11 DE OUTUBRO DE 2018
CAMPO ABERTO
VAIVÉM RUIM PARA QUEM COMPRA E PARA QUEM VENDE
O futuro da produção de leite no Rio Grande do Sul pode estar em novo modelo de negócio entre indústria e produtor. A ideia de trabalhar com contratos que estabeleçam valores por período de cinco a seis meses seria uma maneira de evitar variações bruscas de valores, que comprometem o rendimento dos agricultores e também provocam efeito gangorra nos preços nas gôndolas de supermercados. A proposta é defendida pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) e estaria começando a ganhar terreno, também, entre empresas, que conseguiriam fidelizar seus fornecedores.
- Essa estabilidade se refletiria para o consumidor, que também não sentiria oscilação tão grande - diz Pedrinho Signori, vice-presidente da Fetag-RS.
Em linha com produção e consumo, a quantia paga - e recebida - pelo litro de leite varia. No ano passado, os movimentos de sobe e desce foram mais acentuados. Neste ano também ocorreram, mas em menor intensidade. Depois de acumular alta, o preço de referência do Conseleite caiu em agosto e setembro, meses de pico na produção (veja quadro).
- O produtor teve novo estímulo, com a valorização, mas o custo de produção se elevou, em razão de câmbio, escassez de milho e alta do diesel. E a rentabilidade foi pequena - pondera Signori.
Para o consumidor, o valor pago pelo litro de leite longa vida também registra queda, segundo dados compilados pela Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), alinhado ao movimento da produção. Da primeira para a segunda semana deste mês, registrou, no entanto, leve aumento, de 0,66%.
- O preço a partir de agosto começa a cair. Daqui para frente, até março, a tendência de alta não existe - diz Antônio Cesa Longo, presidente da Agas.
Uma das razões é a queda no consumo (nos meses de calor e férias), algo também dentro da normalidade.
- A expetativa é de que os preços se estabilizem em outubro - observa Alexandre Guerra, presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do RS (Sindilat-RS).