Ensaios de ficção de Marcelino Freire
Diz o amansa-burros que ensaio é a apresentação de um assunto filosófico, científico, histórico ou de teoria literária, caracterizado pela visão de síntese e tratamento crítico e que ficção é ato ou efeito de fingir, simulação, coisas imaginárias. Enredos criados pela imaginação de autor. Pois Bagageiro (José Olympio, 156 páginas), nova obra do escritor premiado Marcelino Freire, embora intitulada ficção brasileira na ficha catalográfica, é considerada por Freire como "ensaios de ficção". Os textos e frases circulam entre os gêneros conto, ladainha, improviso, aforismos, humor, drama e outros.
Falam de vida, morte, literatura, escritores, vida literária, crítica, televisão, civilização, dinheiro, teatro, futuro e um dos ensaios aborda a merda. Diz Freire que não foi ele que escreveu a orelha ou o "pequeno ensaio sobre a orelha". Relata o autor que foi uma amiga escritora que escreveu, imitando sua fala e, para não ser chamada de orelhista, preferiu não se identificar. "Ah, bagageiro no Recife, é onde a gente leva tudo, de carona, em cima da bicicleta. Botijão de gás, criança, bomba atômica.
Eu queria juntar algumas histórias nesse bagageiro. E dar uns toques, entre um conto e outro, e às vezes até dentro do próprio conto, sobre a escrita, a reescrita, a crítica, o país, o mundo, a vida literária. E não literária. Sem compromisso, foi isso", conta o texto da orelha do livro, que dá toques sobre orelhas e orelhistas célebres como Jorge Amado, que redigia orelhas para quem pedisse e, assim, era cada vez mais amado.
Marcelino Freire nasceu em 1967 em Sertânia, Pernambuco, ministra oficinas literárias e lançou Contos negreiros (Editora Record, Prêmio Jabuti 2005); Rasif (Editora Record, 2008); e Nossos ossos (Record, Prêmio Machado de Assis e Biblioteca Nacional), entre outros. Em entrevista para Manoela Sawitzki e Omar Salomão, Freire diz ter horror a ser levado a sério, que foge da ideia de se levar em conta demais e pretendeu andar livremente de bicicleta, com os trastes no bagageiro e ser ele mesmo um traste.
"A literatura é sempre essa viagem, de carona. É esse passeio público, sem saber para onde vamos, seguimos. Em cada parágrafo uma paisagem. Em cada ponto uma parada. A literatura é essa aventura constante. Em direção ao outro, muito além de você e de mim, este movimento sem fim", avisa ele no fim da entrevista.
Lançamentos
O derradeiro bandeirante (Alcance, 320 páginas), romance do professor, médico e escritor Pio Furtado, tem prefácio do professor-doutor José Édil de Lima Alves, que escreveu: "o autor utiliza sua cultura admirável para falar sobre a conquista e domínio do território sul-americano, desvelando o que lá realmente aconteceu".
Dr. Pio Furtado assume sexta-feira, no Rio de Janeiro, cadeira na Academia Brasileira de Médicos Escritores. Como ingressar numa universidade americana - E a diferença que isto fará na sua vida (Faro Editorial, 238 páginas), do engenheiro e professor da FGV-SP, é um ótimo guia para brasileiros e foi escrito durante o processo de admissão de seu filho, aceito em oito universidades americanas.
Com a defasagem do Ensino Superior brasileiro, jovens e pais o sistema americano, onde estão algumas das melhores universidades do mundo. Sílvia (EST Edições, 168 páginas), romance do advogado e escritor Delfino Baldasso, experiente autor de muitas obras de ficção, conta como Silvia foi sequestrada na praia de Cachoeiro do Bom Jesus e levada até Albina, no Suriname. Os sequestradores queriam levá-la para Roterdã, Holanda, para vendê-la a algum rufião. Os criminosos já tinham feito outros sequestros, mas... -
Jornal do Comércio (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/colunas/livros/2018/10/652815-ensaios-de-ficcao-de-marcelino-freire.html