sábado, 6 de dezembro de 2025


06 de Dezembro de 2025
MARTHA MEDEIROS

Que dia da semana é hoje?

Pessoas muito idosas não têm essa bênção de apenas 20 segundos de desconexão. "Que dia é hoje?", perguntam a si mesmos ao acordar, e a angústia da desinformação se prolonga. O que tenho mesmo que fazer? Alguém chegará? É uma torturante sensação de abandono. O que vai ser de mim sem poder confiar em mim? Por isso, precisam estar sempre acompanhadas por familiares ou cuidadores que as devolvam ao seu eixo central, situando-as no tempo e espaço, mesmo que isso leve algumas horas. Dependendo do comprometimento neurológico, os ponteiros do relógio avançam e a segurança não vem. Sorte dos idosos que conseguem relaxar e entregar-se a quem zela por eles. Os ansiosos se desesperam.

Neste exato momento, são 9h30 de um sábado ensolarado, vou escrever mais um pouco e depois almoçar com minha mãe no restaurante preferido dela, onde ela pede sempre a mesma coisa e damos as mesmas risadas. À tarde tentarei terminar este texto, mas o mais provável é que eu o deixe pela metade e vá jogar conversa fora com minha filha, que não mora no Brasil e veio nos visitar. É sábado, como já disse. Posso terminar o texto amanhã. Não me importo de transformar o domingo em um valoroso dia útil.

Afinal, é bom ou é ruim desconsiderar o dia da semana em que se está?

Quando é minha vez de visitar esta filha, aterrisso no país em que ela mora e, automaticamente, as quintas-feiras, as sextas, as segundas deixam de existir. Todos os dias são sábados, e cada sábado é diferente do outro. O espírito do dia é que me conduz. Não há uma rotina ordenando o que devo ou não devo fazer, não existe a rigidez do horário em que devo sair da cama. Os compromissos são outros - um brunch com um amigo, visitar um museu, pedalar pela cidade. 

A urgência é pelo encantamento com a vida, e não com a sina da sobrevivência. Que diferença faz qual é o dia da semana para quem está flanando em Paris? Às vezes, os melhores fins de semana caem numa terça-feira, como já disse a escritora Leila Ferreira. Viagens: em contraponto à nossa rotina repetitiva, elas funcionam, metaforicamente, como os 20 segundos sagrados em que não pertencemos a nenhuma engrenagem, somente ao comando da alma.

Do que concluo: ando pensando demais. Hora de fazer as malas. 

MARTHA MEDEIROS


A Reuters é uma das agências de notícias mais respeitadas no mundo. Segundo o jornalista, "no final do ano passado documentos internos projetaram que 10% do faturamento anual se deve à divulgação de propagandas, de itens proibidos e de golpes". Esses 10% correspondem a estratosféricos US$ 16 bilhões.

Os documentos revisados pela Reuters mostraram que a Meta deixou de identificar e de apagar uma avalanche de anúncios fraudulentos que expõem bilhões de usuários a esquemas criminosos de investimentos financeiros, cassinos online ilegais e à venda de remédios falsos.

Em relação aos crimes contra a saúde pública brasileira cometidos em parceria com a Meta, quadrilhas de estelionatários se apropriaram de minha imagem com tanta facilidade que chegaram a colocar à venda um curso na internet para interessados em aprender a falsificar minha voz por inteligência artificial, com a finalidade de vender tratamentos falsos. Uma matéria publicada no Uol pela jornalista Isabela Aleixo mostrou que os vigaristas tinham mais de 600 alunos matriculados.

Como já expliquei nesta coluna, fiz uma denúncia ao Ministério Público de São Paulo e pedi os préstimos do escritório de advocacia Bottini e Tamasauskas na tentativa de descobrir quem são esses meliantes. É tarefa inglória, porque a Meta se recusa a identificá-los e a legislação brasileira ainda não está preparada para enquadrá-la em nosso código penal.

Enquanto isso, milhares de pessoas ingênuas caem em golpes que as fazem comprar comprimidos de conteúdo desconhecido que apregoam curar diabetes, dor nas costas, neuropatias periféricas ou hipertensão, além de uma infinidade de suplementos alimentares inúteis e do abecedário completo de vitaminas.

A matéria da Reuters continua: "Muitas dessas fraudes partem de anunciantes suficientemente suspeitos para serem detectados pelos sistemas internos de segurança da Meta. Mas a companhia só os proíbe quando seus sistemas automatizados estimam em pelo menos 95%, o grau de certeza de que se trata de fraude".

E, mais grave: quando o usuário da rede clica numa dessas propagandas-golpe, passa a receber outras da mesma espécie, graças à aplicação dos algoritmos personalizados que se baseiam nos interesses do usuário. É um esquema armado para otimizar os lucros da empresa em sociedade com golpistas para tomar dinheiro de pessoas de boa fé.

O repórter entrevistou Sandeep Abraham, que trabalhou na Meta como investigador de segurança: "Se os legisladores não toleram que os bancos lucrem com fraudes, não deveriam tolerá-las na área da tecnologia".

Anos atrás, quando começaram a aparecer os vídeos fake usando minha imagem, tentei inúmeras vezes pedir que os tirassem do ar. Santa inocência, imaginei que tratava com gente honesta e bem intencionada. Nas raríssimas vezes em que se dignavam a responder, uma mensagem automática dizia que o vídeo obedecia às regras estabelecidas pela plataforma. Nunca derrubaram uma propaganda falsa sequer.

Na investigação da Reuters, Jeff Horowitz afirma que um documento de 2003 indica que a Meta estava ignorando a vasta maioria das queixas contra golpes: "Os funcionários da área de segurança da empresa estimavam que naquele ano os usuários do Instagram e do Facebook tenham documentado cerca de 100 mil propagandas falsas e tentativas de golpe, por semana. A Meta ignorou ou rejeitou incorretamente 96% deles".

Você poderá pensar: com tantos vídeos que chegam até eles todos os dias, deve ser impossível separar o joio do trigo. Há mais de 10 anos, tenho um canal com mais de 4 milhões de inscritos no YouTube. De acordo com o ChatGPT, as estimativas mais confiáveis são de que o YouTube publique de 2,5 milhões a 3 milhões de vídeos por dia. Nunca vi uma propaganda falsa em meu nome. Por duas ou três vezes nesses anos todos, comunicamos alguma incorreção que foi imediatamente retirada.

Se a tecnologia do YouTube consegue identificar e eliminar golpes com tamanha eficiência, por que o mesmo não acontece com o Instagram e o Facebook? A resposta está nos US$ 16 bilhões anuais que a plataforma fatura com eles. 

Drauzio Varella 


06 de Dezembro de 2025
J.J. CAMARGO

A credencial de permanência só será concedida aos que preservaram intacta a autocrítica e, desapegados de compromissos e obrigações, ainda sejam capazes de pensar por conta própria. Se o foco central do relato é a delação, a análise das características pessoais dos delatores exige uma independência de sentimentos que não existirá se o leitor estiver emocionalmente comprometido ou, pior ainda, na condição degradante de materialmente devedor.

A queixa habitual de que foram abandonados pelos seus superiores em um momento crítico de suas vidas deve ser ignorada, porque serve menos como justificativa e mais como evidência de fraqueza ou covardia. A traição deliberada dos antigos parceiros, que ingenuamente lhes confiaram segredos em nome de uma amizade superestimada, já seria desprezível, mesmo antes do descaramento de assumir a intenção explícita de salvar a própria pele.

A política brasileira, com a sua inesgotável capacidade de parir tipos nefastos, se excedeu ao produzir, nas últimas décadas, duas dessas tristes figuras, oriundas de facções diferentes, mas com a mesma pobreza de caráter. Nos dois casos, o estrago inicial foi devastador, ainda que os desfechos a longo prazo tenham sido diferentes, por conta dessa característica da justiça em países subdesenvolvidos: não há entre os nossos juízes o constrangimento de tratar a Carta Magna como uma extensão de sua própria vontade, adequando-a, monocraticamente, à conveniência momentânea.

O caso mais antigo envolveu o delator em um esquema de corrupção sem precedentes na bem ranqueada política brasileira, e, segundo seus adversários propagaram, tratou-se do maior escândalo envolvendo um governo ao longo da história. Provavelmente houve algum exagero, dada a nossa obsessão de sermos campeões mundiais em alguma coisa, especialmente depois que o orgulho pelo nosso futebol minguou.

De qualquer maneira, houve devolução dos milhões retidos, e recentemente foi replicada uma prática inusitada, introduzida no nosso país com grande sucesso: a descondenação, com anulação de todas as penas. E por quê? Porque sim. No caso mais recente, as acusações eram originais e sem denúncia de roubo, como já estávamos acostumados, não havia o que devolver. E a pena foi amenizada correspondendo ao prometido durante os interrogatórios plenos de humanismo e enriquecida por um item jocoso: o condenado não pode manter contato com os delatados! E a troco de quê manteria?

A semelhança nos dois casos fica por conta da verdadeira pena: o ostracismo, espontaneamente imposto pela vergonha da traição. E com seu algoz indefectível: o espelho. _

J.J. CAMARGO

06 de Dezembro de 2025
PARA VER - Ticiano Osório

O filme "Bugonia" (2025), em cartaz nos cinemas, reúne três nomes que já viraram figurinhas carimbadas no Oscar: a atriz Emma Stone e o ator Jesse Plemons, ambos estadunidenses de 37 anos, e o diretor grego Yorgos Lanthimos, 52

Aliens e teorias da conspiração

Três nomes que já se tornaram assíduos nas cerimônias do Oscar estão reunidos em Bugonia (2025). No filme em cartaz nos cinemas de Porto Alegre, Yorgos Lanthimos dirige a atriz Emma Stone e o ator Jesse Plemons.

O grego Lanthimos é o diretor de Dente Canino (2009), que disputou o Oscar internacional. Depois, ele concorreu ao prêmio de roteiro original, por O Lagosta (2016), e recebeu duas indicações nas categorias de melhor filme, como um dos produtores, e melhor direção, por A Favorita (2018) e Pobres Criaturas (2023).

Stone ganhou duas vezes o Oscar de melhor atriz, por La La Land (2016) e Pobres Criaturas, e foi indicada como coadjuvante por Birdman (2014) e A Favorita.

Plemons só concorreu uma vez, como coadjuvante em Ataque dos Cães (2021). Mas na última década atuou em sete indicados ao Oscar de melhor filme: Ponte dos Espiões (2015), The Post: A Guerra Secreta (2017), Vice (2018), O Irlandês (2019), Judas e o Messias Negro (2020), Ataque dos Cães e Assassinos da Lua das Flores (2023).

Os três já haviam trabalhado juntos em Tipos de Gentileza (2024), que deu a Jesse Plemons o prêmio de ator no Festival de Cannes, mas foi solenemente - e merecidamente - ignorado no Oscar. O mesmo não deve - e nem deveria - acontecer com Bugonia, comédia ácida baseada em Save the Green Planet! (2003), do sul-coreano Jang Joon-hwan.

Bugonia talvez seja a obra mais acessível de Yorgos Lanthimos, cineasta célebre por provocar desconforto, choque ou perplexidade. Mas continua sendo um filme de Lanthimos: tem um olhar misantropo e um pé no bizarro, combina senso de humor com pessimismo, crueldade e violência, examina e ridiculariza as dinâmicas e as figuras de poder.

Emma Stone encarna Michelle Feuer, CEO de uma grande farmacêutica. Capas de revistas mostram que Michelle é uma estrela do mundo dos executivos. Já no trabalho, é o pavor da área de RH. Na empresa, em nome do suposto bem-estar dos empregados, ela estabelece que todos podem ir embora às 17h30min - a não ser que estejam ocupados, tenham coisas a fazer, metas a cumprir etc. O horário de encerrar o expediente não é obrigatório: o funcionário "fica livre para decidir". O timing cômico da atriz deixa cada ponderação mais perversa.

Michelle é sequestrada pelo apicultor Teddy (Jesse Plemons) e seu primo autista, Don (vivido por Aidan Delbis, que tem autismo). Não há pedido de resgate.

Teddy acredita que Michelle é uma alienígena disfarçada, vinda do planeta Andromeda em missão maléfica. Os andromedanos estariam dizimando as abelhas, que, com seu trabalho de polinização, respondem por um terço da produção global de alimentos - "É como sexo, mas mais limpo", compara o personagem de Plemons. "Ninguém se machuca."

Os dois primos se prepararam fisicamente e "limparam o cache psíquico" para o sequestro. No cativeiro, eles cortam todo o cabelo de Michelle (Stone teve sua cabeça raspada de verdade) e besuntam seu corpo com um creme anti-histamínico, para impedi-la de enviar um sinal de socorro. Simultaneamente, Teddy exige que ela marque uma audiência com o imperador andromedano.

Não convém avançar na sinopse, mas vale dizer que há cenas perturbadoras, sobretudo quando combinadas à música de Jerskin Fendrix. Os diálogos refletem sobre o capitalismo, a polarização política e o comportamento humano - ou talvez a desumanização decorrente da ganância e do radicalismo. O enredo satiriza a tendência de nos escorarmos no chamado viés de confirmação, ou seja, buscamos e interpretamos informações que validam crenças já existentes, ignorando ou minimizando as evidências contrárias.

O filme vai ao encontro do que o pesquisador canadense Marc-André Argentino, especialista em terrorismo, extremismo violento e combate à radicalização, disse em entrevista à repórter Isabella Sander, de Zero Hora. Para ele, o movimento de extrema direita QAnon "criou uma população mais vulnerável a teorias conspiratórias" - que vão de "eleições roubadas" à associação entre o uso de Tylenol e o autismo. "É qualquer narrativa que reforce sua visão de mundo", resumiu.

Quando Don pergunta ao primo se ele tem certeza de que Michelle é uma E.T., Teddy responde: "Os sinais estão claros. Mas você só nota se estiver procurando". O apicultor também prefere achar um único culpado para os seus problemas e os do mundo, desconsiderando - de propósito ou por visão obtusa - que quase sempre as razões são multifatoriais. Não à toa, a certa altura Michelle dá-se por vencida em um debate natimorto como muitos que ocorrem nas redes sociais: "Não posso mudar sua opinião". 

PARA VER

06 de Dezembro de 2025
DIVERSÃO E ARTE

DIVERSÃO E ARTE

Música

Esteban apresenta carreira solo

Ex-baixista da banda Fresno (à dir.), Esteban faz show que une influências da música latina e do rock norte-americano, domingo, às 20h30min, no Bar Opinião. Ingressos via plataforma Sympla.

Literatura - Lançamento e contação de histórias

Beta Simon (à dir.) participa, sábado, às 12h30min, da ação BPE + Cultura, em frente à Biblioteca Pública do Estado. Na ocasião, ocorre o lançamento de seu novo livro. Entrada franca.

Adaptação - Releitura de clássico dos Irmãos Grimm

O Teatro Simões Lopes Neto, no Multipalco Eva Sopher, recebe a peça João e Maria, sábado e domingo, às 18h. Os ingressos estão disponíveis em theatrosaopedro.rs.gov.br.

Família Ramil revisita clássicos

Show - Quando: domingo, às 20h

Onde: no Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685), na Capital

Kleiton, Kledir, Vitor, Ian, Gutcha, Thiago e João Ramil retornam com o projeto Casa Ramil ao palco do Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, neste domingo, às 20h.

No repertório, interpretam suas próprias composições, como Deu pra ti, Estrela, Estrela, Artigo 5º, Amora, Vira Virou e Deixando o pago.

Os ingressos estão disponíveis a partir de R$ 120 (meia- entrada), R$ 130 (solidário) e R$ 240 (inteiro), via plataforma Sympla, com taxas. _

Teatro

Versão moderna de clássico infantil

? Está em cartaz no domingo, às 19h, o espetáculo Alice no País das Maravilhas no Teatro de Câmara Túlio Piva (Rua da República, 575), na Capital. A adaptação é do Ciaquê Centro de Sapateado, escola e produtora especializado em sapateado. Ingressos a R$ 70 (meia-entrada) e R$ 140 (inteiro), via plataforma Sympla, com taxas. _

Evento - Roda de samba ao pôr do sol

? A Fundação Iberê (Av. Padre Cacique, 2.000) e o Café Iberê, na Capital, celebram o fim de 2025 com uma roda de samba ao pôr do sol neste domingo, a partir das 17h30min. Quem comanda a apresentação é a cantora Rê Adegas, com um repertório dedicado a grandes nomes do samba, como Cartola, Dona Ivone Lara e Jorge Aragão. Entrada franca. 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025


 05 de Dezembro de 2025
MARCO MATOS

Assino embaixo

Sim, respondendo a minha própria pergunta que eu publiquei na coluna da semana passada: o abaixo-assinado ainda existe. Faz poucos dias que, numa caminhada pela Redenção, um grupo me abordou para assinar um abaixo assinado pelo fim da escala 6x1. Assinei, é claro.

Lá assinei de caneta e papel mesmo, mas a maior parte dos abaixo-assinados, agora, é digital. Mas a essência deles continua igual: reunir um grupo de pessoas numa mesma causa. É uma ótima ferramenta de exercício da democracia. Com abaixo-assinados de milhares de assinaturas é possível fazer pressão nas instituições e promover mudanças importantes. Petições públicas podem mudar o rumo do país e se tornar assunto nos corredores do poder.

Por curiosidade, fui pesquisar os abaixo-assinados mais assinados do país!

O líder desse ranking é justamente um abaixo-assinado em defesa da Amazônia. Foram mais de 6 milhões de assinaturas num período de 5 anos em que esse abaixo-assinado correu o país.

Os outros populares foram sobre o impeachment da ex-presidente Dilma, contra os aumentos de salários de ministros do STF e juízes, pela prisão após condenação em 2ª instância. Temas populares e que também reuniram milhares e milhares de assinaturas.

Mas será que eles funcionam? Sim, e muito! A Constituição prevê que um projeto de lei pode nascer de um abaixo-assinado com pelo menos 1% do eleitorado nacional. Parece difícil, mas já aconteceu: leis importantes surgiram assim, como a Lei da Ficha Limpa, fruto de mobilização popular.

O que me chama atenção é que, mesmo com redes sociais e hashtags, o velho ato de assinar continua sendo poderoso. É um gesto simples, mas que carrega significado: dizer "eu me importo". Quando milhões se unem, governos ou empresas não podem ignorar. O abaixo-assinado pela Amazônia, por exemplo, levou mais de 6 milhões de vozes até o Ministério do Meio Ambiente e abriu diálogo sobre políticas públicas.

Talvez a gente precise resgatar esse espírito coletivo. Não é só opinião, é ação. Então, se alguém te parar na rua com uma prancheta ou te mandar um link pedindo apoio, pense duas vezes antes de ignorar. Pode parecer pouco, mas é assim que grandes mudanças começam: com uma assinatura. _

MARCO MATOS

05 de Dezembro de 2025
OPINIÃO RBS

OPINIÃO RBS

Poderes em rota de colisão

A decisão desarrazoada do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes que dificulta o impeachment de membros da Corte é uma tentativa de autoblindagem e invasão das competências do Senado. Mas deve ser lida em um contexto. Trata-se de só mais um sinal da degradação das relações entre os poderes e de desapego aos princípios que deveriam norteá-las. Onde teria de reinar um equilíbrio entre independência e harmonia, grassam distorções, retaliações e a busca por proteção. Os limites da usurpação de prerrogativas alheias são costumeiramente testados. É um caminho perigoso, de corrosão dos pilares da República, o que exige correção de rota.

De forma monocrática, Mendes decidiu que apenas a Procuradoria-Geral da República pode pedir o impeachment de ministros do STF. Hoje cidadãos comuns têm essa possibilidade. Cabe ao presidente do Senado aceitar a denúncia, o que nunca ocorreu. O ministro também definiu que, para o pedido tramitar, são necessários dois terços dos votos da Casa, e não mais maioria simples. A decisão passará pelo plenário da Corte, onde deve ser melhor examinada. O caminho adequado é o Congresso atualizar a Lei de Impeachment, de 1950.

Por óbvio, o movimento de Mendes tem uma razão. E o motivo é reflexo da radicalização política. No caso, existe a possibilidade de o Senado ter maioria bolsonarista a partir da eleição de 2026, o que abriria maiores chances de impedimento de ministros da Corte. É notória a disposição de apoiadores do ex-presidente, irresignados com a atuação do STF, de remover o ministro Alexandre de Moraes do Supremo. Também há no Congresso revolta com o ministro Flávio Dino e o seu trabalho para disciplinar a farra das emendas parlamentares. A decisão de Mendes que coloca os ministros como quase intocáveis é tão descabida quanto as motivações para ameaçar os membros do Supremo.

A indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para o STF é sintoma da mesma doença. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma nova escolha pelo critério criticável da confiança pessoal, e não pelo alto saber jurídico. Busca proteger a si e ao governo, na mesma linha da indecorosa PEC da Blindagem, felizmente sepultada. Isso reforça a percepção de parcela dos brasileiros de que o STF é parte da polarização, e não apenas o guardião da Constituição. Mas a prerrogativa da indicação é do presidente da República. Assim, também é inadequada a reação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, de retaliar com pautas-bomba - prejudiciais ao país - pelo fato de o seu preferido para a Corte, o senador Rodrigo Pacheco, ter sido preterido. Ao Senado cabe aceitar ou reprovar a indicação, mas não invadir a prerrogativa do Planalto. Seria um precedente temerário diante do fortalecimento do Congresso ante o Executivo nos últimos anos.

Em uma república hígida, nenhum poder tem forças demais. Um fiscaliza e acompanha o ato dos demais, impondo limites de forma equilibrada. É o que se define como o sistema de freios e contrapesos da democracia, mecanismo que hoje mostra defeitos de funcionamento diante da precedência de interesses político-eleitorais e corporativos e da polarização exacerbada. Convém, com diálogo institucional, buscar a conciliação. 


05 de Dezembro de 2025
ECONOMIA

ECONOMIA

Dados do PIB mostram atividade em desaceleração

Economia

A pouco menos de uma semana da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), dados divulgados ontem pelo IBGE mostram uma economia brasileira em desaceleração. O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre cresceu 0,1% em relação ao segundo trimestre e atingiu o maior patamar já registrado.

Ao mesmo tempo, o Brasil deixou de ser uma das 10 maiores economias do mundo em termos de PIB, descendo para a 11ª posição, divulgou a agência de classificação de risco Austin Rating.

O resultado de 0,1% reforça a possibilidade de corte da taxa básica de juro no começo do próximo ano. No primeiro trimestre do ano, a alta ante o último trimestre de 2024 foi de 1,5%. Já na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2025, a expansão ficou em 0,3%.

No acumulado de quatro trimestres, o PIB teve expansão de 2,7%. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o instituto, o PIB chega a R$ 3,2 trilhões.

Setores

Na passagem do segundo para o terceiro trimestre, a indústria apresentou o maior crescimento (0,8%), seguida pela agropecuária (0,4%). O desempenho dos serviços, que representam o maior peso no PIB, ficou praticamente estável 0,1%.

Pelo lado das despesas, o consumo das famílias (0,1%) ficou praticamente estável e o consumo do governo avançou 1,3%.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador que mede o aumento da capacidade produtiva de um país por meio de investimentos, subiu 0,9%. As exportações contribuíram com avanço de 3,3% e as importações recuaram 0,3%.

Assim como o PIB atingiu o maior patamar já registrado, a agropecuária, os serviços e o consumo das famílias também alcançaram nível recorde. Por outro lado, a indústria se encontra 3,4% abaixo do nível mais alto, atingido no terceiro trimestre de 2013.

De acordo com Claudia Dionísio, gerente de Contas Nacionais no IBGE, um dos principais fatores que levam à desaceleração da economia é a política monetária restritiva, ou seja, o patamar alto dos juros. Entre as atividades mais afetadas, ela cita a indústria de transformação (segmento que transforma matéria-prima em produto final ou intermediário), investimentos e o consumo das famílias, "que tem relação com o crédito", justifica.

No entanto, a pesquisadora aponta que fatores como mercado de trabalho aquecido, aumento da renda dos trabalhadores e da massa salarial e programas assistenciais de transferência de renda aceleram a economia, de certa forma "mitigam um pouco os efeitos contracionistas". O Brasil tem registrado nos últimos trimestres os menores índices de desemprego já apurados.

Já a pesquisadora Rebeca Palis, do IBGE, aponta que a alta das exportações mostra que o tarifaço norte-americano, iniciado em agosto, teve impacto localizado. No caso da soja, por exemplo, parte das vendas foi direcionada para a China, acrescenta Claudia Dionísio. _

Variação do PIB no terceiro trimestre ante o segundo trimestre

Pela produção

Indústria 0,8%

Agropecuária 0,4%

Serviços 0,1%

Pela demanda

Consumo das famílias 0,1%

Consumo do governo 1,3%

Formação bruta de capital fixo 0,9%

Exportações 3,3%

Importações 0,3%



05 de Dezembro de 2025
EM FOCO -  Carlos Rollsing

Decisão de Gilmar eleva tensão entre Congresso e STF

A decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender artigos da Lei do Impeachment, jogou querosene na fogueira das tensões institucionais, em especial com o Poder Legislativo.

No Senado e na Câmara, o ato de Gilmar colheu críticas. Houve forte reação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou projeto de lei que restringe decisões monocráticas de ministros contra leis aprovadas pelo Congresso.

No modelo que teve itens suspensos, qualquer cidadão pode apresentar pedido de impeachment contra ministros e cabe ao Senado processar e julgar a denúncia. Pela decisão de Gilmar, torna-se atribuição exclusiva do procurador-geral da República (PGR) a apresentação de denúncia. Isso deixa o Senado a reboque da PGR, em uma alegada redução de poderes, além de alijar cidadãos e os próprios parlamentares da apresentação de requerimentos de cassação.

É o ponto mais nevrálgico da crise e que enseja críticas por suposta afronta à Constituição.

- Concentrar a iniciativa do impeachment nas mãos do PGR retira qualquer possibilidade de alguém do povo exercer um dos papéis fundamentais da cidadania, de provocar o exame da legalidade de atuação de uma autoridade - diz o advogado Andrei Zenkner Schmidt, com atuação no STF.

Extrapolação de papel

Uma contestação que vem desde outros tempos contra o STF voltou a ganhar força: a de que, em determinados julgamentos, ministros modificam itens de leis vigentes.

Isso extrapolaria a atribuição do magistrado de interpretar a norma, ingressando na seara de reescrevê-la, o que é um papel do legislador.

- Caso prevaleça a nova regra, o Senado terá de demandar a PGR para processar o ministro do STF. Perderia a competência privativa. Se aceitarmos a ideia de que o Judiciário pode alterar a Constituição, teremos uma juristocracia no Brasil - afirma Fernando Schüler, cientista político e professor do Insper.

Na mesma decisão, Gilmar estabeleceu a exigência de dois terços dos votos dos senadores para a abertura do processo contra os ministros. Atualmente, a exigência é de maioria simples. O magistrado também entendeu que não é possível instaurar procedimento por discordar do mérito das decisões de um magistrado.

Schmidt considera plausível a impossibilidade de impeachment por discordância quanto ao mérito.

- Isso é importante para a independência dos poderes. Uma decisão do STF, mesmo que desaponte a população, não pode justificar impeachment. Seria o chamado crime de hermenêutica - diz Schmidt.

Schüler tem visão oposta e cita a necessidade de o STF manter-se sob controle do Senado, dentro do sistema de freios e contrapesos da República.

- O mérito de uma decisão do ministro pode ferir a Constituição. Por que isso não poderia configurar um crime de responsabilidade? Nem tudo se resume à mera divergência interpretativa - diz. _

Também ontem, Gilmar negou um pedido apresentado pela Advocacia-Geral da União (AGU) para que recuasse da decisão. _

Nova correlação de forças amplia disputa política

A decisão de Gilmar acontece em contexto político de contínua pressão das bancadas bolsonaristas pelo impeachment de ministros. A eleição de 2026 poderá ampliar esse risco, diante da hipótese de crescimento da bancada anti-STF.

Somente o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo da tentativa de golpe de Estado, é alvo de 41 pedidos de impeachment, apresentados por cidadãos comuns e por parlamentares.

- Existe uma questão política que não podemos negar. O bolsonarismo está em campanha contra o STF e tem o objetivo de punir alguns ministros. Ao mesmo tempo, isso não dá ao STF a prerrogativa de reescrever a Lei do Impeachment - comenta Leonardo Avritzer, professor titular aposentado do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Para ele, "o ideal" seria a decisão de Gilmar "forçar" a revisão da Lei do Impeachment no foro adequado, o Congresso. Isso permitiria modernizar a lei com a acolhida de pelo menos parte da decisão liminar, conferindo maior equilíbrio para o mecanismo.

Já Schüler avalia que o Senado é uma casa política, aspecto inerente à democracia e que não justificaria "blindagens":

- Um contexto político não pode induzir uma mudança na estrutura da República com impacto de longo prazo. Seria aceitar a lógica de que os fins justificam os meios, o que não é republicano.

Busca por equilíbrio

Existe uma nova correlação de forças no Brasil, entende Avritzer. O Executivo historicamente é o mais forte por ter amplas prerrogativas, mas o Judiciário e Legislativo se fortaleceram nos últimos anos. A magistratura foi alavancada em julgamentos de caráter histórico, desde a Lava-Jato até as normas da pandemia e a tentativa de golpe. E o Congresso galgou um protagonismo inédito com a ampliação da fatia das emendas ao orçamento no governo Bolsonaro.

- O objetivo, pelo menos para o bem da democracia, é os poderes encontrarem um novo equilíbrio, e não ficarem disputando entre si para ver quem é o mais forte - diz Avritzer. 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025


04 de Dezembro de 2025
ROGER LERINA

Espelho, espelho meu

Estamos na metade da década de 2020, mas nossa cabeça ainda é parecida com a que a gente tinha em meados dos 1990. A conclusão está no recém-lançado Brasil no Espelho (Globo Livros, 224 páginas), escrito por Felipe Nunes, cientista político e sócio-fundador da Quaest. O livro apresenta e interpreta o extensivo levantamento que a empresa de pesquisas realizou entre novembro e dezembro de 2023, questionando quase 10 mil brasileiros de todos os Estados a respeito de suas crenças, valores e ideias.

Segundo o estudo da Quaest, o país estava se abrindo nos anos 2000 para visões mais progressistas em temas como diversidade e direitos humanos. No entanto, nos últimos 10 anos, a emergência de problemas econômicos, turbulências políticas e fenômenos como a pandemia de covid-19 e a aceleração da vida fragmentada pelas redes sociais alimentou uma sensação de insegurança e instabilidade que fez o brasileiro voltar-se a valores mais conservadores. Religião, família e tradição - que nunca deixaram de ocupar um lugar de destaque no nosso ideário - voltaram então para o centro do palco.

O diagnóstico, no entanto, não poderia ser unívoco em uma sociedade tão complexa e contraditória como a nossa. A pesquisa define nove segmentos identitários a partir das crenças e interesses identificados nessa amostra tão heterogênea. O maior grupo é o dos conservadores cristãos, com 27% dos entrevistados. Já a extrema direita, segundo o trabalho, corresponde a 3% do total. Por outro lado, os qualificados como progressistas seriam 11% e os militantes de esquerda, 7%. Entre os extremos, haveria um punhado de segmentos flutuantes, atualmente mais embicados para a centro-direita.

Os dados levantados pela pesquisa se prestam a uma miríade de interpretações. As conclusões podem ser objetadas, e o panorama talvez até já tenha mudado de 2023 para cá. Com boa vontade, dá para vislumbrar alguma esperança: a geração "ponto com", como a maior pesquisa desse tipo já feita no Brasil nomeia quem nasceu depois de 2000 - em contraposição à chamada geração "bossa nova" -, define-se como mais tolerante e aberta à pluralidade. Tomara que essa visão realmente se imponha, porque, na contramão do que cantava Belchior, não somos mais os mesmos e nem vivemos como nossos pais. 

ROGER LERINA


04 de Dezembro de 2025
DADOS DO IBGE

DADOS DO IBGE

Pobreza no Brasil atinge menor índice desde 2012 -Dados do IBGE

Mais de 8,6 milhões de brasileiros deixaram a linha da pobreza em 2024. A proporção da população nesta condição caiu de 27,3% em 2023 para 23,1%, o menor nível registrado desde 2012, quando começa a série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2024, o Brasil tinha 48,9 milhões de pessoas que viviam com menos de US$ 6,85 por dia, o que equivale a cerca de R$ 36,61 na cotação atual. Esse é o limite que o Banco Mundial define como linha da pobreza. Em 2023, esse contingente era de 57,6 milhões.

Os dados foram divulgados ontem. Em 2012, a proporção era de 34,7%. Em 2019, chegou a 32,6%. No primeiro ano da pandemia (2020), foi reduzida a 31,1% e chegou ao ponto mais alto da série em 2021, com 36,8%. Desde então, vem caindo.

No último ano, o Brasil também reduziu a extrema pobreza - pessoas que viviam com renda de até US$ 2,15 por dia, cerca de R$ 218 mensais em valores corrigidos para o ano passado. De 2023 para 2024, esse contingente passou de 9,3 milhões para 7,4 milhões, ou seja, 1,9 milhão deixaram a condição.

Essa evolução fez com que a proporção da população na extrema pobreza recuasse de 4,4% para 3,5%, a menor já registrada. Em 2012, eram 6,6%.

Desigualdades

Os números do IBGE deixam clara a desigualdade regional. Tanto a pobreza quanto a extrema pobreza no Norte (35,9% e 4,6%, respectivamente) e no Nordeste (39,4% e 6,5%) superam a taxa nacional.

Outra desigualdade evidenciada é a racial. Na população branca, 15,1% eram pobres, enquanto 2,2% estavam na extrema pobreza. Entre os pretos, a pobreza chegava a 25,8% e a extrema pobreza, a 3,9%. 


04 de Dezembro de 2025
TENSÃO ENTRE PODERES

TENSÃO ENTRE PODERES

Gilmar decide que só a PGR pode pedir impeachment de ministros

Magistrado concedeu liminar monocrática, sob alegação de risco de "intimidação". Legislação previa que qualquer cidadão poderia denunciar integrantes da Corte ao Senado. Decisão, que ainda passará pelo plenário virtual, deflagrou nova crise com o Congresso, que alega interferência

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu ontem que somente a Procuradoria-Geral da República (PGR) pode pedir o impeachment de membros da Corte. A decisão foi apontada por integrantes do Congresso como tentativa de blindagem do Judiciário.

Gilmar suspendeu, de forma monocrática e por meio de liminar, trechos da Lei do Impeachment, de 1950, incluindo um artigo que estende a qualquer cidadão o direito de denunciar ministros do Supremo ao Senado por eventuais crimes de responsabilidade.

O magistrado também suspendeu o artigo que estabelece que a abertura de processos de impeachment contra ministros depende de maioria simples no Senado, e estabeleceu que é necessário um quórum maior, de dois terços (54 votos).

Os demais ministros ainda vão analisar a decisão, no plenário virtual, a partir do dia 12.

Nos últimos anos, grupos políticos de direita se movimentam para formar, no Senado, a partir da eleição de 2026, uma composição capaz de fazer avançar processos de impeachment de ministros.

Na decisão, Gilmar alegou risco de ameaça ao Judiciário. "A intimidação do Poder Judiciário por meio do impeachment abusivo cria um ambiente de insegurança jurídica, buscando o enfraquecimento desse poder, o que, ao final, pode abalar a sua capacidade de atuação", escreveu.

A liminar foi concedida no âmbito de duas ações, ajuizadas pelo partido Solidariedade e pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que tratam sobre artigos específicos da Lei do Impeachment.

"Usurpar prerrogativas"

Uma das reações partiu do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). No plenário da Casa, Alcolumbre afirmou que a decisão "tenta usurpar as prerrogativas do Poder Legislativo". Segundo ele, uma alteração na legislação desta natureza não pode ocorrer por meio de decisão judicial monocrática:

- Não é no mínimo razoável que uma lei votada nas duas casas legislativas e sancionada pelo presidente da República seja revista por um único ministro.

Na Câmara, o Novo começou a coletar assinaturas para apresentar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que garanta que qualquer cidadão possa pedir impeachment de ministros.

- Novamente alguns ministros do Supremo tentam rebaixar e usurpar a função do Poder Legislativo, sem qualquer justificativa constitucional. Esta PEC é um meio para restabelecer o equilíbrio entre os poderes - afirmou o líder da legenda, Marcel van Hattem (RS). 

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Quadro perdido de Jesus na cruz é encontrado e leiloado por R$ 18 milhões

Obra do pintor Peter Paul Rubens, datada de 1613, foi reencontrada no ano passado

Obra do pintor Peter Paul Rubens, datada de 1613, foi reencontrada no ano passado

IAN LANGSDON/AFP/JC
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Agência Uma pintura há tempos considerada perdida do pintor Peter Paul Rubens (1577-1640) foi vendida num leilão na França por 2,94 milhões de euros (R$ 18,2 milhões na cotação atual). As informações são da revista alemã Der Spiegel.
A obra "Cristo na Cruz" foi encontrada em ótimo estado de conservação no ano passado, pela casa de leilões Osenat, em Versalhes, durante o inventário de uma mansão parisiense que estava à venda. O valor arrematado foi bem superior ao preço estimado, de 1 a 2 milhões de euros.
Segundo Jean-Pierre Osenat, diretor da casa de leilões, o quadro foi pintado em 1613, no auge da carreira de Rubens. A obra de 1,06 m x 73 cm mostra Jesus crucificado diante de um céu escuro de tempestade, com a cidade iluminada de Jerusalém ao fundo.
"É o início da pintura barroca: Cristo na cruz aparece isolado, luminoso e nitidamente recortado contra um céu escuro e ameaçador", disse Jean-Pierre Osenat, diretor da casa de leilões Osenat.
A autenticidade da pintura foi confirmada por Nils Büttner, alemão especialista em Peter Paul Rubens e presidente do Centrum Rubenianum, um centro de pesquisa e documentação na Antuérpia dedicado à obra de Peter Paul Rubens e de seus contemporâneos flamengos do século XVII. Foram feitas radiografias e análises de pigmentos para a avaliação.
Rubens produziu muitas obras para igrejas, mas este quadro foi provavelmente feito para um colecionador privado, segundo a Der Spiegel. No século XIX, pertenceu ao pintor francês William Bouguereau e, depois, aos proprietários da mansão parisiense onde foi redescoberto.

Peter Paul Rubens foi um importante pintor flamengo, um dos maiores representantes do Barroco na Europa do século XVII. Nasceu em Siegen (Alemanha), no dia 28 de junho de 1577, e radicou-se com a família em Antuérpia (Bélgica), onde faleceu em 30 de maio de 1640. 

 Noite dos Museus leva 250 mil pessoas às ruas de Porto Alegre

Casa de Cultura Mario Quintana é um dos espaços que integra o evento

Casa de Cultura Mario Quintana é um dos espaços que integra o evento

Nathan Lemos/JC
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Cássio Fonseca
Cássio FonsecaA largada da Noite dos Museus, no Centro Histórico de Porto Alegre, se misturou com o movimento acentuado da região em um dia ensolarado. Só que com a abertura das portas das casas históricas, às 18h, o cenário ficou ainda mais vivo. Os museus, prontos para receber o público, já tinham filas extensas antes do pôr do sol.

Na Praça da Alfândega, principal ponto do evento, o palco montado concretizou a promessa de uma noite tradicionalmente iluminada e enérgica na Capital. O rapper Emicida, que recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Ufrgs no último sábado, marcou presença durante o show de Rashid, atração final do evento.

Para o curador do evento, Roger Lerina, o clima contribuiu. O dia de sol, mas sem aquele calor estonteante, tira as pessoas de casa com a expectativa de uma noite igualmente agradável.
A pluralidade do evento e as entradas gratuitas em todos os locais celebram, em suas palavras, a democracia. “Teremos mais de 100 atrações em cerca de 40 espaços de arte e cultura de memória de patrimônio aqui da capital gaúcha”, conta.

E sobre essa diversificação, ele relata que a organização do evento busca chamar a atenção para o principal motivo da existência da Noite dos Museus, que é aproximar a comunidade das suas instituições de arte e cultura, com memória e conhecimento. “Mas sabemos que um show musical, uma apresentação de performance de teatro, de dança, de circo, tem uma atração muito forte para o público. É uma maneira de chamar ainda mais pessoas para virem curtir esses espaços”, afirma.

Lerina frisa a importância de abranger várias partes da cidade e afirma que essa sempre foi uma preocupação, de tentar descentralizar e contemplar outras regiões. Neste ano, 12 bairros de Porto Alegre foram contemplados. E uma atração inédita foi o Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP). A programação incluiu shows musicais e a exposição inédita “São Pedro Faz Parte”.

Conforme a Brigada Militar e a organização do evento, 250 mil pessoas compareceram à edição de 2025 da Noite dos Museus.