Quase pânico, mas "só" pessimismo
Ontem, a moeda norte-americana chegou a subir mais de 3% ante o real, enquanto a bolsa caía 4%. Até o fechamento, porém, o estresse diminuiu, e o dólar subiu "apenas" 2,3%, para R$ 5,017, enquanto a perda na bolsa foi "só" de 2,8%.
Foi uma espécie de ressaca das altas de juro nos Estados Unidos e no Brasil. O índice Dow Jones da bolsa de Nova York despencou 3,25%, no pior dia desde 2020, e a Nasdaq, bolsa de tecnologia, teve tombo de 4,99%.
- É reação adequada ao cenário de desaceleração global, da qual o Brasil não vai ficar fora - observa Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.
- O que estamos vendo no mundo é mais choque, não menos choque. Não há sinal de normalização das cadeias produtivas, o que significa cenário muito complicado de inflação. BCs da Inglaterra e da Europa reforçaram a preocupação com a inflação - avaliou Roberto Padovani, economista-chefe do Banco Votorantim (BV).
Gigante investe R$ 60 milhões no RS
Com duas unidades em Bento Gonçalves, a multinacional Smurfit Kappa vai investir R$ 60 milhões na ampliação de sua capacidade no Estado. Não há relação com aquela família de pequenas criaturas azuis, os Smurfs. Bem-humorado, o CEO da companhia no Brasil, o venezuelano Manuel Alcalá, diz que há algo em comum: a cor da empresa também é azul.
Parte do bom humor de Alcalá vem dos resultados nos últimos anos: o segmento de embalagens decolou com as compras online e a tendência crescente de exposição de produtos dentro das caixas em atacarejos. Esses são dois motivos da ampliação da unidade de produção de papelão de Bento. O investimento de R$ 60 milhões deverá ser seguido, em breve, por novos aportes no Estado, ainda não detalhados.
- Estamos investindo no Rio Grande do Sul porque vemos um grande potencial. Estamos em Bento Gonçalves, no coração da produção de vinho no Brasil, com grande know-how na área. No Brasil, mesmo com o recente aumento, o consumo per capita fica em cerca de 2,6 litros de vinho por pessoa. É um número considerado baixo, então tem grande potencial de crescimento - diz Alcalá.
Embora o vinho seja um dos alvos da Smurfit, não é o único: a empresa fornece embalagens para segmentos que vão de bens duráveis (fogões, geladeiras) a alimentos. Segundo o CEO, embora o foco da companhia seja papel e papelão, sua posição é de fornecedora de soluções para clientes. Para atender à demanda da exposição em caixas nos pontos de venda, detalha, a produção está cada vez mais customizada, com picotes e encaixes feitos conforme as necessidades dos clientes.
Certo, mas o que é a Smurfit Kappa? Foi fundada por um irlandês chamado Jefferson Smurfit, em 1934, em Dublin. Em 2006, comprou uma empresa que tinha tamanho quase igual, a Kappa, e adotou nome duplo. É a maior empresa de embalagens de papel e papelão da Europa, com faturamento de 10,1 bilhões de euros (R$ 53,3 bilhões, pelo câmbio atual) em 2021, com crescimento de 33% no primeiro trimestre deste ano. No mundo, tem 46 mil funcionários e 367 fábricas em 36 países. No Brasil, são oito unidades em quatro locais.
- A empresa tem sido muito bem-sucedida, compramos uma fábrica na Escócia. Hoje, ainda há um único Smurfit na empresa, Tony, porque a companhia se profissionalizou preservando características familiares - disse Alcalá.
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