19 DE SETEMBRO DE 2018
ARTES VISUAIS
Um olhar nostálgico sobre a paisagem
PINTURAS HISTÓRICAS são o foco da exposição Paisagem e Memória, que reúne cerca de 50 obras no Margs
Na arte, a paisagem frequentemente diz mais a respeito de seu autor do que sobre o lugar que representa. É uma cena construída com tintas (ou outro material), mas também com sensações, referências culturais, lembranças de infância... Na exposição que o Margs inaugura hoje, o fio condutor é a estreita ligação da paisagem com a memória.
A convite da instituição, o curador José Francisco Alves buscou no acervo obras capazes de evocar tanto deleite quanto sofrimento demonstrando o quão variado pode ser o gênero artístico que se consolidou no século 19 e reuniu obras de 43 artistas, como Cândido Portinari, Leopoldo Gotuzzo, Glauco Rodrigues.
Intitulada Paisagem e Memória, como o livro referencial do historiador da arte britânico Simon Schama, a exposição ocupa três galerias no segundo andar do museu com cerca de 50 obras. São cenários rurais e urbanos, como fazendas, praças, matas e praias. Criados por artistas que viveram no Rio Grande do Sul, alguns trabalhos têm referência geográfica clara. É possível comparar diferentes visões sobre um mesmo lugar, como as três versões da ponte de pedra de Porto Alegre ou o antigo riacho Ipiranga, pintado por Iberê Camargo (1914 - 1994) e Libindo Ferrás (1877 - 1951).
Há ainda outros pontos da Capital representados, como a Praça XV e a Praça da Alfândega. Já a praia de Torres aparece tanto em obras de Carlos Petrucci quanto de Francis Pelichek. Outros quadros são menos precisos, mas também familiares, como o campo que Rosa Bonheur (imagem menor, à direita) provavelmente pintou na Europa, mas que facilmente poderia ter sido criado no Rio Grande do Sul.
- A paisagem é uma obra da mente, as camadas de lembranças são tão importantes quanto o que estamos vendo. Então as pessoas podem se identificar com as obras - pontua o curador.
MOSTRA CONTA COM CENAS RURAIS E URBANAS
Embora haja fotografias, desenhos e gravuras, a maioria dos trabalhos é pintura, especialmente óleo sobre tela, e é datada da primeira metade do século 20. Muitas já foram vistas pelo público frequentador do museu:
- Como nessa faixa o acervo do Margs não é muito numeroso, trouxemos as pinturas mais históricas de paisagem e tentamos colocar elas em outra situação, fazer outras analogias, para ver com outro olhar coisas já conhecidas - afirma Alves.