
31 de maio de 2017 | N° 18859
POLÍTICA
POLÍTICA
Piratini convocará plebiscito para privatização de estatais
PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO para consulta pública deve ser enviado à Assembleia até o dia 15
O
governo de José Ivo Sartori mudou de tática para conseguir a
privatização de CEEE, Sulgás e CRM. Anunciou ontem que desistiu da
proposta de emenda à Constituição (PEC) que acaba com a necessidade de
plebiscito para vender essas estatais. Em vez disso, o Piratini enviará à
Assembleia Legislativa pedido de autorização para realização da
consulta pública, afirmou o líder do governo, Gabriel Souza (PMDB).
A
solicitação de plebiscito deverá ser encaminhada até dia 15 de junho
para fazer a consulta ainda neste ano. Conforme a lei estadual 9.207, de
1991, em ano não eleitoral, caso de 2017, o plebiscito deve ocorrer em
15 de novembro. Caso não consiga aprovar o projeto de decreto
legislativo entre os deputados a tempo, a consulta será feita apenas em
2018 (confira o processo no quadro ao lado).
– Todas elas (CEEE,
Sulgás e CRM), em maior ou menor medida, têm uma realidade de grandes
problemas estruturais. São insustentáveis do ponto de vista da gestão ou
não têm capacidade de investimento. E realizam atividades que não
precisam mais ser feitas pelo próprio Estado – afirmou o governador José
Ivo Sartori, em discurso divulgado pelo Piratini.
SEM MAIORIA PARA APROVAÇÃO DA PEC
Segundo
deputados independentes, o governo tomou a iniciativa porque percebeu
que não haveria apoio e votos suficientes para aprovar a PEC formulada
pelo Executivo e que tramita na Assembleia desde o ano passado. Na
reunião de líderes ontem de manhã, o Executivo tentou colocar em votação
todas as PECs emperradas no Legislativo, mas não teve o apoio da
oposição. O líder do PDT, deputado Enio Bacci, disse que a estratégia de
impedir a votação em plenário das propostas polêmicas seria colocada em
prática também nas próximas semanas.
– É melhor não colocar as
PECs que retiram direitos em plenário. Não vamos correr o risco de serem
aprovadas – justificou Bacci, em relação aos projetos.
Em
seguida, os deputados aprovaram, por 36 votos a 17, projeto que altera o
Fundo de Fomento Automotivo do Estado do RS (Fomentar-RS). A partir de
agora, o Piratini poderá oferecer, em leilão, o direito de recebimento
de ICMS a ser pago no futuro pela General Motors (GM). Assim, o governo
antecipa a receita, mas para isso terá de conceder desconto para quem
ficar com o direito de receber os impostos da montadora.
O
governo ainda tentou pôr em votação duas PECs: a que exclui a guarda
externa dos presídios das atribuição da Brigada Militar e a que muda o
conceito de tempo de serviço público pelo de contribuição. Essa regra
impede formas de contagem de tempo fictícias para a aposentadoria. Mas
não houve quórum – havia presença de 32 parlamentares. Para aprovar uma
PEC, é necessário mínimo de 33.
debora.cademartori@zerohora.com.br
O PROCESSO |
Principais etapa para a consulta pública |
-O Piratini propõe a convocação de plebiscito |
-Na prática, cabe à Assembleia fazer isso, via decreto legislativo. |
-Pela lei estadual 9.207, de 1991, a proposta poderá ser apresentada pela Mesa Diretora ou por um terço dos deputados (19 dos 55). |
-O decreto é submetido à votação do plenário da Assembleia. Precisa de maioria absoluta (28 votos) para ser aprovado. |
-Se o ato de convocação é aprovado, o presidente da Assembleia enviará ofício ao presidente do TRE solicitando providências para realização da consulta. |
-Caberá ao TRE-RS organizar o processo e, ao final, proclamar o resultado, além de publicar resolução definindo todos os detalhes, esclarecendo pontos dúbios. |
-Mesmo que a maioria dos eleitores aprove a venda, o governo precisará enviar projeto de lei à Assembleia Legislativa em caráter autorizativo. O texto terá de ser aprovado para que o processo tenha continuidade. |
-Se a maioria do eleitorado decida por não vender as empresas públicas, o tema não poderá ser reapresentado pelo governo na mesma legislatura. |