terça-feira, 3 de dezembro de 2024


03 de Dezembro de 2024
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Dólar bate terceiro recorde sucessivo

No terceiro recorde seguido, o dólar fechou ontem em R$ 6,069, resultado de alta de 1,13%. No dia, houve pressões internas - ainda a preocupação com a insuficiência do pacote de corte de gastos - e externas. A boa notícia é que os juros futuros, que haviam decolado na semana passada, deram uma trégua. Ao menos por enquanto, a hipótese de aumento de um ponto percentual no juro básico ainda não é dominante.

A má é que o 0,75 ponto percentual que havia surgido como compensação agora virou consenso para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central no dia 11. Até quem considerava uma demasia já jogou a toalha:

- Dada a piora contínua das projeções e observando a curva de juros, acreditamos que a alta será maior na próxima reunião do Copom, com perspectiva de alta de 75 pontos base, fazendo a Selic fechar 2024 em 12% - afirmou o economista André Perfeito.

É a mesma avaliação de Tiago Sbardelotto, da XP Investimentos, que considera 0,75 p.p. o novo consenso informal.

No capítulo das pressões externas, o que fez o dólar subir frente a várias outras moedas foi a ameaça do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifa de 100% a países que ameacem a hegemonia da moeda americana no comércio internacional (leia mais abaixo à esquerda).

Com esse conjunto de pressões, o dólar por pouco já não quebrou uma nova barreira, embora menos relevante. A máxima de ontem foi de R$ 6,091, encostando nos R$ 6,10. Ao longo do dia, foi moderando a alta, com ajuda de declarações do futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo. Assim como na ultima sexta-feira, voltou a afirmar que não estão configuradas as circunstâncias para intervenção no câmbio:

- É uma discussão que às vezes vai surgir, de que o país tem US$ 370 bilhões de reservas, por que não segura (o câmbio) no peito? Quem está no mercado e está assistindo sabe que não é assim que funciona.

O atual diretor de Política Monetária lembrou, porém, que o Brasil usa o câmbio flutuante exatamente para enfrentar momentos de volatidade internacional, além de reservas robustas:

- São mecanismos de defesa bastante relevantes para a gente poder passar por momentos como esse. _

ecos de sábado

Em pleno sábado à tarde, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o ministro da Defesa e com os comandantes das Forças Armadas. O que se soube do encontro é que a cúpula militar quer que as mudanças previstas no pacote de gastos sejam ainda mais graduais do que o planejado. Uma das críticas de especialistas em contas públicas às medidas é exatamente a de que são graduais demais. A economia prevista é de R$ 2 bilhões.

Trump ameaça taxar em 100% Brasil e outros países do Brics

Quem ainda esperava moderação de Donald Trump pode abandonar a aba do boné Maga (Make America great again). Sem provocação conhecida, ?o presidente eleito dos Estados Unidos escreveu em uma rede social, no sábado, que os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, além de outros cinco) poderão enfrentar tarifas de até 100%. Caso se concretize, as exportações brasileiras para os EUA custariam o dobro do valor atual, ou seja, seriam inviabilizadas.

A mensagem de Trump é inquietante: "A ideia de que os países do Brics estão tentando se afastar do dólar enquanto nós ficamos parados observando ACABOU (maiúsculas no original). Exigimos um compromisso desses países de que não criarão uma nova moeda do Brics nem apoiarão qualquer outra moeda para substituir o poderoso dólar americano, ou enfrentarão tarifas de 100% e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia dos EUA".

Trump não "exige" apenas que o projeto de uma moeda paralela nas negociações internacionais seja deixado de lado. Demanda "um compromisso", ou seja, uma deliberação. Na atual correlação de forças do Brics, é improvável.

Decisão sobre tarifas não passa pelo Congresso. Será tomada com os secretários do Tesouro e do Comércio. No Tesouro, estará Scott Bessent, que fala em "reordenação econômica global" e em "manter o status do dólar como moeda de reserva mundial". No Comércio, Howard Lutnick afirmou, pouco antes da indicação, que os EUA não devem cobrar mais de seus cidadãos, mas impor "tarifas à China e arrecadar US$ 400 bilhões".

Tarifa de 100% é inimaginável. É quase o dobro da ameaça específica à China, de 60%. Ainda que não alcance esse nível ridículo, pode prejudicar exportadores. Nem Trump pode impor tarifas sem freio, sob pena de arruinar a própria economia. Estudo do Peterson Institute for International Economics indicou que uma família típica de renda média dos EUA pode gastar US$ 2,6 mil a mais por ano com uma tarifa geral de 20% e de 60% sobre as da China. _

Gaúcho deve integrar diretoria do BC

Com as novas indicações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a diretoria do Banco Central (BC), um gaúcho deve integrar o comando da instituição e, por consequência, do Comitê de Política Monetária (Copom). É Gilneu Vivan, funcionário de carreira desde 1994, que chegou a trabalhar na regional de Porto Alegre.

Vivan é formado em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e mestre pela Universidade de Brasília (UnB). No ano passado, lançou o livro As Novas Fronteiras da Supervisão, com Paula Oliveira, elogiado pelo atual presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Também foram indicados Nilton David, atual chefe de operações de tesouraria do Bradesco, para a diretoria de Política Monetária que ficará vaga com a ascensão de Gabriel Galípolo à presidência do BC, e de Izabela Correa para a de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta. A expectativa é de sabatina no Senado entre os dias 10 e 11. _

Bar de tapas à beira do Guaíba

Com aporte de R$ 1,5 milhão, um bar inspirado na Espanha abre no próximo dia 12 no Cais Embarcadero, em Porto Alegre. O Tapas y Besos terá desde tapas espanholas, como croquetas de jamón, até pratos como gambas al ajillo (camarão ao alho) e bebidas com sangria e tinto de verano, de vinho tinto e soda sabor limão.Com capacidade para até 150 clientes, a unidade terá terraço com vista para o Guaíba. _

GPS DA ECONOMIA

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