03 DE MAIO DE 2018
ARTIGO
FORMAÇÃO PARA ESCOLHAS
Por dedução, sei que pessoas que compõem governanças numa Odebrecht ou JBS não chegaram lá sem as credenciais técnicas exigidas. Se algum dos candidatos a diretor administrativo, por exemplo, fosse reconhecido por estar relacionado a algum caso ilícito, durante a seleção seria descartado naturalmente.
Marcelo Odebrecht é herdeiro, mas também é engenheiro com pós na Inglaterra, onde se especializou na construção de plataformas de petróleo. Somente lá, o total de pessoas que fizeram acordo de delação premiada chega a 77, a maioria diretores e altas gerências. Apesar das avaliações técnicas por que passaram, o que fez com que fossem parar ou nas páginas policiais, ou mesmo na cadeia?
A mais comum alegação é a de que, no dia a dia, as regras brutais do mundo dos negócios corroeram valores morais e éticos das pessoas. Outra desculpa por ter sido pego em tramas ilícitas é a de que "era isto, ou perdia o emprego". Enfaticamente, não compro nenhuma das teses. Valores éticos são fundamentais, tanto para exercer posições na área pública quanto na iniciativa privada.
A despeito de sofisticadas exigências por formação técnica de excelência, de onde saíram tantos corruptores e corrompidos? Por que hoje temos a impressão de que estão por todos os lados, tanto na área pública quanto no setor privado?
É preciso que tratemos do futuro, que começa em cada um de nós, todos os dias, dizendo não à corrupção. Mesmo correndo risco de perder o emprego, é fundamental que olhemos nos olhos de nossos filhos e possamos ensiná-los que, no jogo bruto da vida, a ética é o item mais importante de nossa formação.
Psicólogo e headhunter rubem@rsatalentos.com.br - RUBEM SOUZA