A vida é dia-a-dia, não dá pra sentar e esperar ela chegar...
O amor ainda não veio. Virá? Enquanto isso, melhor se divertir. Porque a vida não para.
Sua vida tinha até trilha sonora. Sonhava enquanto dirigia e ria ou chorava, dependendo do dia. Tinha vivido alguns amores. Mas esperava mais. Só não sabia se esperava demais. Ser feliz junto de alguém é pedir muito?
Tinha fases. Fases de esperar por um grande amor, fases de qualquer coisa serve, sair traçando sem dó quem aparecesse. Fases de quase encontrar um que servia. Ficava no quase. Sempre tinha um mas. Em algumas épocas, se cansava de tudo e se dava um descanso. Épocas de alma doída, melhor ficar sozinha, fechar para balanço, curar as feridas, se refazer, para tomar coragem e tentar de novo mais tarde.
Relacionamentos? Alguns ficantes, alguns namorados. No momento, nenhum. Período de entressafra é fase delicada mesmo. Cada situação que só vendo para acreditar.
Uma vez saiu com um cara superdivertido. Descobriu, no terceiro encontro, que ele só tinha seis piadas no acervo. A cada vez que se viam, repetia as mesmas. Não teve quarto encontro, por motivos óbvios.
Um outro levou Ipod, Iphone, Ipad e ai que saco…Ficava neles o tempo todo. Ela e nada ali na mesa era a mesma coisa, não fazia diferença. Faltava o Ai, se manca! Esse aparelho ele não tinha levado. Pena, fez falta.
Conheceu um bem folgado. Quando ela percebeu, estava se mudando para a casa dela. Se instalando aos poucos, se encostando por ali na sua humilde residência. Rodou rapidamente com o sujeito.
Tinha o que cuspia quando falava, o do mau hálito, o chato, e por aí vai. Uma lista infindável de desventuras.
Havia necessidade de passar por isso? Sinceramente não. Trabalhava, morava sozinha, tinha sua independência. Um homem seria bem-vindo – mas só se fosse pra somar.
Colocar a fila para andar não era problema. Triste era a visão de todos os descartados, indo embora tristemente um a um. E a impressão de ser quase impossível encontrar tudo o que ela queria numa pessoa só. Era orgulhosa de sua vida, de suas conquistas. Mas às vezes se pegava com saudade. Saudade de alguém que não conheceu. Saudade de um ser para ser amado. Ainda a ser escolhido, ainda a ser encontrado.
Homem em boas condições físicas e emocionais está mais difícil de achar do que táxi em época de Natal. Os bons já passam ocupados. E, depois de uma certa idade, homem avulso no mercado é produto escasso. Quando aparece, é preciso verificar muito bem para ver se não apresenta grandes avarias.
Estar junto pode ser bom. Mas ela não está disposta a aceitar qualquer pessoa, nem a pagar qualquer preço por isso, ou abrir mão das coisas que acredita. Sapato velho para um pé cansado? Sem essa! Nada de remendo, de meia sola. Afinal, ela não é um pé cansado. Quer sapato novo, bonito e confortável para um pé bem animado. Um parceiro que mereça seu amor. É dele que sente saudades. Um alguém a surgir, uma possibilidade de futuro.
Enquanto esse dia não vem, ela viaja, vai para o samba, balada, o que rolar. Porque vida é dia-a-dia, não cabe sentar para esperar. Já aprendeu a ser feliz. Ser feliz independe de status de relacionamento. Se surgir uma pessoa, ótimo, ela vai adorar. Mas, enquanto não surge, a vida está aí, ela quer mais é aproveitar.