Na última vez que pisei numa balada, lembro que ao chegar, antes de pedir a primeira bebida, eu coloquei as mãos nas cadeiras e me perguntei: "Cara, o que eu estou fazendo aqui?". Depois de uma certa idade e de certas experiências, a gente começa a levar a vida mais na maciota, pesando os prós e os contras de algumas atitudes, a fazer escolhas (certas). A gente meio que sente necessidade de criar vergonha na cara.
Eu adoro dançar. AMO dançar. Não sou muito fã de bebida; não aguento beber e na verdade nem posso. Tomo vinho clandestinamente (que minha médica não me leia). A parte mais deliciosa do dia pra mim é a noite/madrugada. Só que ultimamente eu venho notando que curtir a noite em balada, bebendo e dançando, não é muito proveitoso. Cheguei naquela fase de parar de dançar, olhar pro teto e lembrar do meu colchão.
Tá, podem me chamar de "velha". Não sei o que é ser velho para algumas pessoas, mas se, cansar de bater bundinha até às quatro, chegar com os pés inchados, com vontade de dormir vestida e acordar numa merda que faz gosto, for velha, então podem me presentear com um baralho, uma gaiola e um banquinho no portão de casa.
Tudo na vida é fase. Tudo passa. Estou preferindo meu travesseiro a noite de sábado inteira, do que perder horas de um sono saudável (que segundo os médicos nunca são recuperados mesmo que você durma o dia seguinte inteiro), do que encher o pote de vodka e acordar com o crânio mais pesado que uma bigorna.
Não vou negar que dá uma formigada nas partes baixas quando chega a sexta-feira, mas quando lembro do tesão que é ouvir Cazuza em casa, dormir pelada e sem hora pra acordar, eu desligo o telefone e desmarco meu compromisso com o superficial, com a ilusão amanhecida, e prefiro acordar pra vida.