver qualquer assunto civilizadamente (sem baixarias). Sou na minha, sou brava e um pouco chata. Nunca me envolvi em briga de rua (sem contar quem já quis me bater), nunca puxei cabelo de mulher por causa de homem, nunca virei a cara para ninguém por causa de homem e nunca tomei as dores de nenhuma amiga por causa de homem. Tudo que já emprestei devolvi (e evito o máximo em pedir algo emprestado), odeio emprestar minhas roupas, odeio que mexam nas minhas coisas, nunca fui para uma delegacia, não tenho passagem pela policia e apesar de já ter sido difamada publicamente poupei dores de cabeça e rugas no rosto. Sou uma cidadã super comum que admite erros, que sabe dos direitos de ir e vir e que dá espaço para quem quer passar ou ir embora. Moro praticamente sozinha, vou ao mercado sozinha, às vezes ao shopping sozinha, não sou carente, não sou insistente, odeio pedir ajuda, não imploro por atenção e me dou muito bem com tudo isso. Não sou de muitas amizades e não sou muito simpática. Mas acho incrível quando alguém que não me conhece, que nunca falou comigo, não vai com a minha cara. Permita-me dizer mas não sou roupa para combinar com ninguém. Quando bebo falo o que não devo, sou sincera demais, espontânea demais, impulsiva ao extremo e tão indecisa que perco a paciência facilmente comigo mesma. Essa minha vontade de escrever vem de dentro, não é exibicionismo nem nada para chamar atenção. Isso é meu ponto de equilíbrio, é meu refúgio, é um espaço que dou a mim. Aprendi lendo, vivendo, observando ao redor. Escrever é mais ou menos isso, é ter sentimento e ao mesmo tempo frieza, é dar a cara a tapa, é uma terapia, é como um livro de pintar onde dou cores e formas as coisas que sinto.  Eu poderia ter estudado antes de trabalhar, eu poderia ter tirado minha habilitação com 18 anos, eu poderia ter saído da casa dos meus pais mais cedo e poderia não ter me prendido a pessoas que só me puxaram pra baixo. Já me envolvi com pessoas erradas achando que eu estava certa, já deixei algumas pessoas de lado com medo de perder outras, já fui motivo de fofoca, ironias, indiretas e desprezo, já engoli sapos e hoje aprendi a vomitar palavras. Não deveria ter sofrido pelo que não valia a pena, não deveria ter dado ouvidos aos que não queriam me ver crescer, não deveria ter ficado quieta e não deveria ter puxado conversa. Isso tudo não quer dizer que estou reclamando, só é a minha melhor forma de me defender e me explicar. Pois não é fácil saber quem sou e ter que escutar por aí quem eu nunca fui. Sou assim mesmo, sem um pingo de medo, sem vergonha, sem disfarces, sem rodeios e sem estrofes. Ando em linha reta para poupar tempo, porque pelo que podem perceber já perdi tempo demais lá trás.