sábado, 21 de janeiro de 2023


21 DE JANEIRO DE 2023
PÓS-CREDITOS

AS MELHORES SÉRIES PARA VER NAS FÉRIAS

Para muita gente (como eu), janeiro coincide com as férias. Surge um tempo livre para colocar em dia o hábito de ver séries.

Mas não muito longas nem com várias temporadas, afinal, o período é propício para curtir o mar, a piscina, quem sabe até um friozinho na Serra ou no Exterior, e descansar o corpo e também a cabeça.

Por isso, fiz uma lista com algumas das melhores minisséries disponíveis em sete plataformas de streaming: Amazon Prime Video, Apple TV+, Disney+, Globoplay, HBO Max, Netflix e Star+. Dá para assistir uma a cada dia. A seleção completa, você pode ler em gzh.rs/30sériesférias.

12 JURADOS (2019)

Falada em holandês, a minissérie belga gira em torno de Frie Palmers (Maaike Cafmeyer), mulher acusada de ter assassinado sua melhor amiga, em 2000, e sua própria filha, 16 anos depois. É uma série de tribunal, mas esse não é o único cenário da trama criada por Sanne Nuyens e Bert Van Dael. E 12 Jurados não se concentra apenas na investigação sobre os crimes: há múltiplos personagens e múltiplos enigmas. Enquanto depoimentos no julgamento e flashbacks reconstituem as circunstâncias das mortes de Brechtje Vindevogel, a melhor amiga, e Roos, a filha, descobrimos o passado de Frie e o papel desempenhado por seu ex-marido e pelo pai da primeira vítima, um ambientalista rico e famoso, somos apresentados aos dramas particulares de uma meia dúzia de jurados. (10 episódios, Netflix)

AREIA MOVEDIÇA (2019)

Tem alguma semelhança com 12 Jurados. Também foca um julgamento de um crime chocante: a protagonista, Maja (pronuncia-se Maia), uma estudante do Ensino Médio, é acusada de participar de uma chacina em uma escola bacana de Estocolmo, na Suécia, onde, entre outras vítimas, foram mortos o namorado e a melhor amiga dela. Como na minissérie belga, a sueca alterna a narrativa entre o presente e o passado - quando surgem indícios tanto a favor quanto contra a personagem principal. Em meio a temas como bullying, xenofobia e relacionamentos abusivos, a trajetória de Maja é recuperada desde a aproximação com Sebastian, um garoto negligenciado pelo pai rico. Eis o pano de fundo, ou quem sabe a verdadeira questão de Areia Movediça: o que os adolescentes fazem longe do olhar de pais que não querem vê-los. (6 episódios, Netflix)

BAND OF BROTHERS (2001)

A minissérie se baseia no livro homônimo de Stephen E. Ambrose e tem entre os produtores Steven Spielberg e Tom Hanks (que dirigiu o quinto capítulo). É uma dramatização da história da Companhia Easy, desde o seu treinamento nos Estados Unidos para a invasão da Normandia até a capitulação da Alemanha na Segunda Guerra Mundial. Vencedora de seis Emmys, Band of Brothers encontra o equilíbrio entre a grande História e as pequenas vidas de um grupo de soldados. O herói é o tenente Winters (personagem de Damian Lewis), que enfrenta o horror e faz o que é preciso fazer sem perder a sua noção do que seja humano ou correto. (10 episódios, HBO Max)

BANDIDOS NA TV (2019)

Esta minissérie documental faz valer o dito do escritor Mark Twain (1835-1910): a verdade é mais estranha do que a ficção. O diretor britânico-paraguaio Daniel Bogado conta a história do apresentador de TV Wallace Souza, que se elegeu três vezes deputado estadual no Amazonas, em 1998, em 2002 e em 2006, graças a sua suposta luta contra o tráfico de drogas, mote de um programa sensacionalista e sangrento, o Canal Livre. Suposta porque, segundo um delator, Wallace comandava uma organização criminosa - a suspeita é de que ele próprio planejava os homicídios que alavancavam a audiência do programa. Bandidos na TV mostra a comoção causada junto à mídia e à opinião pública (dividida quanto à culpabilidade dos acusados), a sucessão de viradas na trama, as desconcertantes contradições dos principais personagens e as ramificações que acabam por pintar um retrato do país. (7 episódios, Netflix)

BLACK BIRD (2022)

O protagonista desta minissérie baseada em uma história real é Taron Egerton, ator indicado ao Globo de Ouro por Rocketman, a cinebiografia do cantor Elton John. Ele interpreta James Keene, o Jimmy, um filho de policial (o último papel de Ray Liotta) e um promissor jogador de futebol americano que enveredou para o tráfico de drogas. Dono de um pequeno império em Chicago, ele acaba preso em uma operação do FBI. Enquanto isso, vemos o surgimento dos outros dois personagens importantes. Um é o detetive vivido por Greg Kinnear, que investiga o desaparecimento - e provável assassinato - de jovens mulheres. O outro é o principal suspeito, Larry Hall, um tipo excêntrico que adora participar de reencenações da Guerra Civil e é encarnado por Paul Walter Hauser (de Eu, Tonya e O Caso Richard Jewell). (6 episódios, Apple TV+)

CHERNOBYL (2019)

Criada por Craig Mazin, apresenta uma versão ficcional do pior acidente nuclear da história, o da usina de Chernobyl, ocorrido entre 25 e 26 de abril de 1986 perto da cidade de Pripyat, na Ucrânia. Ao reconstituir suas consequências imediatas e as primeiras ações tomadas pelo governo soviético, a obra ganhou assustadora atualidade durante a pandemia: cenas e falas parecem refletir o que vimos e ouvimos desde o surgimento do coronavírus. Chernobyl arrebatou 10 prêmios Emmy, incluindo melhor minissérie, e concorria a outros nove, entre eles ator (Jared Harris, no papel do renomado químico Valery Legasov), atriz coadjuvante (Emily Watson, como a fictícia cientista Ulana Khomyuk) e ator coadjuvante (Stellan Skarsgård, que interpretou Boris Shcherbina, vice-presidente do Conselho de Ministros da URSS de 1984 a 1989, designado para supervisionar a gestão da crise). (5 episódios, HBO Max)

A CIDADE É NOSSA (2022)

Não chega a ser uma continuação de The Wire (2002-2008), ou A Escuta, recentemente eleita a melhor série do século 21 segundo 206 críticos, acadêmicos e profissionais de TV ouvidos pela BBC. Mas esta minissérie também foi criada pelo ex-repórter policial David Simon (aqui, na companhia do escritor George Pelecanos); também se passa em Baltimore, cidade no Estado de Maryland que é, estatisticamente, uma das mais violentas no mundo; e também retrata a atuação da polícia local. Enquanto alguns tentam fazer alguma coisa contra o narcotráfico e o crime organizado, mesmo sabendo que suas chances estão entre mínimas e nenhuma, outros apostam na truculência e/ou enveredam para a corrupção. Dirigida por Reinaldo Marcus Green, do filme King Richard (2021), A Cidade É Nossa tem uma estrutura narrativa que requer atenção, com vários núcleos de personagens e alternâncias não muito claras entre o passado e o presente. Mas a recompensa é alta. (6 episódios, HBO Max)

DOPESICK (2021)

Com idas e vindas no tempo, mostra como a Purdue Pharma promoveu de forma agressiva e mentirosa o OxyContin, analgésico considerado responsável pela crise de opioides que provocou 500 mil mortes nos EUA a partir de 1999. Há cinco núcleos narrativos em Dopesick. O principal é o de Finch Creek, uma fictícia cidade onde moram o médico Samuel Finnix (Michael Keaton, premiado no Emmy, pelo Sindicato dos Atores dos EUA e no Globo de Ouro) e a jovem Betsy Mallum (Kaitlyn Dever), operária em uma mina de carvão. Em outras duas pontas, estão personagens reais. Dona da farmacêutica, a família Sackler vive em meio a intrigas e disputas por conta da ambição de Richard Sackler (Michael Stuhlbarg). E Rick Mountcastle (Peter Sarsgaard) e Randy Ramseyer são dois promotores públicos que querem investigar e levar a empresa ao tribunal. (8 episódios, Star+)

THE DROPOUT (2022)

Forma com Inventando Anna (Netflix) uma espécie de díptico: ambas são mais ou menos contemporâneas; as duas protagonistas são mulheres brancas com autoconfiança, energia e talento para a mentira, trinômio que abriu portas no mundo dos negócios e na alta sociedade; ambas cultivam excentricidades - a jovem golpista Anna Sorokin (Julia Garner) tem um sotaque indetectável, Elizabeth Holmes (Amanda Seyfried, ganhadora do Emmy) emprega uma voz grave e baixa quando quer proferir uma frase de efeito; e as duas obras mostram como seus castelos de areia desmoronaram. Mas Inventando Anna é longa e enrolada demais, parecendo mais interessada na lenda do que na pessoa. The Dropout, embora recorra a flashbacks, vai direto ao ponto. (8 episódios, Star+)

FELIZES PARA SEMPRE? (2015)

É uma releitura da minissérie Quem Ama Não Mata (1982), pelo mesmo autor, Euclydes Marinho. O cineasta Fernando Meirelles dirige a trama, agora ambientada em Brasília para mostrar as relações entre sexo e poder. Em foco, os dilemas de cinco casais de uma mesma família. Entre os personagens da minissérie, está a restauradora de arte Marília (Maria Fernanda Cândido), que vive um casamento socialmente perfeito com Cláudio (Enrique Díaz) - em casa, eles mal se falam. A crise conjugal vai acabar por levá-los ao encontro da prostituta de luxo Denise (Paolla Oliveira), a Danny Bond, que é bissexual. (10 episódios, Globoplay)

WANDAVISION (2021)

Diante da minissérie criada por Jac Schaeffer, precisamos conhecer o passado cinematográfico dos personagens para compreender que há algo de muito estranho acontecendo, e precisamos conhecer o passado da TV dos EUA para compreender as referências, que não têm nada de gratuitas: acrescentam camadas, criam expectativas, intensificam o suspense. No primeiro episódio, Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen), a Feiticeira Escarlate, e o androide Visão (Paul Bettany) são apresentados como um típico casal dos subúrbios estadunidenses. No caso, Westview, onde os demais 3 mil e poucos moradores desconhecem os superpoderes dos vizinhos. (9 episódios, Disney+)

O HOMEM DAS CASTANHAS (2021)

Não se deixe enganar pelo nome simpático: a minisssérie dinamarquesa baseada no romance homônimo de Soren Sveistrup (também autor das histórias da série The Killing e do filme Boneco de Neve) é um típico exemplar do noir nórdico, cru e violento quando necessário. Em Copenhague, nos dias atuais, uma jovem mãe é brutalmente assassinada. Seu corpo é encontrado em um parque, sem uma das mãos. Próximo do corpo há um pequeno boneco feito de castanhas. Essa é a principal pista para a investigadora Naia Thulin (Danica Curcic), uma mãe solteira que agora conta com um novo parceiro policial, o instável Mark Hess (Mikkel Boe Folsgaard). Paralelamente, acompanhamos o difícil recomeço da ministra Rosa Hartung (Iben Dorner) - um ano antes, sua filha adolescente desapareceu. (6 episódios, Netflix)

I MAY DESTROY YOU (2020)

A atriz e roteirista inglesa de pais ganeses Michaela Coel transforma-se em Arabella nesta autoficção que, apesar de lidar com um assunto doloroso, encontra espaço para o humor, o afeto e a diversão. Escritora de um livro de sucesso, ela corre contra o prazo e contra uma crise criativa para entregar o segundo romance a uma grande editora de Londres. Para espairecer, resolve sair para a balada com uns amigos. No dia seguinte, já de volta ao trabalho, Arabella vê sua memória assaltada por imagens de um estupro praticado por um homem desconhecido. A partir daí, I May Destroy You mostra como a violência sexual pode paralisar o presente, alterar o futuro e ressignificar o passado das vítimas. (12 episódios, HBO Max)

O INOCENTE (2021)

Oriol Paulo e Pablo Vallejo adaptaram para a Espanha um romance do escritor estadunidense Harlan Coben. Mario Casas interpreta Mateo Vidal, o Mat, estudante de Direito que, em uma briga de bar, mata acidentalmente um rapaz. Após quatro anos na prisão, ele reconstrói sua vida e reencontra a mulher que conhecera na festa após ser libertado, Olivia (Aura Garrido). Os dois se casam e estão para se tornarem pais, mas um belo dia ele recebe uma mensagem perturbadora enviada pelo celular dela. O que consta na mensagem? Qual é a relação entre Mat e uma freira que se suicidou em pleno orfanato? Por que o corpo dessa religiosa atrai a atenção da polícia federal? O que Olivia esconde quando se tranca no banheiro? Quem é Anibal? As tramas que correm em paralelo em O Inocente vão preenchendo o quebra-cabeças e reprisando os temas de Coben: o peso do passado e o preço dos segredos. (8 episódios, Netflix)

THE UNDERGROUND RAILROAD (2021)

Concebida por Barry Jenkins, diretor e roteirista de Moonlight, vencedor do Oscar de melhor filme em 2017, é a adaptação do romance homônimo escrito por Colson Whitehead e ganhador, também em 2017, do prêmio Pulitzer. A trama se passa na metade do século 19, antes da Guerra Civil nos EUA (1861-1865), que tinha como principal causa a escravização da população negra. Sua protagonista é Cora (interpretada pela sul-africana Thuso Mbedu, do filme A Mulher Rei), uma jovem escrava que, após relutar, tenta fugir de uma fazenda na Geórgia na companhia do íntegro Caesar (Aaron Pierre). Os dois buscam a Underground Railroad do título, uma rota de fuga que de fato existiu, mas não da maneira que é apresentada na minissérie. (10 episódios, Amazon Prime Video)

MARE OF EASTTOWN (2021)

Fascinada com o "quem foi" da minissérie criada por Brad Inglesby, Kate Winslet ressaltou que embarcou no projeto porque "não é só a história de um crime". De fato, o crime descoberto no primeiro capítulo é chocante e misterioso, mas serve sobretudo como catalisador dos dramas pessoais e familiares em cidadezinha dos EUA. A morte traz à tona relações e segredos guardados em vida, imagem reforçada pela ambientação numa estação fria, que obriga os personagens a se esconderem atrás de casacos, mantas e gorros. E - até o final - todos têm o que ocultar ou algo do que não gostam de falar. Praticamente perfeita, Mare of Easttown venceu os Emmys de atriz (Winslet, também premiada no Globo de Ouro), ator coadjuvante (Evan Peters), atriz coadjuvante (Julianne Nicholson) e design de produção. (7 episódios, HBO Max)

THE NIGHT OF (2016)

Filho de imigrantes paquistaneses em Nova York, o jovem universitário Nasir Khan, o Naz (Riz Ahmed), pega "emprestado" do pai o táxi para ir a uma festa. No meio do caminho, em duas ocasiões pessoas tentam embarcar no carro como passageiro. Mais tarde, uma infração de trânsito, um objeto levado da cena de um crime e uma testemunha ocular vão tornar Naz o suspeito número 1. É esse o resumo do primeiro e fabuloso episódio da minissérie criada pelo escritor Richard Price e pelo cineasta Steven Zaillian. Trata-se de um retrato muito humano das delegacias de polícia, do sistema judicial e dos presídios estadunidenses. À trama de suspense - a certa altura não saberemos se Naz é uma ovelha ou um lobo -, adiciona conotações que refletem o estado de ânimo nova-iorquino para com os muçulmanos pós-11 de Setembro e mostrando penitenciárias como fábricas de bandidos. (8 episódios, HBO Max)

THE WHITE LOTUS 2 (2022)

Por coincidência, ficou para o final aquela que talvez seja a melhor série para as suas férias: a segunda temporada da premiada The White Lotus. O cenário é a Sicília, na Itália, onde também há um resort de luxo da fictícia rede The White Lotus. Como na temporada inicial da obra criada e dirigida por Mike White, tudo começa com um cadáver não identificado - eis um dos charmes da porção policial: o espectador é instigado a descobrir não apenas quem matou, mas também quem morreu (e desta vez parece haver mais candidatos a vítima). Se na primeira história havia um caixão sendo transportado de avião, agora surge um corpo boiando na praia. Como na temporada original, a trama volta uma semana no tempo para acompanhar a chegada de turistas ao hotel que tem como gerente Valentina (Sabrina Impacciatore). (7 episódios, HBO Max)

PÓS-CREDITOS

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