O desafio de evitar o pior
Quase um ano após o bárbaro atentado perpetrado contra Israel pelo grupo terrorista Hamas, o conflito em curso no Oriente Médio ingressa em uma fase crítica pelos riscos de uma guerra total e a possibilidade de a conflagração armada envolver potências extrarregionais. Chega o momento de serem apressadas as negociações diplomáticas para se evitar a possibilidade de uma escalada ainda mais dramática nos combates, que elevaria o sofrimento da população civil da região e alimentaria os receios de um desdobramento global das animosidades.
Os últimos atos do enfrentamento foram os ataques das forças armadas israelenses a alvos da organização extremista Hezbollah no Líbano, onde a milícia atua como um Estado paralelo. A ofensiva, como uma resposta às reiteradas agressões ao território de Israel com o lançamento de foguetes, mirou lideranças do Hezbollah e, na última sexta-feira, eliminou Sayyed Hassan Nasrallah, chefe da organização, após o prédio onde estava, na capital Beirute, ser atingido por mísseis.
As operações contra o Hezbollah, considerado por vários países como uma entidade terrorista, justificam-se pela necessidade de tentar neutralizar uma ameaça constante não apenas aos israelenses, mas ao próprio processo de paz no Oriente Médio. Logo após a investida do Hamas contra Israel no dia 7 de outubro do ano passado, que resultou em 1,2 mil mortos, 250 sequestrados e atrocidades como estupros e mutilações, a organização xiita lançou milhares de foguetes em direção a Israel, forçando cerca de 100 mil moradores do norte do país a deixarem suas casas.
As forças armadas israelenses deram início na madrugada desta terça-feira, pelo horário da região, a uma ofensiva por terra no território do Líbano. O Hezbollah, no entanto, é muito mais bem treinado e armado do que o Hamas, em Gaza, e um conflito nestes termos teria resultados incertos, com duração indeterminada, mas com a certeza da morte de mais inocentes e angústia da população dos dois lados da fronteira.
Um conflito generalizado na região se configuraria com uma guerra aberta que envolvesse Israel contra os grupos Hamas, Hezbollah e Houtis, estes sediados no Iêmen, possivelmente tragando para os enfrentamentos o Irã, país que financia e incentiva essas organizações em suas pretensões de riscar do mapa o Estado judeu. Poderia ainda atingir patamares inimagináveis se levasse à intervenção dos EUA, aliados de Israel, e Rússia e China, de outro lado, que apoiam o Irã.
Esse cenário obscuro não é de interesse das populações do Oriente Médio ou da comunidade global. Mas é uma situação-limite que não pode ser menosprezada. Os países mais influentes devem se empenhar ainda mais por uma saída diplomática que leve a um cessar-fogo imediato, como pediu no sábado o presidente norte-americano, Joe Biden, logo após dizer que a morte de Sayyed Hassan Nasrallah era um ato de justiça. Idealmente, seria uma trégua que traria outros desdobramentos, como a libertação dos reféns mantidos sob o poder do Hamas e a retomada de negociações em questões de fundo, como o estabelecimento de um Estado palestino, para reavivar a chance de estabilização do Oriente Médio e de convivência pacífica entre os povos da região. _
Opinião do leitor
Porto
Novo porto em Arroio do Sal é ideia meritória. Bilionário, mas estratégico. Mudará a cara da região, alavancando sua economia e a do RS. Temos porto na Capital. Há uma torcida para que tal estrutura se deteriore. Reativar nosso porto também é possível e impulsionaria a economia. Um não exclui o outro. Dragar o Guaíba é providência urgente. Também a Lagoa dos Patos precisa ser desentulhada. Melhoraria o escoamento da água, de cargas e até de transporte de passageiros.
Florí Machado - Advogado - Porto Alegre
Posse de ministra
Em sua posse, a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo (ZH, 28 e 29/9), destacou como desafio desmistificar que "direitos humanos são uma coisa de quem defende bandidos". A ministra sabe, como sabemos, que bandidos, enquanto humanos - não enquanto bandidos -, são tão sujeitos de tais direitos como qualquer outro cidadão. O que não dá é para "passar pano" em bandidagem a pretexto da ideia de que bandido é vítima da sociedade, cacoete do seu grupo político. É isso que a ministra também poderia desmistificar.
Jayme Eduardo Machado - Subprocurador-geral da República aposentado - Porto Alegre
Menos municípios
Concordo com o artigo de Daniel Randon "Menos municípios, mais eficiência" (ZH, 30/9). Infelizmente, esse debate não avançou no Brasil. Em 2019, o senador Oriovisto Guimarães propôs um projeto de lei para, gradativamente, incorporar municípios com até 5 mil habitantes ao município vizinho maior. Infelizmente, não avançou. Os municípios pequenos tendem a ficar às moscas, posto que os jovens procuram localidades maiores para viver e crescer; e o que fica, geração após geração, é uma casta política que recebe bem mais do que produz.
Badger Vicari - Jornalista - Francisco Beltrão (PR)
Bets
Oportuno o comentário de Rosane de Oliveira (ZH, 28 e 29/9) sobre as bets e jogatinas. Nosso Congresso, como sempre, anda a passo de tartaruga em muitos assuntos de interesse nacional. Esse caso dos jogos e as queimadas são exemplos dessa leniência. Chego a colocar em dúvida muitos fatos, ou seja, um pênalti, uma expulsão, um cartão etc. É triste chegarmos a esse ponto. Parabenizo a jornalista por abordar esse assunto. Que outros colegas do jornalismo também escrevam, para disciplinar essa área.
Moacir Piamolini - Aposentado - Porto Alegre
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