09 DE AGOSTO DE 2022
CARPINEJAR
Tarifa abusiva do aeroporto
O aeroporto Salgado Filho, a partir de segunda-feira (8/8), tornou obrigatórias as cancelas para regulamentar o acesso dos veículos. Há tolerância de 10 minutos para todos os motoristas, com exceção de condutores de táxis, carros por aplicativos, vans e ônibus, que têm livre acesso.
Transcorrido o tempo de cortesia, serão cobrados R$ 20 a cada 10 minutos extras. Dez minutos não são suficientes para um filho ajudar a mãe ou o pai idosos a embarcar ou desembarcar no Salgado Filho.
Os pequenos detalhes revelam que os idosos nunca são lembrados. Tenho pai e mãe de 83 anos. Não há como fazer gincana com os meus velhos, corrida de obstáculos, apressá-los com a bagagem. É um outro tempo emocional e físico, dedicado a movimentos mais lentos.
Ou eu pego o braço deles, ou as malas - precisarei optar. Os dois juntos correspondem a uma missão impossível, e estou longe da agilidade de Tom Cruise para me segurar numa barra de helicóptero com os meus pais no colo.
Nem Samu é tão rápido. As cancelas instaladas no aeroporto só foram planejadas para quem é desapegado, para quem é jovem. O objetivo é descongestionar a entrada e a saída do meio-fio do aeroporto, o caos da fila dupla, mas injustiças acabam sendo cometidas.
A tolerância de 10 minutos será sempre excedida em caso de gentileza e cuidado com a terceira idade. O amor filial será sempre penalizado. Não deveríamos premiar os bons exemplos de cidadania?
Como solução desse problema, talvez o benefício das pessoas com deficiência física - 30 minutos mediante mensagem dirigida à administradora Fraport Brasil, com antecedência de 72 horas - pudesse ser estendido para os acompanhantes dos idosos.
Mas, de qualquer maneira, o valor abusivo soa mal para um serviço indispensável, obrigando os passageiros a utilizar o estacionamento pago. Os shoppings costumam oferecer 15 minutos de tolerância. E shopping não envolve o direito de viajar.
Se a proposta era garantir conforto, acontecerá justamente o contrário: o trânsito parado de buzinadas no rush, a grosseria pelos horários perdidos, o egoísmo da cronometragem, o Deus me acuda da parada. Se os aviões descessem ou subissem pontualmente, até entenderíamos a premissa britânica. Porém, atrasos já viraram comuns e folclóricos em Porto Alegre, sobretudo no inverno, com a neblina cerrada.
Por que não 20 minutos? Por que gerar pânico? Criar desespero não é uma medida drástica para simplesmente dar lucro. A tarifa elevada às alturas demonstra mais do que isso: ganância. É uma cobrança de 11 mil metros de altitude, fora da nossa realidade porto-alegrense.
Pagar dois reais a cada minuto excedido é pagar uma passagem aérea para ficar dentro do aeroporto. Pense nisso.
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