A dança cósmica e nós
O raro alinhamento de
Júpiter e Saturno me lembra, neste também raro 2020, que as oportunidades são
de fato únicas nesta vida.
No meio da dança
cósmica, sinto o privilégio de estar por aqui no exato momento em que os dois
planetas estarão mais próximos um do outro nos últimos 400 anos. E à noite, o
que não acontecia há 800, nos revelando uma luz única, como se os dois fossem
apenas um.
O encontro dos
corpos celestes, ou, termo técnico, a grande conjunção, me lembra os amantes
aqui na Terra.
A aproximação de alguns
deles só mesmo os astros explicam. Em minutos colados, tempos depois, a
repulsa. E assim como para os planetas, a proximidade é uma questão de
perspectiva. Podem ser próximos pra quem vê de longe, mas a milhares de
quilômetros de distância de fato.
Já os amantes mais
afortunados experimentam uma longa sintonia, e se houvesse o eterno, eu diria
eterna sintonia. Digna de alinhamento cósmico. Júpiter e Saturno unidos para
sempre num porta-retrato.
Para quem acha que é
tudo bobagem, que os astros nos lembrem quão insignificantes somos, e como é
breve a nossa passagem no planeta. Em anos-luz, o nosso tempo de vida não nos
levaria nem até Júpiter. Agradecer, aproveitar, amar. Este deve ser o mantra.
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