terça-feira, 10 de maio de 2022



10 DE MAIO DE 2022
+ ECONOMIA

Campus no shopping

A startup TownSq, criada por três sócios nos fundos de uma casa em Porto Alegre, foi comprada pelo fundo americano HOAM Ventures, de um veterano do setor imobiliário. Desde 2012, a TownSq se tornou uma das ferramentas mais usadas por condomínios e condôminos, com 6 milhões de usuários. E também foi às compras: papou ATG, de gestão financeira, e Community Archives, de registro de documentos de imóveis.

Era mesmo importante para o Ser Educacional entrar no Rio Grande do Sul: depois de disputar, e perder, o negócio bilionário que envolvia duas instituições de Ensino Superior do Estado, UniRitter e Fadergs, vai abrir um campus do Centro Universitário UniFael no Bourbon Shopping Wallig, em Porto Alegre.

Em vez de entrar por aquisições, optou pelo "crescimento orgânico", em parceria com a Airaz, administradora dos shoppings do Grupo Zaffari. Será a primeira unidade do UniFael a operar no modelo omnichannel (presencial e EaD). O campus vai começar no terceiro andar do shopping, para captação, atendimento e suporte temporário a alunos. Após, vai para o quarto andar. Na fase final, em área de 3 mil metros quadrados, o centro terá capacidade para até 3 mil alunos.

A venda da Laureate à Ânima foi cheia de reviravoltas: o Ser foi anunciado como comprador, depois houve novas ofertas e ações judiciais, e as unidades que incluíam UniRitter e Fadergs acabaram nas mãos dos sócios liderados por Daniel Castanho.

100%

foi a ocupação de seis unidades da rede gaúcha Intercity Hotels de 4 a 6 de maio, com o South Summit e o show da banda Metallica. O mesmo ocorreu em Caxias do Sul, com a Surdolimpíadas. Outra rede, a Master, dobrou a ocupação em Gramado, quase voltando ao pré-pandemia.

Defasagem de 20%, alta de 9%: cautela ou constrangimento?

A Petrobras fez mais ou menos o que se esperava: anunciou reajuste de 8,87% no diesel a partir de hoje, 60 dias depois do mega-aumento que provocou a queda da direção que adotou altas de 18,9% na gasolina, 24,9% no diesel e 16% no gás de cozinha. "Mais ou menos" porque o novo aumento não elimina sequer metade da defasagem, estimada em 23% pelo banco Modal e em 21% pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).

Se for por cautela, é positivo porque o preço do petróleo brent, maior referência da Petrobras, tem oscilado muito. Em poucos meses, encostou em US$ 140 e caiu abaixo de US$ 100, entre a guerra na Ucrânia e o confinamento na China. Como essa volatilidade segue variáveis incontroláveis, é prudente não repassar toda a diferença que, ali adiante, pode diminuir. Ao contrário dos Estados Unidos, onde os preços realmente variam nos postos - sobem quando o brent aumenta, mas, sobretudo, caem quanto baixa -, no Brasil redução de preço de combustível é quase lenda: pouca gente já teve chance de ver.

Se for por constrangimento, é péssimo. No sábado, o presidente Jair Bolsonaro "furou" a Petrobras ao participar da Fenasoja, em Santa Rosa. Disse que novo aumento seria "injustificável" e que "nesta semana, vocês vão conhecer um pouco mais do que é a Petrobras".

Foi mais uma manifestação de hostilidade em relação ao maior contribuinte para resultados recordes de arrecadação federal. Só faz sentido vinda de um candidato que não assume suas responsabilidades e quer passar ao eleitorado menos informado a impressão de que é uma vítima das circunstâncias.

A gasolina segue sem reajuste e com defasagem estimada em até 25%. O brasileiro médio sente mais o aumento da gasolina, ao reabastecer no posto. A alta do diesel será repassada a toda a cadeia produtiva. Afinal, o combustível que está na base de cerca de 60% de toda a movimentação de carga no país é um disseminador de inflação de primeira linha.

Entrevistar Nina Silva, CEO do Movimento Black Money, que pretende desenvolver o ecossistema afroempreendedor, no South Summit, foi um desafio. Havia filas de pessoas para fazer selfie, entregar cartão ou dar um abraço. A solução foi conversar caminhando. Nina nasceu Marina Silva no Jardim Catarina, maior favela plana da América Latina, em São Gonçalo (RJ). Hoje, é executiva de TI e uma das cem pessoas afrodescendentes com menos de 40 anos mais influentes do mundo. Arrastou uma multidão - conforme colegas que acompanharam a lotação do espaço, a maior de todas, para sua palestra no South Summit.

Fala-se muito em inclusão e diversidade na inovação, mas ainda se fala mais do que se faz?

Sim, existe um trabalho para inclusão de gênero, mas pouco ou nada se fala ou faz em relação a raça. Há melhora nos números de inclusão de mulheres em alta liderança, mas não vemos fomento para negócios geridos por mulheres. Quando se fala de inclusão, é preciso falar em autonomia. Como se faz para que empresas fundadas por mulheres tenham acesso a capital e para capacitar jovens negros, meninos e meninas, para entrar no setor de tecnologia? Incluir colaboradores ajuda na reputação da empresa e no desempenho, traz criatividade. Mas precisamos alimentar outros ecossistemas. O de inovação está em crescimento, até pelos altos índices de desemprego. As populações mais excluídas empreendem para subsistir. Precisamos apoiar esses negócios para que possam empreender por oportunidade, não só por necessidade.

Qual é a grande barreira, ainda é o racismo estrutural?

É a grande estrutura de exclusão e de manutenção desse sistema que marginaliza e mantém poder em poucas mãos. A fome, a evasão escolar, o feminicídio, a transfobia, tudo isso tem cor. Precisamos tratar a causa, não os efeitos. A gente trata muito de assistência, de cesta básica. É claro que a questão da fome precisa cessar, mas com inclusão produtiva e desenvolvimento econômico. Para isso, precisamos fomentar educação e investimento nos negócios da população que está marginalizada no país.

Que iniciativas dão resposta?

As de crédito para pequenos negócios, muitos da sociedade civil, para inclusão de mulheres e negros. É preciso incluir com intencionalidade. Sem desenvolvimento, mentoria e continuidade, é apenas um número. Precisamos de iniciativas que pensem a inclusão em níveis estratégicos das empresas. Ampliar o ecossistema também é necessário. Se a empresa tem colaboradores negros, por que não insere fornecedores negros? Por que não cria inovação aberta com startups de pessoas negras?

O que fez diferença para você?

Ter pai e mãe vivos e juntos, o que é muito diferente da maioria da população preta do país. Temos abandono de lares por uma estrutura que mata homens negros. Foi fundamental para que eu tivesse minimamente hackeado (no sentido de ter acesso ao que é fechado) o sistema.

Como você se sente em relação ao sucesso com o público?

Minha voz precisa ecoar outras vozes. Se essas pessoas estão chegando e falando ?Nina, você me representa?, é porque o trabalho está sendo feito. Não quero ecoar minha história, quero poder trazer outras à tona, para criar novas oportunidades. Quando me conecto com pessoas, falam comigo e pedem foto, é porque, minimamente, estão se vendo representadas.

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