quinta-feira, 30 de setembro de 2021


30 DE SETEMBRO DE 2021
OPINIÃO DA RBS

O PARADOXO DO EMPREGO

Uma das iniciativas aprovadas no âmbito do Pacto Alegre, o projeto Cidade Educadora, que teve a largada na terça-feira, tem relação direta com a solução de um dos grandes problemas que afetam o país. O objetivo é preparar a Capital para os desafios do futuro, tendo o ensino como base, preparando jovens e a população em geral para uma nova realidade, em que o conhecimento digital, por exemplo, será um dos diferenciais para o desenvolvimento. Graças a esse movimento, Porto Alegre voltou a integrar a Rede Internacional das Cidades Educadoras.

A formação adequada, incluindo a necessidade de preparar crianças e adolescentes para a vida profissional, é hoje um dos principais gargalos da economia, notadamente de alguns setores promissores, não apenas em Porto Alegre, mas no Estado. Parece paradoxal, mas enquanto o país vive um período de desemprego elevadíssimo, existem milhares de vagas que não são preenchidas porque as empresas não encontram mão de obra com a qualificação exigida. Isso ocorre na área de TI e outras correlatas ligadas a inovação, por exemplo. Reportagem publicada no início do mês por Zero Hora mostrou que a Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação no Estado (Assespro-RS) calculava que, apenas no Rio Grande do Sul, existiam cerca de 6 mil postos de trabalho abertos. Em alguns empregos, há salários oferecidos de até R$ 15 mil.

As empresas gaúchas ligadas à TI cresceram 10% no ano passado, em meio à crise da pandemia, e projetam manter o ritmo de evolução na casa de dois dígitos em 2021 e 2022. A falta de capital humano na quantidade adequada, no entanto, se torna um empecilho para um avanço potencialmente ainda maior. A alta procura por mão de obra capacitada não é uma exclusividade do Rio Grande do Sul. Em todo o país, serão necessários cerca de 400 mil profissionais até 2024, estima a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), dando uma dimensão da carência.

Diante da escassez de pessoal, há iniciativas das próprias empresas e do Instituto Caldeira que buscam captar jovens interessados, capacitá-los e, com isso, criar um banco de talentos capaz de ofertar o capital humano demandado. O esforço para evitar esse verdadeiro apagão, no entanto, tem de ser conjunto, unindo capital privado, poder público, academia e sociedade civil. Enquanto o país padece com mais de 14 milhões de desempregados, constata-se que existe procura firme por mão de obra qualificada. Mas ainda se peca na formação. Toda a base, no entanto, tem de estar na escola, garantindo a crianças e adolescentes as capacidades mínimas para explorarem as oportunidades existentes e se desenvolverem profissionalmente. Aptas, ajudarão no crescimento de setores portadores de futuro e contribuirão para o fortalecimento da economia gaúcha.

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