14 DE MAIO DE 2018
ARTIGO - RONALDO NOGUEIRA
MAIS DO MESMO
Presidente da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados
ronaldonogueira@camara.leg.br
Parte dos manuais políticos, de Maquiavel a Mazzarino, diz que a política é a arte da dissimulação. Ou seja: o político de sucesso seria aquele que diz uma coisa, mas faz outra. Nada mais antiquado!
Na era digital, das redes sociais e da democracia 2.0, a população está participando ativamente do processo político, o qual se tornou transparente pela democratização dos meios de informação. Por isso mesmo não será mais enganada por velhas estratégias. Nesse sentido foram as grandes jornadas de 2013, quando o povo saiu às ruas exigindo três atributos dos agentes políticos: probidade, eficiência e coerência.
Pois bem. É estupefato que tenho assistido ao verdadeiro contorcionismo argumentativo de pessoas que rechaçam a ideia de se realizar, simultaneamente às eleições de outubro, um plebiscito para viabilizar a venda de empresas estatais deficitárias, que sugam o povo gaúcho. De fato, contrariamente à ideologia de seus próprios partidos (que defendem as privatizações), vemos alguns afastarem a ideia da realização da consulta, pois avaliam que tal discussão traria benefícios eleitorais a adversários políticos.
Sob argumentos pitorescos, que vão desde um suposto número excessivo de operações a serem realizadas na urna eletrônica até uma hipotética inoportunidade pela mistura de assuntos, as desculpas para a não realização do plebiscito são diversas. Tais argumentos são falsos e mascaram uma concepção antiquada de política, em que o futuro das novas gerações é alienado por interesses eleitoreiros. Afinal, existe momento mais oportuno para se debater as privatizações do que em uma eleição?
Novo na política é não dissimular. Novo na política é ser coerente. Novo na política é enfrentar os problemas como eles são. Novo na política é não deixar para depois o que se pode fazer agora. Novo na política é modernizar o Brasil e o Rio Grande, realizando as reformas estruturais de que tanto precisamos, como fizemos com a modernização das leis trabalhistas.
O Rio Grande do Sul e o Brasil não podem esperar. É preciso continuar avançando no processo de reformas! Mais do que novas caras, precisamos de novas práticas. O resto é mais do mesmo.