terça-feira, 1 de outubro de 2024


01 de Outubro de 2024
INFORME ESPECIAL

Os próximos rumos do Oriente Médio

Israel aumentou muito o seu raio de ação nas últimas 48 horas, ampliando as operações militares para além do Líbano e da Faixa de Gaza. O ataque aos portos de Ras Isa e de Hodeida, utilizado pelos houthis no Iêmen, consolida três frentes de guerra: contra o Hezbollah, contra o Hamas, em Gaza, e contra o grupo extremista que tem disparado foguetes contra navios no Mar Vermelho e fronteira sul israelense. Não é exagero dizer que a guerra total já se faz presente. Talvez o único elemento que falte para um conflito de grandes proporções é a reação iraniana, prometida, mas que, até agora, ainda não ocorreu nessa fase da guerra.

Israel eliminou uma a uma as cabeças mais importantes dos grupos terroristas Hamas, Ismail Haniyeh, e Hezbollah, Hassan Nasrallah. A mais desejada das cartas do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu agora passa a ser o aiatolá Ali Khamenei, o líder espiritual do regime teocrático iraniano, herdeiro de Khomeini. O religioso, inspirador de movimentos xiitas, no grande arco fundamentalista islâmico do Oriente Médio, foi escondido em um bunker em Teerã.

Trata-se da maior demonstração de força de Israel nas últimas décadas: nem no conflito de 2006, contra a milícia libanesa, foi assim.

Obviamente, a reação dos grupos extremistas é esperada - e, por isso, Israel está em alerta no céu, no mar e nas ruas das principais cidades. A guerra ganha proporções inimagináveis justamente na semana do feriado do Ano-Novo judaico, quando, em 2023, o país foi violado pela ação do Hamas. Os próximos dias indicarão os rumos do conflito: as organizações extremistas tiveram líderes eliminados, mas ainda dispõem de força de combate. A resposta do Irã e da Síria são incógnitas. Mas linhas vermelhas foram superadas. O Oriente Médio não voltará a ser como antes. _

A maioria dos voos cancelados e a tentativa de chegar em Israel

A partir de hoje, a coluna passa a transmitir informações do conflito direto do Oriente Médio. As condições de voos são termômetro da gravidade da situação na região. A maioria das companhias aéreas cancelou os voos que têm como destino o Aeroporto Internacional Ben Gurion, em Tel Aviv. Somente empresas israelenses estão operando.

A maioria das operadoras internacionais não tem seguro para zonas de conflito.

Partindo de Florianópolis para o Rio de Janeiro, a coluna seguiria viagem para Roma, na Itália, onde faria parada, e seguiria a Tel Aviv. Com a escala cancelada, terá de ir até o Egito e deve seguir a viagem via terrestre até Israel. _

Entrevista - Rafael Rozenszajn - Major das Forças de Defesa de Israel (FDI)

"Se o exército não atuasse dessa forma, os danos seriam maiores"

A coluna conversou com major Rafael Rozenszajn, brasileiro e advogado em Israel, que atua há 16 anos nas Forças de Defesa de Israel (FDI).

As ações que estão ocorrendo são limitadas ou em várias frentes?

Israel está sendo atacado em sete frentes diferentes. No 7 de outubro, Israel foi invadido pelos grupos terroristas Hamas e a Jihad Islâmica. Foi o maior ataque da história de Israel e me permito falar que foi um dos maiores do mundo. Foram cerca de 1,2 mil pessoas assassinadas, 5,5 mil ficaram feridas e 251 pessoas foram sequestradas por faixa de trânsito. A população de Israel é de 9 milhões de habitantes, e, de cada mil pessoas no território do país, uma pessoa foi diretamente afetada. Ou seja, a cada mil pessoas, uma foi sequestrada, ficou ferida ou foi assassinada. No 8 de outubro, um dia depois, o Hezbollah decidiu se juntar ao Hamas. E, desde então, o Hezbollah já lançou em direção a Israel mais de 9 mil mísseis, foguetes e aviões não tripulados em direção ao nosso território. Em relação ao Líbano, mais de 60 mil israelenses tiveram de evacuar, porque todos os dias lançam mísseis em direção a suas casas. O exército israelense colocou um novo objetivo: trazer de volta os nossos sequestrados e desmantelar a capacidade terrorista do Hamas. E estamos fazendo tudo o que for necessário para concretizar isso.

E os civis mortos no Líbano?

Antes de mais nada, tem de ser dito que para nós, aqui no Exército de Israel, a morte ou o dano a qualquer civil é uma tragédia. Mas, para os terroristas, isso faz parte da estratégia deles. O alvo deles são nossos civis. Eles lançam foguetes em direção às casas da nossa população. Invadiram o território israelense, entraram numa festa e assassinaram 350 civis que estavam dançando. Invadiram 20 comunidades e assassinaram centenas de pessoas que estavam nas suas camas, inclusive crianças. Estupraram mulheres. Esse é o alvo deles. Em nenhum momento, os civis são os nossos alvos. Nossos objetivos são os terroristas, armamentos ou locais utilizados por eles. 

E fazemos tudo o que podemos para tirar os civis das zonas de combate e dos locais atacados. Como fazemos isso? Nós ligamos, mandamos panfletos, até entramos numa rádio no Líbano para advertir a população a sair de casa. E em todas as mídias disponíveis, avisamos para as pessoas evacuarem as zonas de combate. Não tem nada a mais que possamos fazer para minimizar os danos a civis. O exército é ético e moral, atua de acordo com as normas do direito internacional. E posso garantir que, se o exército israelense não atuasse dessa forma, os danos a civis seriam muito maiores.

O Hezbollah está mais enfraquecido?

Posso falar que foi muito enfraquecido tanto na questão da cadeia de comando da hierarquia quanto nos armamentos. Mas nos últimos dois dias, foram 110 mísseis lançados em direção ao nosso território. Quer dizer: continuam sua agressão, mesmo enfraquecidos. Estamos prontos e preparados para fazer o que for necessário para concretizar o objetivo dessa guerra, que é trazer de volta os nossos civis.

O senhor disse que Israel atua segundo o direito internacional. Os ataques a países soberanos, como o Líbano, não violam esse direito?

Israel está atuando em legítima defesa. Estamos atuando para garantir a defesa dos nossos cidadãos. Isso está totalmente de acordo com as diretrizes do direito internacional, que é o direito de defesa, também acionado para impedir futuros ataques. O Hezbollah também tinha intenção de continuar lançando mísseis, então o exército está atuando para tirar essa ameaça. É muito importante deixar claro que essa guerra não é contra o povo libanês. 

Da mesma forma como a guerra na Faixa de Gaza não é contra o povo palestino. É contra grupos terroristas que têm um objetivo: eliminar Israel do mapa, impedir de se defender, de viver em paz e poder permitir que todos os nossos cidadãos possam voltar para suas casas com segurança. O que qualquer país soberano faria numa situação como essa. 

INFORME ESPECIAL

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