
GRANDE PORTO ALEGRE - Paulo Egídio
GRANDE PORTO ALEGRE
PL cresce e consolida predomínio da direita
Grande Porto Alegre
Legendas de centro mantiveram espaço, enquanto no campo político da esquerda o PDT recuou e o PT governará apenas uma cidade. Taxa de continuidade superou os 70%. Região Metropolitana da capital reúne em torno de um terço da população gaúcha
As eleições municipais de 2024 consolidaram o predomínio de partidos de direita em prefeituras da Região Metropolitana de Porto Alegre, que reúne cerca de um terço da população gaúcha. A partir de 2025, 19 dos 34 municípios desta área serão comandados por prefeitos de PL, PP, Republicanos e PRD, enquanto legendas mais à esquerda perderam espaço.
O crescimento da direita foi puxado pelo PL, que não havia conquistado nenhuma cidade em 2020 e neste ano saiu vitorioso em cinco. O feito ganhou ainda mais vulto com a vitória de Airton Souza em Canoas, segunda maior cidade da Grande Porto Alegre. O Republicanos saltou de uma para três cidades de uma eleição a outra, enquanto o PP oscilou de 11 para 10 e o PRD (ex-PTB) manteve uma.
Partidos de centro, como MDB e PSDB, praticamente mantiveram o número de municípios governados, enquanto o PDT, que havia conquistado seis no pleito anterior, ficou com três. O PT, que comandava duas cidades, manteve apenas uma, e o PSB, que havia ganhado em duas, ficou sem nenhuma.
Entre os municípios com mais de 100 mil eleitores, três estarão sob a gestão do PL (Canoas, São Leopoldo e Alvorada), enquanto dois ficarão com o MDB (Porto Alegre e Cachoeirinha), dois com o PSDB (Gravataí e Viamão) e outros dois com o PP (Novo Hamburgo e Sapucaia do Sul).
Líder em prefeituras conquistadas na região, o PP combinou o bom desempenho em colégios de menor porte, como Arroio dos Ratos e Capela de Santana, à conquista de Novo Hamburgo, maior município sob comando do partido no Estado.
Por sua vez, o PT perdeu São Leopoldo, que era a fortaleza do partido na região, e ficará somente com a prefeitura de Nova Santa Rita. O cenário é distinto do que se observava na década passada, quando o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva dominava prefeituras no eixo da BR-116, como Canoas, Esteio e Sapucaia do Sul.
Voto "seguro"
Outra marca desta eleição foi a alta taxa de continuidade, que superou os 70%. Dos 34 prefeitos, 25 conseguiram se reeleger ou fazer o sucessor.
Presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana (Granpal), o prefeito reeleito de Guaíba, Marcelo Maranata (PDT), diz que, em sua maioria, o eleitorado metropolitano optou por um voto "seguro":
- Tivemos uma quantidade grande de reeleição porque o eleitor busca por segurança e decidiu votar em quem tinha algo para mostrar.
Periferia
Avaliação semelhante é feita por Sebastião Melo (MDB), reeleito na Capital no segundo turno, para quem a alta taxa de reeleição se deu "menos por ideologia e mais por atitudes". Ao mesmo tempo, o prefeito pondera que o crescimento do PL está relacionado à mudança no voto do eleitorado das periferias:
- A periferia quer muito mais do que a política paternalista, quer liberdade econômica, quer liberdade tecnológica, quer liberdade de empreender, o cidadão quer ser dono do seu nariz. Talvez isso seja uma virada de chave, em que a esquerda ficou mais com o voto identitário e esse voto da periferia se deslocou para o centro ou para a centro-direita.
A despeito do predomínio da continuidade, uma das vitórias da oposição simboliza o avanço dos conservadores. Em São Leopoldo, Heliomar Franco (PL) venceu o PT e comandará a prefeitura a partir de 2025. O prefeito eleito, no entanto, rejeita o rótulo de "bolsonarista" e atribui a vitória ao projeto de governo apresentado à população:
- Boa parte dos eleitores às vezes vota em (Jair) Bolsonaro, outras em Lula, e muitos acabam decidindo no dia. Nessa eleição, esse centro pendeu para o lado da direita - afirma. _
Agenda comum
Os prefeitos ouvidos pela reportagem indicaram temas que exigirão atuação conjunta dos gestores municipais da Grande Porto Alegre no próximo mandato.
Sistema de proteção: acompanhamento das obras para contenção e prevenção de enchentes que serão financiadas pelo governo federal e conduzidas em conjunto com o governo estadual.
Educação infantil: integração de metodologias de ensino nas cidades da Região Metropolitana, para compartilhar experiências positivas e evitar perdas aos alunos em caso de migração de cidade.
Transporte público: atuação conjunta para que os sistemas de ônibus e outros modais municipais sejam integrados aos dos demais municípios, a fim de ganhar eficiência e reduzir custos.
Saúde pública:
atuação em prol da revisão do programa Assistir, do governo estadual,
que mudou o formato de distribuição dos incentivos hospitalares.
Prefeitos entendem que municípios da Grande Porto Alegre foram
prejudicados com a alteração.
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