
Lula optou pelo modo de segurança com Trump
Ao optar por uma conversa telefônica de 30 minutos entre Lula e Donald Trump, o Itamaraty escolheu o modo de segurança. Evitou, ao menos neste primeiro momento, o contato presencial com o presidente americano - e, por consequência, o risco de um constrangimento semelhante ao que envolveu o presidente ucraniano Volodimir Zelensky, em reunião em fevereiro deste ano na Casa Branca, que contou com um bate-boca, ou em maio com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.
Finalmente, Lula e Trump abandonam a rixa de 5a série nas redes sociais e os recados debochados trocados por meio de notas na imprensa. Assumem, ao menos neste episódio, o papel de "adultos na sala" - uma postura esperada não apenas de dois chefes de Estado, líderes das maiores democracias do continente, mas também de representantes de nações que, apesar das diferenças, compartilham uma longa história de alianças e cooperação estratégica de mais de 200 anos.
Ao evitar nomes específicos, como o do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, durante a ligação, Lula adotou uma estratégia pragmática: conduziu o diálogo em tom institucional, evitando personalizar o embate político-judicial brasileiro. Um movimento calculado, que sinaliza diplomacia sem abrir mão da firmeza.
Ainda não há uma definição sobre um possível encontro presencial entre os dois. Há, no entanto, chance de uma reunião até o fim do mês durante a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), que ocorrerá na Malásia. _
Direito de pergunta: meses antes, Donald Trump criticava o Brasil por uma suposta "caça às bruxas" e agora diz que "nossos países se darão muito bem juntos". O que mudou na cabeça do republicano em relação à sua percepção sobre o Brasil?
Para não esquecer
Em qualquer guerra, os civis são, em geral, as maiores vítimas - e, entre eles, os mais vulneráveis são mulheres e crianças. Há dois anos, o grupo terrorista Hamas invadiu Israel, matou 1,2 mil pessoas e sequestrou outras 251.
A resposta israelense levou à devastação da Faixa de Gaza e à morte de mais de 66 mil palestinos. Além da tragédia humana, o atentado de 7 de outubro de 2023, lembrado hoje, redesenhou o tabuleiro geopolítico do Oriente Médio: Hamas e Hezbollah foram enfraquecidos, o programa nuclear iraniano sofreu atrasos e a ditadura de Bashar al-Assad chegou ao fim na Síria. Se houver boa vontade internacional, o plano de Trump pode ir além de um cessar-fogo urgente: pode reativar os Acordos de Abraão e servir como embrião de um futuro Estado Palestino.
Ainda que controverso e cheio de lacunas, o momento é raro: há, ao mesmo tempo, pressão popular pelo retorno dos últimos reféns, exaustão militar e uma janela política para negociações. Se aproveitado com responsabilidade, pode ser o início - ainda que imperfeito - de um novo capítulo no Oriente Médio, onde a paz deixe de ser promessa distante e a roda insana da violência gire ao contrário. _
Praça asfaltada
Em resposta à coluna, que criticou a decisão da prefeitura de Porto Alegre de asfaltar uma praça, na Zona Norte, a Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) enviou nota sobre o assunto, afirmando que o projeto de requalificação da praça segue o Plano de Ação Climática. Leia um trecho:
"A Smamus esclarece que a intervenção em andamento na Praça José Dornelles Medina, na Vila Ipiranga, não representa redução de área verde nem descaracterização do espaço público. A obra integra um processo de requalificação urbana e ambiental voltado a melhorar as condições de drenagem, acessibilidade e uso comunitário. (...) A requalificação da praça segue o Plano de Ação Climática da cidade, que prioriza o plantio de árvores para combater ilhas de calor e aumentar a cobertura vegetal. O projeto reflete essa diretriz, prevendo paisagismo, arborização e melhorias estruturais, como playground, academia ao ar livre e novo mobiliário urbano." _
Quem vai negociar com o Brasil
Ainda em maio, quando se intensificaram as tensões entre Brasil e Estados Unidos, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, começou a assumir um papel de destaque, principalmente na aplicação de sanções contra cidadãos brasileiros.
Após a conversa entre Lula e Donald Trump ontem, Rubio foi designado para comandar as negociações entre os dois países.
Quem é Marco Rubio?
Marco Rubio, de 53 anos, é um político da Flórida, nascido em Miami. Ele é filho de imigrantes cubanos e tem grande conhecimento sobre a América Latina, com posições alinhadas a grupos conservadores.
Atuou como presidente da Câmara dos Representantes da Flórida. Em 2010, foi eleito para o Senado dos EUA.
Um fato que chama a atenção na carreira de Rubio é que em 2016 foi um dos rivais derrotados por Trump nas primárias republicanas. Em novembro de 2024, quando Trump anunciou Rubio como seu secretário de Estado, a decisão foi vista como reviravolta dentro do Partido Republicano. Rubio é considerado próximo da família Bolsonaro.
Em maio, anunciou uma política de restrição de vistos para estrangeiros acusados de censurar cidadãos americanos. Em julho, anunciou a revogação dos vistos de autoridades brasileiras, inclusive de ministros do Supremo Tribunal Federal, com a aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes. Em setembro, nas redes sociais, se posicionou contra a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, o que chamou de "caça às bruxas". _
Morte na Ucrânia
Tailon Ruppenthal, 41 anos, brasileiro que lutava como voluntário na guerra da Ucrânia, morreu em combate. A informação foi confirmada ontem à coluna por sua mãe, Marileuza Borges Bertolucci. Ruppenthal era natural de Três Coroas, no Vale do Paranhana.
- Não vou poder nunca mais ver meu filho. Ele morreu esta noite - lamentou a mãe, que está em viagem ao Nordeste.
Enquanto a coluna esteve na Ucrânia, em setembro, houve a tentativa de contato com o soldado. A última comunicação foi no dia 2: "Estamos em momento complicado", escreveu Ruppenthal, durante troca de mensagens, direto do front no leste do país.
Ruppenthal havia se juntado às forças ucranianas em julho para lutar contra a Rússia. Ex-soldado do Exército, ele atuou no início dos anos 2000 na missão de paz das Nações Unidas no Haiti. Sua experiência rendeu o livro Um soldado brasileiro no Haiti (Editora Globo). _
INFORME ESPECIAL
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