EM BUSCA DE PALMIRA GOBBI
A mulher que dá nome a uma importante avenida no bairro Humaitá já foi uma lenda em Porto Alegre. Seu nome era tanto alvo de epítetos, como "protetora", "defensora" e "amiga" dos animais, na imprensa da Capital, como sinônimo de ameaça aos que os maltratavam. Dos anos 1950 a 1970, era comum ouvir frases como: "a dona Palmira vai te pegar"; "vou denunciar à dona Palmira".
Palmira Gobbi Dias (1909-1979) teve uma atuação destacada durante quase 30 anos como presidente da Associação Riograndense de Proteção aos Animais (Arpa), que ela ajudou a fundar, em 1949. Era presença frequente nas redações dos jornais e rádios porto-alegrenses, soube usar muito bem a imprensa para mobilizar o público em suas atividades.
Entre outras rádios, teve programa na Gaúcha na década de 1970 e foi notícia de várias matérias em Zero Hora. Em 5/10/1964, ZH trouxe depoimento da própria Palmira, dizendo que ela conversara com São Francisco de Assis: "Ele me ensinou a amar os animais". Como interpretar uma declaração dessas? Historiadores devem contextualizar suas fontes, a partir de muita leitura e cruzamento de informações retiradas de outras fontes e documentos.
No entanto, fica a pergunta: onde estão os documentos sobre Palmira? Ficaram as fontes nos jornais impressos, em acervos de acesso público, mas onde estão os documentos de sua atuação como protetora? Restam gravações de seus programas em rádios? Ainda é possível acessar as memórias dos fiscais da Palmira, uma legião de milhares de pessoas que atuou junto àquela Arpa, entre os anos 1950 e 1970? Ou pessoas próximas a ela que poderiam dar depoimento de suas atividades?
Essa impressionante atuação como protetora animal merece uma biografia. Já comecei a pesquisa com as fontes disponíveis, mas gostaria de saber se existem mais. Se você tem algo a contribuir, por favor, entre em contato com esta historiadora. Muito obrigada desde já.
Historiadora e professora de história na Universidade Federal de Rondonópolis elenitamalta@gmail.com - ELENITA MALTA PEREIRA
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