24 de Dezembro de 2022
"O que precisa ser reestruturado e ficou pendente é o IPE Saúde"
EDUARDO LEITE Governador reeleito do Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul nunca havia reeleito um governador. O que esperar do segundo mandato?
O diferencial é conhecer as engrenagens e ter capacidade de fazer ajustes rapidamente. Usamos a transição para ajustes em secretarias, posições de chefias e lideranças, melhorando postos transversais, que tocam em várias secretarias, e cargos técnicos que são a espinha dorsal do governo. Tudo para melhorar a performance. O desafio do primeiro governo era o equilíbrio das contas. O do segundo é o desempenho, a entrega das políticas públicas. Quero um governo com mais efetividade.
Mudar secretários não ameaça esse avanço, à medida que entram pessoas que não conhecem a máquina pública?
Não. Por mais que se troque secretários, por questões técnicas ou políticas, a coordenação de governo segue a mesma. E mais abaixo na estrutura, muitos nomes permanecerão em posições estratégicas.
O senhor era contra a reeleição dizendo que o segundo mandato é pior do que o primeiro. Como evitar que isso ocorra?
Estou muito entusiasmado para o segundo mandato. Conseguimos virar a chave de conseguir pagar as contas em dia e, pelo tanto que vejo, temos condições de fazer mais. O desafio é não permitir que a vitória se transforme em conforto e nos desafiarmos a sermos uma evolução. O tambor que o governador tem que bater é para que o governo não perca o ritmo e possa acelerar.
O senhor teve a maior base de apoio que um governador já desfrutou. Agora a oposição está maior. Como aprovar projetos polêmicos?
No primeiro mandato, endereçamos logo nos primeiros meses os projetos com mudanças mais profundas. No próximo ciclo de governo, não prevejo algo nessa dimensão, o que nos dá perspectiva de um relacionamento menos tensionado.
Quais são os projetos que o senhor pretende enviar à Assembleia na largada do ano legislativo, quando se aproveita o capital político conferido pelas urnas para aprovar medidas mais polêmicas?
O que precisa ser reestruturado e ficou pendente é o IPE Saúde, para que a gente possa dar sustentabilidade ao plano. Ele é importante para um milhão de vidas, mas também relevante nos hospitais e clínicas credenciadas.
As mudanças já estão definidas? Terá aumento nas contribuições?
É uma reorganização. Pode ter redução para alguns e alíquotas maiores para aqueles com maior demanda. Há estudos prontos, mas não me debrucei porque estive focado na estrutura da máquina e na composição das posições-chave do governo. A gente ainda vai conversar com os sindicatos para que, na abertura do ano legislativo, em fevereiro, possa ter um projeto que chegue na Assembleia com o máximo de entendimento.
O senhor passou quatro anos pedindo compreensão ao funcionalismo, que ganhou 6% de reajuste. Agora o senhor, o vice e secretários ganharão aumento de 40%. Virão ainda aumentos para CCs. Não é contraditório?
Não é correto fazer a comparação. Professores tiveram o salário inicial aumentado em 75% nos últimos quatro anos. Policiais militares, civis e outras carreiras tiveram reestruturação que gerou aumento substancial nos anos recentes. A remuneração do governador é a mesma há oito anos. O que se busca é colocar a remuneração de quem responde por um orçamento bilionário em patamares condizentes com as atribuições. Um delegado de 4ª classe, um coronel e um procurador do Estado recebem R$ 29,5 mil. Esse foi o patamar escolhido para um secretário, até para que possamos recrutar pessoas que são disputadas no mercado.
Quando o senhor terminará a montagem do secretariado?
Estamos avançando bem e acho que logo deveremos ter a maior parte da composição fechada.
A Secretaria de Segurança Pública entra na negociação política?
Não. A Segurança, a Educação e a Saúde devem estar sob olhar técnico. A gente procura alguém que tenha experiência e entendimento para coordenar uma área em que tivemos grandes avanços.
Como o senhor recebeu a investigação da secretária de Saúde, Arita Bergmann?
Há um inquérito na Polícia Federal, houve busca e apreensão. Não podemos confundir com condenação, há o direito à defesa e torço para que tudo se esclareça e não surja desvio de conduta. Não farei julgamento apressado para condenar nem absolver. Como qualquer agente público, ela está submetida à necessidade de prestar contas, especialmente se há dúvida.
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