20
de dezembro de 2013 | N° 17650
ARTIGOS
- Marta Leiria Leal Pacheco*
Contagem regressiva
Chega
o mês de dezembro e é aquilo: uma contagem regressiva inevitavelmente se
instala na cabeça e nas ações das pessoas. Passou muito rápido, não deu tempo
de fazer uma porção de coisas. É como um hodômetro: queremos chegar ao final de
dezembro com a quilometragem pessoal zerada. Em primeiríssimo lugar, há as
pessoas queridas com quem queremos celebrar os últimos dias do ano só que
faltam poucos dias para tantas comemorações. Há aqueles com quem queremos nos
desculpar por qualquer coisa. Isso sem falar dos problemas que ainda
pretendemos resolver nestes poucos dias que restam até os insolúveis.
É o
momento do balanço: todos temos pendências, é só uma questão de grau. Quantas
intenções, promessas e feitos ficaram a ver navios? Mais fácil é pensar nas
pendências alheias: da Igreja, do nosso Brasil tão desigual, das cortes
internacionais...
Por
falar em religião, minha filha se preparou o ano inteiro para a crisma. Chegou
o dia da solenidade. Igreja lotada, toda restaurada (Primeiro Mundo), aquela
aura de encantamento, religiosidade e paz no ar. Fui positivamente
surpreendida. Chega o arcebispo de Porto Alegre, dom Dadeus Grings, abanando
para todos.
Chapéu
comprido com ornamentos, traje e postura dignos de um chefe de Poder Ecle-
siástico. Humano, buscou se aproximar das pessoas, parecia não se deslumbrar
com a posição alcançada. Lembrava o papa Francisco. Ao final da cerimônia,
formou-se uma longa fila para tirar fotografia com dom Dadeus. Pois não é que
esse é o nome que consta na sua certidão de nascimento? Vocacionado para a
religião desde o berço. Polêmico, tem posições firmes e faz questão de
expressá-las. Gostei! Mas as consequências para quem ousa dizer o que pensa
necessariamente vêm depois.
Todos
já se deram conta, inclusive a própria Igreja Católica, de que ela precisa se
atualizar, se aproximar das pessoas (reais, não das idealizadas e
inexistentes), falar uma linguagem mais inteligível. Se souber dialogar com
nossa alma, como o papa atual tem feito, com surpreendente maestria, certamente
amealhará mais e melhores fiéis. Isso vale para quem tem fé, para quem não tem
tanta fé e até para os desprovidos de fé. Boa meta, essa.
Restam
alguns dias para o reinício. A esta altura do campeonato, são poucos os grandes
feitos que poderemos realizar – não esqueçamos, é claro, dos vestibulandos, dos
concursandos e dos noivos de dezembro. Melhor ficar com metas plausíveis:
agradecer por tudo, celebrar a vida com as pessoas que amamos e fazer novas
promessas. Meu Natal terá menos Noel e mais Dadeus. Então é Natal. O ano
termina e nasce outra vez...
*PROCURADORA
DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RS