domingo, 7 de agosto de 2022


 

A dança cósmica e nós

*Mariana Londres

O raro alinhamento de Júpiter e Saturno me lembra, neste também raro 2020, que as oportunidades são de fato únicas nesta vida.

No meio da dança cósmica, sinto o privilégio de estar por aqui no exato momento em que os dois planetas estarão mais próximos um do outro nos últimos 400 anos. E à noite, o que não acontecia há 800, nos revelando uma luz única, como se os dois fossem apenas um.

O encontro dos corpos celestes, ou, termo técnico, a grande conjunção, me lembra os amantes aqui na Terra.

A aproximação de alguns deles só mesmo os astros explicam. Em minutos colados, tempos depois, a repulsa. E assim como para os planetas, a proximidade é uma questão de perspectiva. Podem ser próximos pra quem vê de longe, mas a milhares de quilômetros de distância de fato.

Já os amantes mais afortunados experimentam uma longa sintonia, e se houvesse o eterno, eu diria eterna sintonia. Digna de alinhamento cósmico. Júpiter e Saturno unidos para sempre num porta-retrato.

Para quem acha que é tudo bobagem, que os astros nos lembrem quão insignificantes somos, e como é breve a nossa passagem no planeta. Em anos-luz, o nosso tempo de vida não nos levaria nem até Júpiter. Agradecer, aproveitar, amar. Este deve ser o mantra.

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