sexta-feira, 5 de outubro de 2018



Ringo Starr é o cara! 

O beatle Ringo Starr está com 78 anos, tem sete netos e é o primeiro bisavô da banda. Em 2018, foi condecorado como Sir na Inglaterra. Infância humilde, três anos em hospitais com doenças graves, Ringo teve pouca escolaridade e, aos 15 anos, mal sabia ler e escrever. Ao contrário do boato desta semana na internet anunciando sua morte, Ringo segue muito vivo, noivo e será pai novamente. Em 2017 e 2018, a revista GlamMag o elegeu o homem mais sexy do mundo. A revista Rolling Stone o considerou o quarto melhor baterista de todos os tempos, e a revista People with Money declarou que ele é o cantor mais bem pago no mundo. 

Todo ano surgem biografias de Paul McCartney e John Lennon, e relatos sobre George Harrison. Ringo não tem muitas biografias sobre ele, mas, este ano, o jornalista norte-americano Michael Seth Starr, que não é parente do beatle, lançou a obra mais ambiciosa sobre Ringo, o beatle simpático, engraçado, bom cabelo, cheio de anéis (daí o apelido Ringo) e que, com seu temperamento maravilhoso e agregador, muito colaborou para a formação e o desenvolvimento da maior e melhor banda de rock de todos os tempos. 

Competente e criativo baterista, deu um ritmo único para a banda e, com humildade, aceitava uma música para si em cada disco e sorria para a vida. Ringo (Editora Planeta, 480 páginas, tradução de Laura Folgueira) fala do caso entre Maureen Cox, primeira mulher de Ringo, com George Harrison, que não acabou com a amizade entre os dois nem impediu que Ringo ficasse ao lado da cama onde Maureen morreu de câncer, muitos anos depois da separação. A obra revela que Paul não dava muita importância para o talento do colega baterista e, às vezes, o tratava como se fosse um músico contratado. 

Alguns ainda criticam as habilidades de Ringo com as baquetas, mas, no julgamento do tempo e do público, que são os mais importantes, além das avaliações de algumas publicações especializadas importantes, o beatle mostra que suas contribuições pessoais e musicais são essenciais na história mundial do rock. Mundo este repleto de egos de tamanho amazônico, vaidades ilimitadas e qualidades musicais tantas vezes escassas. 

O livro mostra como o sucesso de Ringo nos anos 1970 o empurrou rumo ao álcool e às drogas, e como, junto com a esposa, atriz e Bond Girl Barbara Bach, se reabilitaram numa clínica. Ringo tinha a melhor cabeleira e o melhor humor do grupo, mas não era inteligente como John, bonitinho como Paul nem músico de talento como George. Seu biógrafo acha que ele merece mais respeito, por sua contribuição como músico e compositor e pela sociabilidade e afeto com que unia e harmoniza os egos oceânicos dos três Beatles. 

Depois do término dos Beatles, Ringo, generoso, sempre convidou amigos para participar de suas atividades musicais, e, não por acaso, até hoje, recebe um belíssimo senso de fraternidade e camaradagem por roqueiros de várias partes do planeta. 

A propósito... 

Poucos nasceram reis, tops, número um, campeões, bilionários ou gênios. 

Muitos vivem o isolamento, a solidão e as dificuldades de quem está "pretensamente", acima dos meros mortais, vivendo em ilusórios olimpos, mansões e ilhas. Genialidade, primeiro prêmio, Nobel, recordes olímpicos e galardões são importantes. Os humanos adoram corridas de humanos, cavalos e ratos. No fundo, todo mundo quer ser campeão de tudo. 

Nem todo mundo é o Inter, consolem-se e não sofram por isso. Medalhas, ouro, distinções, faixas, placas, troféus e gloríolas têm função, mas glória maior é estar com saúde no domingo à noite, coração batendo macio, cabeça zen, acompanhado de pessoas do bem, desejando o bem para os outros e para o mundo. Isso mesmo assistindo debates políticos, com cada um por si. Glória a Deus! Ringo é o cara! 

Jaime Cimenti)   - Jornal do Comércio (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/colunas/livros/2018/10/650790-milo-yiannopoulos-o-mais-polemico-da-internet.html