sexta-feira, 14 de setembro de 2018


Jaime Cimenti
Os filhos da sociedade líquida 

Não se assuste com o título acima, leitor. Não vou falar dos bilhões de bebedores e das quantidades oceânicas de bebidas que andam por aí. Falo sobre a teoria da modernidade líquida elaborada pelo grande sociólogo Zygmunt Bauman, nascido em 1925 na Polônia e falecido na Inglaterra em 2017, onde vivia desde 1970, mundialmente conhecido e aclamado por obras que mostraram nossos tempos esvoaçantes. 

Tempos com predomínio da fluidez, do triunfo do precário, da impermanência e, enfim, do que não se deixa apreender com segurança. Tempos de vidas, relações e conceitos altamente líquidos, enfocados numa de suas obras principais, Amor líquido, trabalho fundamental para a compreensão das relações afetivas da atualidade. Bauman, professor emérito das Universidades de Varsóvia e de Leeds publicou cerca de 40 livros no Brasil, todos pela Zahar e obteve enorme sucesso de crítica e de público. 

Nascidos em tempos líquidos (Editora Zahar, 96 páginas) é a última lição de Bauman, publicado após sua morte e recomendado para jovens de todas as idades. A obra trata de transformações no terceiro milênio e resultou da intensa correspondência entre o autor e o jovem jornalista italiano Thomas Leoncini, nascido na Itália em 1985 (ou seja, 60 anos mais jovem que Bauman). Leoncini escreveu o livro Deus é jovem, com o Papa Francisco, e colabora com jornais e revistas ao redor do mundo. 

Nascidos em tempos líquidos trata das gerações que desde o berço pertencem a uma sociedade líquida e em contínua mudança. O volume abrange três grandes capítulos: transformações na pele, tatuagens, cirurgia plástica e hipster estão no primeiro. O segundo capítulo trata de agressividade e bullying; no terceiro capítulo, os autores conversam sobre as transformações sexuais e amorosas vindas com a derrocada dos tabus na era do amor on-line. 

A partir de experiências e pontos de vista distintos, Bauman e Leoncini falam dos mais diversos fenômenos da cultural atual, concordando e discordando, mostrando, com espírito inegavelmente jovem, temas essenciais como a sociedade de consumo de massa, a fragilidade dos laços humanos, os conceitos de identidade e comunidade e a tentativa de conciliar liberdade e segurança. 

Lançamentos 

A boa filha (Harper Collins, 464 páginas), da escritora best-seller do The N.Y. Times Karin Slaughter, autora de Esposa perfeita e Flores partidas (Harper Collins Brasil), traz a forte narrativa que envolve Charlotte e Samantha, adolescentes de vida tranquila que viram a mãe ser assassinada e Samantha levar um tiro quase mortal na cabeça. 

Na hora do crime o pai, famoso advogado criminalista odiado por alguns, estava no fórum. Anos depois do trauma muita coisa vai acontecer. Ausentes (Diadorim, 196 páginas) é o romance de estreia literária do professor-doutor Manoel Madeira, do Departamento de Psicanálise da Ufrgs. 

Os personagens transitam entre São José dos Ausentes, Porto Alegre e Paris numa prosa bem elaborada, em cenários de nossa modernidade, revelando corpos, mentes e situações que vão, vêm e permanecem. Relações, locais, pessoas e questões humanas atemporais estão na obra, estreia madura que deve ser saudada. Press e AD Advertising - Edição 186, revista dirigida por Júlio Ribeiro com textos de Marcelo Beledeli, tem matéria de capa sobre jornalismo esportivo, entrevista com Pedro Ernesto Denardin, colunas de Tibério Vargas e Mário Rocha e texto sobre Copas na imprensa. 

Na AD, matéria de capa sobre futebol, marketing e propaganda no Brasil, texto sobre vida e obra de Mark Mccormack, criador da primeira empresa de marketing esportivo do mundo, e matéria sobre Odélio Drebes, fundador do Grupo Lebes. - 

Jornal do Comércio (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/colunas/livros/2018/09/648137-os-filhos-da-sociedade-liquida.html)