terça-feira, 1 de julho de 2025


01 de Julho de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Após fiasco, urgência para reduzir benefícios fiscais

Depois das merecidas críticas pela combinação entre a derrubada do decreto que elevava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a aprovação do aumento do número de cadeiras para deputados, a Câmara agora tenta retomar o discurso de responsabilidade fiscal.

Está prevista para esta semana a votação de urgência para o projeto de lei complementar que propõe corte linear em benefícios fiscais. O pedido é do líder do PP, Doutor Luizinho (RJ), apontado como um mais próximos do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Na sexta-feira passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a equipe econômica havia desenvolvido uma "solução jurídica" para permitir o corte linear do chamado "custo tributário", com exclusão da Zona Franca de Manaus e do Simples.

A urgência teria apoio de líderes do centrão na tentativa de dar consistência ao discurso de Motta de que os parlamentares precisam apresentar soluções e não apenas apontar os erros do governo na política fiscal.

Embora a proposta original da Fazenda seja de corte uniforme de 10% em todos os benefícios fiscais, a expectativa é de que, caso a proposta avance, seja percentual menor. A expectativa da equipe econômica seria arrecadar cerca de R$ 20 bilhões em 2026 com a redução dos subsídios. Se a estimativa feita por Haddad estiver correta (o ministro costuma citar valor ao redor de R$ 800 bilhões em "custo tributário"), essa projeção de receita corresponderia a um corte de cerca de 2,5%, já mencionado nos meios parlamentares.

Os R$ 800 bilhões que o ministro cita não são a quantia que aparece no orçamento deste ano. Conforme a equipe econômica, o valor teria sido atualizado com informações de um formulário que empresas passaram a preencher no ano passado. O que está formalmente previsto são R$ 587,4 bilhões (veja tabela). Ainda que não tenha alcançado a vizinhança do trilhão, é um "gasto" que aumentou 78,8% em apenas cinco anos. Algo de errado tem de haver.

O impasse entre Executivo e Legislativo foi ignorado ontem no mercado: o dólar caiu mais 0,93%, para R$ 5,433, menor cotação desde 19 de setembro de 2024 (R$ 5,424). Só em junho, a moeda americana perdeu 4,3% em relação à nacional. No primeiro semestre, acumula queda de 12%. O motivo do dia foi o resultado de 148.992 vagas líquidas (saldo entre demissões e contratações) ter ficado abaixo das previsões, perto de 170 mil. Sinal de desaceleração, logo de chance de corte de juro. O Banco Central já avisou que não será tão cedo, mas... _

2020 R$ 328,6 bilhões

2021 R$ 420,8 bilhões

2022 R$ 492,5 bilhões

2023 R$ 541,1 bilhões

2024 R$ 563,5 bilhões

2025 R$ 587,4 bilhões*

*Projetado no orçamento do ano

Fonte: Receita Federal

Onde há maior potencial de hidrogênio verde

Do ponto de vista de Eric Daza, consultor sênior da LAC Clean Hydrogen Action Alliance, iniciativa surgida na COP26 para transformar América Latina e Caribe em líderes globais na produção e exportação de energia limpa, o hidrogênio verde é uma solução "sim ou sim" para a transição energética. E explica:

- Existem setores, como o de ferro e aço, que não têm como descarbonizar se não for o hidrogênio verde.

Gaúcho, Daza vê no "gigante potencial eólico" do Estado uma grande oportunidade, porque o hidrogênio verde tende a ser mais competitivo com energia eólica e solar. E lembra:

- No Brasil, o potencial eólico está no Nordeste e no RS. Apesar de o governo do Estado ter lançado recentemente o programa de descarbonização, o Nordeste tem se mostrado mais audacioso em alguns polos, como o porto de Suape, em Pernambuco, o de Pecém, no Ceará, e projetos no Piauí.

O consultor diz que gostaria de ver o RS avançando mais rápido. Embora neste momento veja o Nordeste se movimentando mais, pondera que "é um jogo que ainda está aberto":

- Pode mudar em um ou dois anos, mas tem um timing que temos de aproveitar.

Ele enfatiza que todos os estudos colocam o Brasil entre os 10 maiores potenciais em produção de hidrogênio verde. E acrescenta:

- A dúvida é onde exatamente será o polo no país. Em teoria, as duas regiões com maior potencial são Nordeste e RS.

Em viagens e eventos de que participa, relata, ouve falar muito em Ceará, Pernambuco, Piauí e Bahia, mas pouco do RS. Ressalva que não há qualquer fábrica funcionando, nem mesmo no porto de Pecém, no Ceará, que fez um acordo com o gigante porto de Roterdã, na Holanda.

Avalia que o RS tem diferenciais que outros Estados não têm, como índice educacional mais alto e setor industrial mais forte, que já poderia comprar o hidrogênio feito localmente. Mas vê outros avançando mais em alianças. Diz que aqui seria possível produzir fertilizantes a partir de hidrogênio verde, já que existe demanda local capaz de absorver. _

Mudança de comando

Tem mudança no comando da rede de moda jovem Gang, que há 11 anos pertence ao grupo Lins Ferrão. Uma das herdeiras do conglomerado, que também inclui a Pompeia, Ana Luiza Ferrão Cardoso, está deixando a gestão executiva da empresa. Vai passar a integrar o conselho consultivo de transição da marca.

A executiva segue na companhia até o final deste ano, período em que acompanhará todo o processo de transição. A definição do novo nome que assumirá o cargo está em análise e ainda não foi oficializada.

"Foi uma decisão amadurecida com carinho e responsabilidade. Tenho muito orgulho do que construímos juntos e uma enorme gratidão por todos que fizeram parte dessa jornada. A Gang segue firme, com mais histórias disruptivas pela frente, como sempre foi sua essência", afirma Ana Luiza em nota enviada à coluna.

A executiva havia assumido o comando da Gang aos 27 anos. Ana Luiza é filha de Carmen Ferrão, que comanda os negócios da Pompeia. A empresa, por sua vez, agradeceu a contribuição de Ana Luiza por mais de uma década. Também em nota, afirma que suas visão e experiência no conselho consultivo continuarão contribuindo com as decisões estratégicas da marca. _

Expansão napolitana

Conhecida pizzaria napolitana de Porto Alegre, a Grani teve seu início de forma tímida, com produção caseira de 10 pizzas congeladas por dia. Três anos depois, a empresa projeta faturar R$ 5 milhões em 2025 e abrir sua segunda unidade.

Uma loja de 110 metros quadrados será instalada na Rua Miguel Tostes, no bairro Rio Branco. Ao contrário do outro estabelecimento da Grani, que fica na Rua Cabral, também no Rio Branco, a nova operação terá foco em telentregas e produção de congelados. Não haverá mesas para consumo local. E os sócios Igor Henrique Rodrigues e Aline Pinto Kropidlofscky já preveem uma terceira operação em 2026. 

GPS DA ECONOMIA

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