domingo, 25 de dezembro de 2022


Steve Jobs, brilhante e controverso

Jaime Cimenti 

Steve Jobs (Editora Intrínseca, 640 páginas, R$ 99,90), do renomado biógrafo, professor, jornalista e escritor norte-americano Walter Isaacson, ex-editor da Time, autor dos best-sellers Leonardo da Vinci, Os inovadores e A decodificadora, agora teve nova edição revista e ampliada. Com tradução de Rogerio W. Galindo e com capítulos abordando o casamento de Steve com Laurence Powell e a vida em familia, e outro sobre os momentos finais da vida do principal nome da Apple, falecido em 2011, a obra ilumina a vida e a obra de um dos maiores representantes da inventividade e da imaginação aplicada.

A obra tomou por base mais de quarenta entrevistas realizadas com Steve Jobs ao longo de dois anos e muitas outras feitas com mais de cem familiares, amigos, adversários, concorrentes e colegas de trabalho. A biografia revela, sem reservas , a intensidade e a personalidade forte de Jobs, apaixonado pela perfeição e que viveu altos e baixos em sua trajetória vencedora. Ele revolucionou os computadores pessoais, os filmes de animação, a música, a telefonia celular, a computação em tablet e a publicação digital.

Jobs cooperou com seu biógrafo, mas não tentou controlar o conteúdo da obra, limitando-se a dar uns pitacos sobre a capa e a incentivar aqueles que conhecia a falarem sobre ele com absoluta sinceridade. Jobs, por sua vez, foi franco e até brutal ao mencionar pessoas com quem trabalhou e concorrentes. As visões sobre as paixões, obsessões, talento artístico, crueldades e compulsões de Jobs são apresentadas de maneira nua e crua, mostrando suas verdadeiras essências.

Passados dez anos de sua morte, Jobs segue um ícone e sua história de vida nos ensina diversas lições sobre inovação, caráter, prudência, liderança e valores. A Apple, mesclando criatividade com tecnologia, aliou saltos imaginativos com incríveis feitos de engenharia e mudou para sempre nossas vidas. 

Lançamentos

Sopa de cebola (Folheando, 66 páginas, R$ 36,00), do consagrado poeta, tradutor, escritor e médico José Eduardo Degrazia traz poemas sobre a infância e a juventude do autor, nos anos 1950- 60. "Nelson Gonçalves na vitrola/os pares dançam no salão/muitos são os caminhos da madrugada/vamos ao Velho Mercado/tomar uma sopa de cebola com batida de limão".

Prazer de Miragem (Ardotempo, 192 páginas), da premiada poeta e cronista paulista Mariana Ianelli, traz crônicas da autora escritas durante os dois anos da pandemia. Acompanhados das pinturas de Arcangello Ianelli e desenhos de Alfredo Aquino, os textos mostram um País trancado dentro de casa e uma visão positiva possível no período.

Cavalos ao amanhecer seguido de A Cidade Silenciosa (L&PM Editores, 182 páginas, R$ 31,90), do grande escritor uruguaio Mario Arregui, com ótima tradução de Sérgio Faraco, apresenta vinte e um contos do autor, que, como fazendeiro e homem do campo, soube criar um rico universo a partir de tais vivências, envolvendo ficção e realidade. 

Menos presentes, mais presépios

Então é Natal e a gente lembra do que fez e do que não fez, de quem está aqui e daqueles que vivem em outras dimensões. A gente recorda de árvores que eram pinheiros de verdade, velhas missas do Galo com incenso, campainhas e coroinhas, imagens nas Igrejas, tempos, alegrias e tristezas que ficam acontecendo muitas vezes na memória, nos devaneios e nos sonhos.

Árvores, cartões, presentes, comidas, bebidas, cerimônias religiosas, concertos, encontros, desencontros e não-encontros com familiares, amigos e colegas, telefonemas (ainda existe), mensagens pelas redes sociais, tudo ótimo, tudo normal depois do anormal pandêmico. Tomara que a gente sobreviva às orgias natalinas sem muito stress e doenças físicas e mentais e consiga ter bons momentos de leveza, mesmo com overdose de Nutella, e harmonia, mesmo com polarizações.

Merecemos tudo isso, depois deste ano que foi, tipo assim, escalafobético e na expectativa de um 2023 que virá certamente com muitas emoções. Se vê por aí um Natal mais básico, no bom sentido, sem grandes decorações, luzes, agitações, correrias e preocupações com mensagens, presentes, visitas e compromissos. Presentes a gente pode dar a qualquer hora, o ano inteiro, gastando menos depois de dezembro. Atenções, abraços, beijos, palavras e tudo mais, podem e devem ser dados sempre que a pessoa quiser, sem protocolos e datas marcadas.

Óbvio que é momento de lembrar nascimento, vida, amor, morte, ressurreição e vida eterna e a linda história de Jesus, que é patrimônio da humanidade. Giorgia Meloni, em interessante mensagem pela web, disse que sabe tudo de árvores de Natal, mas que esse ano será mais "presepista" do que "arvorista", ou seja, vai enfatizar a montagem do presépio e propõe o mesmo para todos, uma "revolução" do presépio, num momento em que muitos, especialmente em escolas, acham que o presépio não deve ser utilizado, pois ofenderia pessoas que acreditam em outra cultura.

Giorgia se pergunta como alguém pode ofender-se com um menino que nasce numa manjedoura e que é fruto de uma família que teve que fugir para protegê-lo. Giorgia defende Jesus, símbolo de respeito ao estado laico, à sacralidade da vida, à solidariedade e ao amor ao próximo. A primeira-ministra disse que vai lembrar à sua filha Ginevra que Natal é bem mais do que trocar presentes, comer e beber coisas gostosas e vestir roupas bonitas.

Nada contra presentes, festas, decorações, comemorações e bebemorações, Papai Noel no Shopping e tudo mais. Mas realmente tudo a favor do Natal raiz, que é momento para pensar que o amor é que tem que vencer nos finais das batalhas deste planeta cheio de disputas armadas de tanques, soldados, líderes mentirosos, tantas ideologias e palavras nem sempre verdadeiras.

Só o amor realmente constrói, e a história nos mostra como acabaram aqueles que usaram de radicalismos e violências diversas, se achando Senhores do Universo, e como terminaram os que neles acreditaram ou foram obrigados a acreditar.

A propósito...

Na vida a gente não precisa e nem deve amar todo mundo e ficar oferecendo a outra face do rosto para os malvados baterem. Se amarmos verdadeiramente a nós mesmos, os familiares e alguns amigos, já estará bom para uma vida digna e feliz. Os santos amam a humanidade toda, mas nós, humanos, somos anjos de uma asa só que precisam do outro para viver e voar. Natal é o momento de perdoar , mesmo sem esquecer, tempo de amar , escutar (não apenas ouvir) o outro e buscar, ao menos por alguns momentos, a paz que o mundo sempre precisou e precisa, em meio a tantas guerras e discórdias.

Jaime cimenti

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