sábado, 28 de setembro de 2024


28 de Setembro de 2024
CAPA

Novas diretrizes

As principais alterações no regulamento do Miss Universo começaram em 2012, ano em que a competição completou 60 anos. Naquela edição, passou a ser permitida a participação de mulheres transgênero. A primeira a se classificar foi a modelo Angela Ponce, representante do Miss Espanha, em 2018.

A maior leva de mudanças, no entanto, ocorreria mais tarde, em 2022, quando a empresária tailandesa Anne Jakapong Jakrajutatip, uma mulher trans, comprou a Miss Universe Organization, empresa que detém o concurso. Figura de destaque da televisão local e defensora dos direitos LGBT+, ela foi a primeira mulher a assumir a direção da disputa. Na sua gestão, foi estabelecido que mulheres casadas, divorciadas, grávidas e mães poderiam participar do Miss Universo a partir de 2023.

Um dos momentos mais emblemáticos das regras anteriores do concurso para o Brasil foi em 2002, quando a gaúcha Joseane Oliveira teve seu título retirado após ser revelado que era casada. Agora, reconhece Luana Cavalcante, o trabalho de Anne lhe possibilitou tirar do papel os planos de ser miss:

- Graças às mudanças de regras que ela propôs, hoje mulheres como eu têm infinitas possibilidades pela frente. Expresso o meu profundo respeito e agradecimento a ela, que é uma mulher visionária.

Para alguns missólogos e admiradores do universo miss, as novas diretrizes vão contra a essência da franquia, enquanto outros enxergam que as alterações são um avanço na busca por inclusão. Sobre a importância de tornar o concurso mais abrangente, o CEO do Miss Universe Brasil, Gerson Antonelli, afirma que é uma mudança que valoriza a diversidade:

- Não existe um limite para a participação da mulher no Miss Universe, que é uma plataforma de integração e diversidade com representatividade. Não se pode limitar o potencial de uma mulher, não interessa sua idade, estado civil ou classe social.

A mudança mais recente no regulamento ocorreu em setembro do ano passado, quando a organização mundial colocou fim ao limite de idade - que era até os 28 anos - para as participantes. Os efeitos dessa diretriz começaram a aparecer neste ano: em abril, a modelo argentina Alejandra Rodríguez, 60 anos, venceu a edição do Miss Universo da província de Buenos Aires, embora não tenha conquistado a coroa nacional; na Ásia, ainda há chances de que uma mulher de 80 anos seja a nova Miss Coreia do Sul, já que a modelo Choi Soon-hwa, que também é mãe e avó, estará na competição marcada para o dia 30 de setembro. Seu nome já está gravado na história como a participante mais velha a disputar uma etapa do concurso de beleza até o momento.

Histórico internacional

A coroa entregue a Luana Cavalcante ainda tem um brilho a mais por pertencer a uma Miss Pernambuco pela primeira vez. Com essa responsabilidade adicional, a modelo já está em preparação para o Miss Universo 2024, que ocorre no dia 16 de novembro, no México.

Conta a seu favor a experiência como modelo internacional desde os 18 anos, período em que esteve em mais de 30 países e chegou a trabalhar junto de marcas como Gucci e Dolce & Gabbana. Há cerca de cinco anos, ela se divide entre o Brasil e a Itália, onde mora com o marido e o filho. Também ajuda o histórico como atriz, carreira em que estreou em 2022 na produção de Hollywood Battle for Saipan. Mais recentemente, esteve no elenco de Filhos do Mangue, filme de Eliane Caffé premiado com dois kikitos no 52º Festival de Cinema de Gramado - e ela estava na serra gaúcha para prestigiar.

Sobre os pontos fortes da brasileira, Gerson Antonelli ressalta sua "presença cênica excepcional" e boa articulação na oratória:

- Ela é assertiva, concisa naquilo que fala, atualizada, antenada e com muita experiência internacional, essas são as qualidades principais. Beleza é inegável, mas a inteligência e a maneira como se porta é excepcional, digna de um título de Miss Universe.

Para Luana, seu maior trunfo é a resiliência:

- Sou disciplinada, tenho determinação e amo tudo o que faço. Só me envolvo em projetos em que acredito. A seguir, Luana fala sobre a coroação, as mudanças do regulamento do concurso e o legado que espera construir como a 70° Miss Universe Brasil.

Letícia Paludo

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