terça-feira, 21 de setembro de 2021



21 DE SETEMBRO DE 2021
DAVID COIMBRA

O e-mail

Agora, para não deixar os leitores sem a participação luminosa do Liberato, publico seu e-mail, até porque ele elogia um outro grande cronista, o Sérgio da Costa Franco. Eis:

"Caro David, li, como faço todos os dias, tua coluna do fíndi, ?Temos de Voltar a Ser Gaúchos?. Uma palavra, no entanto, da expressão ?Mui Leal e Valerosa?, que aliás nem chegas a endossar, me chamou a atenção. Um outro cronista, o maior de todos nós e também o maior historiador de Porto Alegre, Sérgio da Costa Franco, há anos já deixou claro, no excelente Porto Alegre - Guia Histórico, que o adjetivo valErosa, um arcaísmo, está no brasão, digamos, como Pilatos no Credo. 

Não constava no decreto imperial de 1841 que atribuiu o título de Mui Leal e ValOrosa à cidade, retomada dos farrapos. Um certo Joaquim José Afonso Alves foi quem pespegou o adjetivo valErosa no cabeço das atas das sessões da Câmara Municipal, de que foi secretário até 1842. Parece, digo eu, que o cara amava palavras e coisas empoeiradas, como aquele personagem do conto Capítulo dos Chapéus, de Machado de Assis, um velho funcionário público ?ralado de saudades do tempo em que os empregados iam de casaca para as suas repartições?."

Em nome da modéstia

A ideia era dedicar essa crônica inteira ao escritor Liberato Vieira da Cunha, que me enviou um e-mail tecendo comentário a respeito da minha coluna do fim de semana, mas, no domingo, o Grêmio ganhou do Flamengo, como eu disse que ganharia, e o Inter ganhou do Fortaleza, como eu disse que ganharia. Então, perdoe-me o Liberato e os leitores curiosos, mas preciso escrever a respeito dos meus acertos no futebol, e sabe por quê?

Por uma questão de modéstia. Sim, modéstia, pois, se não me manifesto, os leitores ficarão dizendo: "O David é um gênio! O David é um mago visionário!" E não se trata nada disso. Nã-nã-nã.

A verdade é que trabalho com as entranhas do futebol profissional há quase 40 anos. Assim, por experiência, consigo identificar alguns sinais, quando eles aparecem. Os que surgiram em favor do Inter eram mais evidentes - desde que enfiou 4 a 0 no Flamengo, Aguirre compreendeu como tem de jogar com seu grupo, o time se solidificou e, mesmo quando não está bem, vence. O Inter se transformou em uma equipe séria.

Já o Grêmio mostrou predicados nas derrotas. A goleada que levou do Flamengo, 4 a 0, foi injusta e quase eventual. No segundo jogo, ao sofrer 2 a 0, defini aquela derrota como "ótima", porque deixava lições a Luiz Felipe Scolari. E, esse sim, é um mago, esse sim, é genial. Luiz Felipe colheu lições dos reveses e as aplicou no time. O resultado era óbvio: ele iria desferir um raio paralisante contra o Flamengo e, em poucos lances, fazer os gols de que precisava. Borja marcou um. Poderiam ter sido dois. E o Grêmio venceu sem correr perigo.

Como já antecipei, o Grêmio não será rebaixado. Chegará em sexto ou sétimo lugar. E o Inter se classificará para a Libertadores. Estamos vivendo um ano de preparação da Dupla Gre-Nal para outras jornadas mais gloriosas. E elas virão. Creia. Virão.

DAVID COIMBRA

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