sábado, 7 de setembro de 2024


07 de Setembro de 2024
INFORME ESPECIAL - Vitor Netto

As diferenças entre os casos envolvendo ministros

O relato de denúncias de assédio sexual envolvendo o ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida, sofrido pela ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, é o terceiro caso em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem de lidar com problemas de seus auxiliares na Esplanada dos Ministérios.

Os outros foram com a então ministra do Turismo, Daniela Carneiro, e com o titular das Comunicações, Juscelino Filho. Mas ambos os fatos diferem do caso atual.

Daniela do Waguinho, que deixou o governo em junho de 2023, teve no começo daquele ano um vídeo publicado nas redes sociais que gerou polêmica. Nas imagens, ela recebia o apoio eleitoral de Márcio Pagniez, também conhecido como Marcinho Bombeiro, que é acusado de chefiar milícia da Baixada Fluminense (RJ). Ao mesmo tempo, desfiliou-se do União Brasil, partido ao qual pertencia, e a sigla reivindicou o cargo.

Juscelino Filho também apresentou episódios desde o início do mandato. Logo após assumir o ministério, ele utilizou aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para cumprir agendas pessoais e recebeu quatro diárias e meia. Juscelino também foi acusado de ter embolsado parte de outras diárias de viagens nacionais e ao Exterior ao cumprir alguns compromissos oficiais.

Em fevereiro de 2023, foi divulgado que o ministro deixou de informar ao Tribunal Superior Eleitoral um patrimônio de R$ 2,2 milhões em cavalos. A mais recente denúncia é por suspeita de integrar organização criminosa que desviou verbas de obras de pavimentação de estradas com recursos estatais. Apesar dos casos, Juscelino segue no ministério.

O episódio envolvendo Almeida e Anielle difere dos demais. Isso porque o tema de assédio sexual é tido como "pauta cara" para o governo Lula. Por vezes, os discursos do presidente e do PT foram de ênfase contrária ao crime, repudiando o ato em qualquer esfera que fosse.

Logo após as denúncias se tornarem públicas, a Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto divulgou nota afirmando que elas são graves e que o caso será tratado com celeridade. Também, que Almeida prestasse esclarecimentos à Controladoria Geral da União (CGU). A Polícia Federal abriu investigação para apurar as suspeitas.

Na sexta-feira, Lula disse em entrevista que o governo tem "prioridade em fazer com que as mulheres se transformem numa parte importante da política".

- Não é possível a continuidade no governo, porque o governo não vai fazer jus ao seu discurso, a defesa das mulheres, a defesa, inclusive, dos direitos humanos com alguém que esteja sendo acusado de assédio - acrescentou.

Almeida nega as acusações. Ele foi exonerado do cargo diante uma dura nota. O tema se torna, de novo, central na pauta do governo e deve ser apurado, como nas próprias palavras do Planalto, com celeridade. _

Donald Trump venceu a briga com Kamala Harris sobre as regras no debate da terça-feira. Quando um adversário estiver falando, o microfone do opositor será silenciado. A democrata queria os aparelhos sempre ligados.

Entrevista - Jorge Meza
Representante da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil

"O país está no caminho certo"

Em 2022, o Brasil voltou ao Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU). Já em 2023, a insegurança alimentar severa caiu 85% no país. A coluna conversou com Jorge Meza, representante da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, sobre como sair deste cenário.

O que levou ao Brasil a voltar para este cenário em 2022?

Choques simultâneos como a pandemia de covid-19, como as rupturas nas cadeias globais de valor, e conflitos como guerras, levaram a uma alta inflação e a um aumento da fome no mundo. No Brasil, que havia saído do Mapa da Fome em 2014, os reflexos foram observados em 2021. Importante lembrar que a fome não se dá por falta de produção de alimentos. Trata-se de uma contradição: o país é um grande produtor, mas nem sempre os produtos cheam ao prato da população de forma acessível. Nos últimos anos, as políticas públicas se estruturaram, contudo, frente aos choques, não deram conta.

Em 2023, a insegurança alimentar no país teve queda de 85% . O que mudou?

Os resultados do Brasil estão associados a uma série de políticas públicas. Hoje, o Programa Bolsa Família atinge cerca de 21 milhões de famílias. O Programa Nacional de Alimentação Escolar atende mais de 40 milhões de alunos. A integração desses programas, somados aos bancos de alimentos, aos restaurantes e às cozinhas solidárias, são exemplos que políticas públicas podem fazer a diferença. O Brasil está trabalhando em duas vias: ações imediatas para ajudar às pessoas a se alimentarem, e estruturais, estabelecendo geração de renda.

O que é necessário para o Brasil sair do Mapa da Fome?

As medidas implementadas até aqui mostram que o país está no caminho certo e que pode ser referência para outras regiões. Porém, ainda há desafios pela frente. Além de alcançar fome zero, é necessário melhorar a resiliência da população frente a choques externos. A fome não pode ser combatida apenas com o aumento da produção. É necessário garantir que esses alimentos sejam acessíveis e nutricionalmente adequados. 

INFORME ESPECIAL

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