Ranzolin sai de cena, mas fica para sempre na história do
rádio. Conheci o grande narrador em 1982 e tive medo de não estar à altura
quando entrei no Gaúcha Atualidade
Até julho de 1982, Armindo Antônio Ranzolin era para mim uma
voz. E que voz! Limpa, agradável, potente. Suas narrações inigualáveis de jogos
de futebol chegavam a todos os cantos do Rio Grande do Sul, por ondas médias ou
curtas, naqueles tempos que precederam a internet. Às vésperas de completar 22
anos, fui trabalhar na Rádio Guaíba e a voz transformou-se numa instituição.
Ranzolin era o diretor e trabalhava muitas vezes com a porta aberta, numa
salinha à direita da redação.
Quando souberam do novo emprego, meus parentes e conhecidos
me perguntavam se eu conhecia o Ranzolin. Enchia o peito de orgulho para dizer
que sim, que passava pela sala dele todos os dias quando chegava para trabalhar
ou saía para ir até o bar da Maria tomar café. Aproveitava para contar que
muitas vezes sentava num banquinho ao lado do poeta Mario Quintana e que ele
comia ovo frito com café preto. Na minha aldeia, poucos sabiam quem era
Quintana, mas o Ranzolin era uma entidade.
Dez anos depois, nos reencontramos nos corredores do prédio de Zero Hora e Rádio Gaúcha, mas eu era de jornal e nem imaginava trabalhar em rádio. Em dezembro de 2003, quando José Barrionuevo saiu da empresa para ser consultor, fui escalada para substituí-lo na Página 10 e no comentário que fazia no Gaúcha Atualidade. Como eu já escrevia diariamente, a coluna seria uma ampliação do meu trabalho, mas fazer um comentário no programa comandado por Ranzolin me fez perder o sono. Ele era grande demais para nós mortais.
Quatro meses depois de Ranzolin encaminhar a sua
aposentadoria, novo susto: eu formaria um trio com André Machado e Ana Amélia
Lemos para substituir um homem insubstituível. Lá se vão 15 anos daquele abril
de 2007, quando li, tremendo nas bases, o editorial de Zero Hora, uma das
antigas tarefas do Ranzolin.
Foi nas bodas de ouro do nosso querido Lauro Quadros e da dona Maria Helena que percebi o primeiro sinal de que a memória privilegiada de Ranzolin estava indo embora. Dei carona a ele e dona Iara da igreja até o local da festa e ele não me reconheceu. Dona Iara sempre afetuosa tentava evitar que ele se constrangesse, dizendo na frente quem era q
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