segunda-feira, 26 de dezembro de 2022


26/12/2022 - 07h03min
Babiana Mugnol - Bruno Todeschini / Agencia RBS - 
Bruno Todeschini / Agencia RBS

Conheça a vinícola que mais vende vinhos de mesa do Brasil

A marca, sediada nos Campos de Cima da Serra, está próxima de atingir 40 milhões de litros/ano

São 200 mil garrafas que vão para a expedição todos os dias

Que a Serra Gaúcha é a maior produtora de vinhos do Brasil todo mundo sabe. Que os vinhos de mesa concentram o maior volume comercializado também. O que, talvez, nem todos tenham conhecimento é que uma vinícola sozinha acumula o título, há oito anos, de ser a que mais vende vinhos de mesa no país, inclusive ultrapassando as grandes cooperativas da Serra que processam a uva de milhares de produtores da região. A vinícola em questão é a Campestre, que está próxima de atingir a marca de 40 milhões de litros/ano.

Campos de Cima da Serra em busca de uma Denominação de Origem para vinhosCampos de Cima da Serra em busca de uma Denominação de Origem para vinhos

Para se ter uma ideia do volume de vinhos que é comercializado, imagine três linhas de engarrafamento operando ao mesmo tempo nas quatro estações do ano. São 200 mil garrafas que vão para a expedição todos os dias. A quantidade de vinhos de mesa da linha Pérgola, engarrafados em um dia, equivale ao que vinícolas já consideradas de médio porte engarrafam em um ano. Inclusive, é a mesma média de vinhos finos que a Zanotto, também da vinícola Campestre, elabora em um ano.

João Zanotto é quem administra a companhia, fundada em 1968. Seu pai era associado da então cooperativa. E o filho deu continuidade aos negócios da família. A grande escalada nos negócios ocorreu a partir da década de 1990. Hoje são 800 famílias que fornecem uva. E, apesar do grande volume comercializado, a Campestre não vende um garrafão, sequer, de cinco litros. São todos de um litro. Mas não é só na garrafa que os vinhos de mesa se parecem com os finos:

— Nosso vinho de mesa é feito como o vinho fino. Se não tem uva boa, não tem vinho bom. Há 20 anos começamos um trabalho com agricultores para qualificar a produção, compramos equipamentos de vinhos finos. Se o paladar brasileiro é para esse vinho de mesa, pensamos: vamos fazer o melhor possível. E foi aí que a gente se destacou — conta Zanotto.

Inclusive, o dono da Pérgola destaca que o vinho de mesa é vendido a preço de vinho fino por conta destes investimentos. O principal mercado hoje é o da região Sudeste, com Minas Gerais liderando. Tanto que a vinícola planeja intensificar as ações voltadas para o mercado mais próximo, que é o próprio Estado, Santa Catarina e Paraná.

— O consumidor de vinhos de mesa é fiel, não muda de marca. Se mudamos uma vírgula, o cliente liga. Já o consumidor de vinho fino sempre quer conhecer novidades e tomam todas as marcas. Temos espaço para crescer,temos que ir atrás de novos potenciais consumidores — compara Zanotto.

É o que a vinícola vem fazendo... Maiores investimentos em vinhos finos e enoturismo

Com o mercado de vinhos de mesa no Brasil praticamente estável nos últimos anos, mas com os vinhos finos em crescimento, principalmente após a pandemia, a vinícola Campestre tem apostado cada vez mais em ampliar o mercado em ascensão. 

Hoje já tem cerca de 10 variedades viníferas cultivadas em sua nova área em Vacaria. O projeto de vinhos finos começou há cerca de quatro anos, com os primeiros lançamentos no mercado após a inauguração do complexo enoturístico onde, no passado, já funcionou um frigorífico. 

— Lembro de quando fui a Montevideo em um shopping. Se lá tinham transformado o que era um antigo presídio em um shopping, acreditei que poderia fazer isso aqui também — lembra.

Zanotto observa também o comportamento do “bebedor” de vinho para corroborar o planejamento estratégico que prevê 15 anos para atingir o auge da produção em vinhos finos.

E alguns produtos já estão atraindo o público que está sempre de olho em novidades. Além de castas que já se destacam na região, como Sauvignon Blanc e Pinot Noir, as italianas que gostam de altitude estão sendo buscadas. O Sangiovese da Zanotto de 2020,  medalha de ouro no Decanter World Wine Awards, já quase não se encontra mais no mercado. A Campestre já tem vinhedos de outra variedade clássica italiana, a Montelpuciano, mas elas ainda não começaram a produzir.

Estas especificidades dos Campos de Cima da Serra não são atrativas somente na garrafa. A vinícola fez um grande investimento no enoturismo nos últimos anos e está expandindo seus atrativos. São 23 mil metros quadrados de área construída, incluindo uma cave subterrânea com túnel em esculturas de pedra sobre a imigração italiana. Nos jardins da vinícola, uma igreja construída de pedras chama a atenção, assim como todo receptivo que precisa de auxílio de um veículo para percorrer a propriedade. 

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