quarta-feira, 9 de julho de 2025


Quais tarifas estão valendo e o que é ameaça de Trump

As "cartinhas de Trump", comunicados oficiais da Casa Branca sobre a nova cobrança de tarifas, voltaram a mergulhar o planeta no risco. Com o retorno do imposto de importação que praticamente impede a venda de produtos de vários países aos Estados Unidos, foi retomado o cenário de pavor que tomou conta dos mercados logo depois de 2 de abril, quando o presidente americano, Donald Trump, desferiu alíquotas de 10% a 50%.

Mas afinal, o que está valendo e o que é ameaça de Trump? Ao menos até o final da manhã de ontem, o que segue em vigor é uma tarifa média de 10% de 184 países. Foi aplicada a 185, mas um é o Território das Ilhas Heard e McDonald, habitado apenas por focas e leões marinhos que, até onde se sabe, não exportam.

Só a alíquota média de 10% já garantiu aos EUA arrecadação extra de US$ 24,2 bilhões em maio, primeiro mês cheio de vigência das novas tarifas "recíprocas", ou seja, aplicadas a todos os produtos de cada país. Foi 25% maior do que a do mês anterior, quando já vigoravam cobranças maiores a produtos específicos, como o de aço e alumínio - a coluna vai dedicar outro capítulo às tarifas setoriais, porque só as "recíprocas" já estão muito confusas.

Tentativa de pressão

Agora, a ameaça de Trump é retomar, com correções pontuais, os níveis anunciados em 2 de abril, antes da trégua "concedida" apenas sete dias depois, em 9 de abril, quando foi firmada a regra atual dos 10% adicionais. No entanto, a cobrança efetiva só começaria em 1º de agosto, o que foi interpretado como tentativa de pressionar uma negociação nesses pouco mais de 20 dias que restam até lá.

E no meio dessa confusão, Trump ainda ameaçou cobrar uma alíquota adicional de 10% de "países alinhados" ao Brics. Até agora, não passou de intimidação. Embute o risco de que a tarifa do Brasil passasse de 10% para 20%. O que o presidente americano vê como "política antiamericana" é uma vaga tentativa de aumentar o uso de outras moedas no comércio entre os 11 países do bloco. _

África do Sul 30 10 30

Bangladesh 37 10 35

Bósnia 35 10 30

Camboja 49 10 36

Cazaquistão 27 10 25

Coreia do Sul 25 10 25

Indonésia 32 10 32

Japão 24 10 25

Laos 48 10 40

Malásia 24 10 25

Mianmar 44 10 40

Sérvia 37 10 35

Tailândia 36 10 36

Tunísia 28 10 25

Depois de subir com força na véspera, o dólar recuou 0,59%, para R$ 5,445, ontem. O mercado agora vê tempo para negociar. E no Brasil, a desaceleração nas vendas do varejo ajudou.

A empresa gaúcha que atuou nos bastidores do Mundial de Clubes

Era gaúcho o aplicativo que controlava, no Mundial de Clubes de 2025, os estoques de produtos da Coca-Cola no estádio Rose Bowl, na Califórnia. Com sede em Porto Alegre, a CWI ajudava a distribuir e repor refrigerantes, garrafas d?água e isotônicos em diferentes pontos do complexo esportivo, desde máquinas de bebidas até vestiários de clubes.

O Rose Bowl não vai mais receber jogos nesta edição do torneio, mas já está marcado na história por ter sido palco da vitória do Botafogo contra o PSG e - muito antes - do tetracampeonato da Seleção Brasileira. No total, foram seis partidas por lá, entre 15 e 25 de junho.

O projeto-piloto no Mundial de Clubes é o primeiro passo para identificar a aplicabilidade do aplicativo em outros eventos esportivos que a Coca-Cola patrocina, como a Copa do Mundo de 2026, que também ocorre nos Estados Unidos. Nos demais estádios, a gigante de bebidas manteve o controle de estoques de forma manual.

A CWI já fez a ferramenta para controle do estoque de produtos da Coca-Cola nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, de Tóquio e de Paris e na Copa do Mundo do Catar, da Rússia e do Brasil. Foram necessárias adaptações para replicar a tecnologia no Mundial de Clubes.

- A decisão de utilizar o aplicativo exclusivamente no Rose Bowl teve como objetivo realizar um projeto-piloto, com foco na identificação de melhorias e validações para possíveis versões futuras - afirma o gestor técnico da CWI, Diogo Pinheiro de Araújo.

A empresa tem escritórios em Porto Alegre, São Leopoldo e São Paulo, com cerca de 1,5 mil trabalhadores. _

Não basta ser só sustentável

Para muitas empresas brasileiras, tornar-se sustentável ainda é um enorme desafio. Para uma que é referência em atuação positiva nas áreas social e ambiental, porém, já não é suficiente. No final da semana passada, a Natura fez um anúncio impactante: não quer mais ser uma empresa sustentável.

Como assim? Ao apresentar sua Visão 2050, com metas socioambientais para os próximos 25 anos, a empresa avisou que quer ir além. Em vez de ser "apenas" sustentável, pretende agora se tornar regenerativa, ou seja, recuperar os recursos naturais que utiliza na fabricação de seus produtos de beleza.

- Só a sustentabilidade já não é mais suficiente, pois sustentar o mundo como ele é hoje não é uma boa ideia. O caminho é regenerar para estados progressivos de maior saúde e maior abundância, gerando, ao mesmo tempo, resultados positivos financeiros, humanos e ambientais - justificou o CEO da Natura, João Paulo Ferreira.

O recado é importante para as empresas que ainda hesitam em dar os primeiros passos no rumo da sustentabilidade por mostrar o quanto podem se distanciar de referências nacionais e internacionais, já que a Natura tem atuação global. _

Um gesto exagerado

O presidente Donald Trump repetiu ontem a ameaça de alíquota extra de 10% a quem se alinhar aos países do Brics por "política antiamericana". É como vê a ideia de aumentar o uso de outras moedas no comércio entre os 11 países, considerada de difícil execução pela maioria dos especialistas em comércio exterior.

Ao reiterar a ameaça ante um risco muito diminuto, o presidente da maior economia do planeta dá peso maior do que esse heterogêneo grupo de países de fato tem. O próprio Trump percebeu o efeito, ao afirmar que não considera o Brics uma "ameaça séria". 

GPS DA ECONOMIA 

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