sexta-feira, 4 de abril de 2025


04 de Abril de 2025
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

Trump de olho na sala de imprensa

Nada contra novos veículos de comunicação ou influenciadores terem acesso às coletivas de imprensa de um governante. O que não é saudável para a democracia é o próprio governo escolher quem pode e quem não pode cobrir seu mandato. É o que a administração Donald Trump está pensando em fazer, segundo admitiu a secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, na segunda-feira.

Historicamente, o mapa de assentos da famosa James S. Brady Press Briefing Room, a sala onde ocorrem as entrevistas coletivas da sede da presidência americana, é definido pela Associação dos Correspondentes da Casa Branca (WHCA). Conforme Karoline, o governo pretende assumir essa função.

O argumento do governo é que a atual configuração do corpo de imprensa não traduz a diversidade do atual ecossistema de comunicação nos EUA. Leia-se: "Há veículos de jornalismo por demais críticos a Trump, precisamos de jornais favoráveis ao governo".

Nas primeiras fileiras, costumam estar jornalistas de grandes emissoras de TV, como CNN, NBC, Fox News, de agências internacionais e de jornais, como The New York Times, The Washington Post e The Wall Street Journal.

Mas não basta só aumentar o número de cadeiras? O espaço é pequeno, dirá a Casa Branca. São 49 lugares. Mas o real motivo da eventual mudança não é esse.

Trata-se de um novo passo de Trump para tentar controlar a informação. Recentemente, a Casa Branca já assumiu atribuições que eram da WHCA, como escolher os órgãos de imprensa que podem - e principalmente os que não podem - viajar no avião presidencial e os veículos que podem adentrar no Salão Oval.

Nesses casos, incluiu jornais que, em muitos casos, fazem cobertura favorável a Trump. Em outra investida contra o jornalismo profissional, o governo tem impedido acesso de repórteres da Associated Press a eventos presidenciais porque a empresa se nega a chamar o Golfo do México de "Golfo da América", conforme determinado por Trump. _

Gaúcho é nomeado Campeão de Alto Nível da COP30

Natural de Porto Alegre, o empresário Dan Ioschpe foi nomeado Campeão de Alto Nível do Clima da COP30 - Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Ioschpe apoiará a presidência da conferência nas agendas do evento, liderando esforços para fortalecer ações climáticas.

No mandato de dois anos, será o elo entre o setor privado e os compromissos estabelecidos pelos governos. Ioschpe nasceu em 1965 e é formado em Comunicação Social pela UFRGS, com pós-graduação em Marketing na ESPM-SP e MBA em Tuck, no Dartmouth College, nos EUA. Entre outros títulos, é presidente do Conselho de Administração da Iochpe-Maxion e membro dos conselhos de administração de WEG, Marcopolo e Embraer. _

Entrevista - André Daniel Reinke - Teólogo, historiador e autor do livro "Paixão Por Israel"

"Há um imaginário evangélico, que vê Israel como um bastião do conservadorismo"

Nos últimos 150 anos, evangélicos têm demonstrado, pelo mundo, aproximação com Israel. No Brasil, também. Na obra Paixão Por Israel (editora Thomas Nelson Brasil), o teólogo e historiador André Daniel Reinke explora as razões desse fenômeno.

Por que os evangélicos são apaixonados por Israel?

A minha tese é porque são apaixonados pela Bíblia. As narrativas da Bíblia se cruzam com as dos evangélicos, que constituem sua identidade, e que encontram outras, que são de judeus e do Estado de Israel. São diferentes narrativas que acabam se cruzando em função da origem, a Bíblia.

É um fenômeno recente?

São níveis diferentes. Existe um interesse mais antigo, que tem essa base escatológica, que coloca um papel muito importante em relação ao final dos tempos.

A ideia da Jerusalém eterna, do juízo final?

Sim, do retorno de Jesus, essa ideia escatológica do final dos tempos, do reino de Deus. O reino de Deus não é uma questão literal, um governo em Jerusalém, mas sim Cristo governando o mundo todo, num reino eterno. Mas, com o movimento político do sionismo, a partir do final do século 19 e que se consolida com a formação do Estado de Israel, em 1948, surge essa nova expectativa, que acaba associada a narrativas bíblicas: o entusiasmo, como se o Evangelho estivesse se cumprindo de uma maneira literal, que, antes, não se imaginava.

Em que momento a bandeira de Israel começou a ser utilizada pelos evangélicos em eventos políticos?

Esse fenômeno é muito mais comum no meio pentecostal e neopentecostal. Há um imaginário evangélico, que entende Israel como uma espécie de bastião do conservadorismo e da direita. Grande parte do mundo evangélico é de direita, é conservador. Imagina-se muito que esse reino de Deus é também conservador. Só que aí é a função do imaginário. Israel não é um país conservador, pelo contrário, é muito progressista. Mas, no imaginário, funciona como essa espécie de ponta de lança no Oriente Médio, da civilização ocidental desse mundo conservador, contra os inimigos ao redor, que são quase que uma espécie de esquerda.

Há judeus que se incomodam quando ocorre a apropriação de elementos de sua fé pelos evangélicos. O senhor tem alguma reflexão sobre essa questão?

No livro, entrevistei rabinos, e me falaram isso. Há um desconforto sobre o uso da simbólica judaica, dos rituais, das festas e dos termos. Um rabino chegou a comentar sobre apropriação cultural. Discordo, porque para isso deveria ter uma relação de poder estabelecida, e não é o caso. Como (aqui no Brasil) não há esse relacionamento, o evangélico se aproxima desses símbolos muito pela leitura, literatura, pela internet e por olhar de longe. Vai se aproximando e usando, até de maneira indevida.

Além dessa ênfase escatológica, há outro detalhamento. Qual seria?

É mais nesse imaginário do uso da simbólica judaica. Como se "compartilhamos os símbolos, então estamos do lado deles". A razão é outra. Inclusive esses grupos não se dão. O que é dispensacionalista tem pavor desse uso simbólico do mundo judaico. Outros acham que a doutrina cristã corrompeu a original que era mais judaica. É um mundo em guerra também. O mundo evangélico hoje está em pé de guerra internamente. Israel está na ponta dessa guerra também. _

INFORME ESPECIAL

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