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08 DE MAIO DE 2020

COMÉRCIO

Lojistas se adaptam para o Dia das Mães

Diante de uma amarga perspectiva de queda de quase 60% nos negócios neste Dia das Mães em relação ao do ano passado, conforme pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o varejo da Capital reforçou estratégias para atrair clientes e, assim, tem conseguido amortecer a queda.

Empresas que trabalham com vendas online ou delivery e aquelas que reabriram nesta semana após flexibilização nas regras da quarentena vêm observando boa demanda por produtos para a data, ainda que menor do que nos anos anteriores. Para muitos, foi necessário reorganizar a estrutura de vendas para chegar aos clientes.

Um bom exemplo está na iniciativa de um grupo de empreendedores que se uniu para entregar cestas de alimentos naturais nas casas dos consumidores. A ColBox, iniciativa encampada por um grupo de empresas atendidas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado (Sebrae-RS), reúne 20 fabricantes de comidas, bebidas e temperos de diferentes regiões.

São cinco tipos de cestas criadas para o Dia das Mães, com produtos veganos, orgânicos, sem lactose, sem açúcar e sem glúten. Os preços variam de R$ 110 a R$ 130 e, por enquanto, as entregas ocorrem apenas em Porto Alegre.

- O coletivo é importante para fortalecer as marcas, já que clientes de uma empresa conhecerão outras - explica Rafaela Vencato, diretora da Terra Amor, uma das empresas participantes, com temperos, sais temperados e chás. Antes da pandemia, Rafaela vendia principalmente em feiras. Agora, o mundo digital é o carro-chefe, com crescimento de 70% nos pedidos em relação ao ano passado.

- É um caminho que continuaremos percorrendo para chegar aos clientes - explica Rafaela.

Marcelo Leal, diretor de soluções inovadoras da Trans- Union, consultoria de dados para o e-commerce, avalia que este Dia das Mães poderá ser lucrativo para quem fizer bom uso de ferramentas digitais. Isso significa contatar diretamente clientes dos bancos de dados, reforçar campanhas em redes sociais e garantir eficiência nos softwares de encomenda, pagamento e entrega de mercadorias.

Segurança

Rômulo Figurelli, vice-presidente de Micro e Pequenas Empresas da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA), acrescenta que lojas com atendimento presencial ou com retirada no estabelecimento precisam redobrar os cuidados para mostrar aos consumidores que estão cumprindo as regras sanitárias. Ou seja, para convencer o cliente a entrar no estabelecimento, é preciso ter ambiente higienizado, fluxo controlado de pessoas, disponibilização de álcool gel e uso máscaras entre as equipes.

- Se há sensação de segurança sanitária, o cliente fica satisfeito com o serviço, volta e recomenda o local para as pessoas do seu convívio e por meio de postagens nas redes sociais - explica

É a experiência que está vivendo a alfaiataria feminina Unique, no bairro Moinhos de Vento, que reabriu na terça-feira atendendo uma cliente por vez. A cada visita, funcionários higienizam ambiente e equipamentos. Mesmo assim, a proprietária Cristiane Boaretto percebeu baixo fluxo de consumidores, alguns manifestando preocupação. Para tranquilizá- los, passou a entregar máscaras de pano personalizadas aos compradores. Os brindes também são entregues aos que compram pelo site e retiram na loja. Outra estratégia da Unique foi realizar uma campanha que recolhe doações de alimentos em troca de máscaras, uma forma de encorajar o consumidor a visitar o estabelecimento.

- A pessoa vem fazer a troca e olha que a loja tem segurança, que não há fluxo grande de clientes e que faço atendimento individuais e sempre de máscara. É uma forma de exercitar a solidariedade e ao mesmo tempo estimular as vendas - explica Cristiane.

Especificamente para o Dia das Mães, a loja tem dado brindes para encomendas acima de R$ 549, inclusive feitas pelas redes sociais.

- Ainda não é o movimento que sonhávamos para a data, mas tem ajudado a manter os negócios em um momento difícil - explica a diretora.

ERIK FARINA