quinta-feira, 5 de setembro de 2024


05 de Setembro de 2024
GPS DA ECONOMIA   - Marta Sfredo

Taxa recorde e coerência

Depois do cálculo de que o Brasil teria, sim, a maior taxa do mundo no Imposto sobre Valor Agregado (IVA, que é desdobrado em CBS e IBS), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenta espantar esse fantasma. Ontem, afirmou que a alíquota média ficará entre 21% e 22% e "só alguns produtos" vão ao recorde mundial de 28%, ponderando que isso se deve às isenções ou reduções na cobrança para 12%.

Foi o Congresso que, ao incluir carne bovina na cesta básica e garantir filé mignon mais barato para ricos, levou à taxa mais alta do mundo.

Conforme a Fazenda, deputados e senadores acrescentaram 6,5 pontos à alíquota-padrão do IVA. Exceções para serviços de educação, saúde, medicamentos e cesta básica, entre outros, fizeram com que a taxa fosse a 27,97%. O dado oficial foi apresentado no dia 23 de agosto.

- Vamos fazer cair a alíquota média do imposto (sobre o consumo) no Brasil - recitou o ministro ontem, contrariando o diagnóstico técnico.

Papel de animador e coesão interna

Haddad tem feito bom trabalho, a ponto de ser visto como contraponto à vocação de gastança atribuída ao governo Lula. Ganhou o respeito do mercado financeiro e conseguiu emplacar no Banco Central um profissional que nas últimas semanas foi visto como mais "amigo do juro alto" do que o atual.

Todo ministro de Fazenda é "animador de plateia". Discursos sobre como o PIB vai crescer e a economia vai melhorar são parte da função, seja Haddad, Paulo Guedes ou Henrique Meirelles. Esse papel precisa guardar coerência interna, sob pena de descrédito. Pega muito mal ter a maior taxa do mundo. Mas é preciso explicar como fazer o milagre. _

Afetados por enchente recebem geladeiras

Moradores afetados pela enchente nos condomínios Arlindo Krentz e Ilha das Garças, no bairro Rio Branco, em Canoas, foram os primeiros contemplados com geladeiras e lâmpadas doadas pela RGE em parceria com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

As entregas de ontem substituíram aparelhos danificados pela água por modelos com maior eficiência energética.

A iniciativa de cerca de R$ 15 milhões deve beneficiar até 25 mil famílias no Estado. A distribuição das 1,9 mil geladeiras também vai chegar a São Leopoldo, Novo Hamburgo, Esteio, Lajeado, Estrela, Rio Pardo e Encantado. O plano ainda inclui reforma de padrões de entrada de energia no Vale do Taquari e entrega de chuveiros que consomem menos energia em Lajeado, Rio Pardo, Encantado e Estrela. _

E saíram os híbridos a etanol da General Motors (GM), mas devem ser montados nas unidades de São Paulo, não em Gravataí. As fábricas paulistas vão receber R$ 5,5 bilhões.

1,31%

foi a alta da bolsa ontem, mesmo depois da volta da apreensão com a economia dos EUA. Mesmo com dia negativo em Nova York, as ações subiram aqui, sopradas por palavras do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele reconheceu o risco de as despesas obrigatórias crescerem a ponto de engolir as de livre escolha e disse que é preciso debater o problema.

Operadora tem serviço que conecta até 128 dispositivos

Com cerca de 12,5 milhões de clientes de telefonia móvel na Região Sul, a TIM vai experimentar um novo serviço de internet banda larga para residências e pequenas empresas em 28 cidades gaúchas.

Segundo a operadora, o plano TIM UltraFibra oferece velocidade maior de navegação. A modalidade permite que o usuário conecte até 128 dispositivos ao mesmo tempo. O serviço está disponível em 184 cidades do país. Já pode ser adquirido nas lojas da operadora.

Entrevista  Luciano S. Chagas
Geólogo com 30 anos de Petrobras

"Se tivesse começado antes, Pelotas seria prioridade 1"

Luciano Seixas Chagas foi um dos primeiros a alertar para o potencial da Bacia de Pelotas, que chama de "gêmea vitelina" geológica da Bacia do Rio Orange, na Namíbia. Logo, seria tão "espetacular" quanto.

O que significa a assinatura de contratos de concessão para explorar petróleo na Bacia de Pelotas?

Agora, a Petrobras ganhou o direito de pesquisar os blocos. Os de Orange, na Namíbia, produzem bem, e a Petrobras vai investir nisso. Vai fazer processamento físico, rodar inteligência artificial e reprocessar linhas com supercomputadores. É um trabalho de reduzir o risco.

 Quanto tempo estima entre a assinatura e o início da pesquisa?

Se já existe sísmica (levantamento anterior à perfuração) de qualidade, começaram os trabalhos. Para escolher o local para perfurar, é preciso identificar, ter licenciamento ambiental e equipamentos disponíveis. Tem de fazer um cronograma para que cada etapa necessária seja cumprida. Primeiro, é preciso descobrir (confirmar o achado), o processo seguinte é produzir, mas ainda não chegamos lá. Estamos no processo de transformar o virtual em real, que termina com registro em poço.

E quanto tempo leva entre o trabalho de descoberta e a produção?

A fase de exploração pode demorar, dependendo da agilidade da companhia, de três a seis meses para saber onde fazer o primeiro poço. E a busca do equipamento vai depender da disponibilidade, pode se prolongar até dois anos. Um projeto ágil, entre descoberta e produção, demora cerca de sete anos. É assunto para 2031, se houver confirmação.

Quando será possível saber se há petróleo ou não?

Há condicionantes. Uma é quanto tempo o Ibama vai demorar para liberar a licença. Pode levar até um ano. A Petrobras já deve estar trabalhando nos algoritmos e nos reprocessamentos. Demora de três a quatro anos para poder perfurar.

Em que ponto a Bacia de Pelotas se situa nas prioridades da Petrobras?

A Margem Equatorial é a prioridade, porque já está em processo há muito tempo. Mas a Margem Equatorial ainda está na fase de descobrir. Todas as expectativas são especulações. Se a exploração na Bacia de Pelotas tivesse começado há mais tempo, seria a prioridade número 1. Mas hoje é a número 2, atrás da Margem Equatorial.

O licenciamento ambiental da Bacia de Pelotas deve ser complexo?

A princípio, tem menos dificuldades do que no Amapá, por exemplo, porque lá foi associado à floresta amazônica.

E como avança a exploração na Namíbia, onde tiveram recentes descobertas que desencadearam o interesse na Bacia de Pelotas?

Já confirmaram, estão ampliando as descobertas, estendendo. Já estão na fase de descoberta de mais volume e de preparar para a produção (extração do petróleo com fim comercial). Estão bem mais adiantados do que a gente. 

GPS DA ECONOMIA

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