sexta-feira, 20 de janeiro de 2023


20 DE JANEIRO DE 2023
INFORME ESPECIAL

A hora certa de parar

Conhecida pela forma firme e serena como conduziu o enfrentamento da pandemia em seu país e por ser uma das líderes mundiais mais promissoras de sua geração, a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern (na foto), jogou a toalha. Como ela mesma disse, "simples assim". Surpreendeu o mundo com o anúncio franco e direto.

Sem rodeios, disse que "liderar um país é o trabalho mais privilegiado que qualquer um pode ter" e que "você não pode e não deve ocupá-lo, a menos que tenha um tanque cheio com um pouco mais na reserva".

- Não estou deixando o cargo porque foi difícil. Se esse fosse o motivo, eu provavelmente teria saído com apenas dois meses na função. Estou saindo, porque, com esse papel privilegiado, vem junto a responsabilidade. A responsabilidade de saber quando você é a pessoa certa para liderar e também quando não é. Eu sei que não tenho mais o suficiente "no tanque" para fazê-lo.

Jacinda verbalizou o óbvio: é apenas humana - assim como todos políticos o são, embora alguns transitem nos pântanos e nas sombras. Contou que irá cuidar da família, prometeu à filha estar presente no início das aulas e até avisou o companheiro: agora, sim, poderão se casar. Agradeceu aos neozelandeses pela "oportunidade de servi-los".

- Damos tudo o que podemos até que chega a hora (de partir). E, para mim, chegou - concluiu.

Jacinda soube o tempo de parar. Isso nem sempre é simples e vale para qualquer um de nós. Não é fácil admitir que "não dá mais", que "acabou a energia", que o certo é dar espaço a outra pessoa em melhores condições, que é necessário, muitas vezes, dar um passo atrás, ainda mais quando se trata de um posição de destaque. Às vezes, é preciso ter humildade para simplesmente sair de cena.

Lições do futebol para a vida

Quem brilhou foi Luisito, apelido carinhoso da torcida para o craque gremista Luis Suárez, mas a foto mais impactante da partida que sagrou o Grêmio campeão da Recopa Gaúcha, nesta semana, foi do goleiro adversário. Além de ter sido "bombardeado" por Suárez, Gabriel Félix, do São Luiz de Ijuí, saiu machucado.

Da beira do campo, com uma daquelas lentes que parecem um canhão, o fotógrafo Jeff Botega, de ZH, captou o drama (veja acima).

- Eu sei que o jogo foi do Suárez, em uma estreia dos sonhos, mas o que me marcou foi essa foto do goleiro do São Luiz. Às vezes, nos preparamos tanto para algo, e a vida nos prega peças. Que nada, Gabriel! Levanta a cabeça. São lições do futebol para a vida - diz Jeff.

Hoje, a palavra é de Juarez Fonseca (foto), jornalista, colunista de ZH e autor de Aquarela Brasileira, um baita livro de entrevistas com ícones da MPB. Confere a dica:

"Sugiro o novo romance de Liberato Vieira da Cunha, O Inventor da Eternidade (editora Almedina/Minotauro), um thriller de ação e suspense no melhor estilo da literatura fantástica. A trama se passa em 1985 no interior do RS, para onde afluem os mais insólitos tipos. Um professor fugitivo e uma bela bibliotecária se vêem no centro de agressivas disputas envolvendo um nazista, um judeu, um padre, um médico, um bêbado. E a candidatura de Tancredo Neves..."

JULIANA BUBLITZ

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