sábado, 17 de novembro de 2018


17 DE NOVEMBRO DE 2018

ÚLTIMO FIM DE SEMANA

DIA DE DEBATER O FEMINISMO

PROGRAMAÇÃO ESPECIAL de sábado na Feira do Livro encerra série de atividades do evento sobre as lutas pelos direitos das mulheres
Ao longo da Feira deste ano, a programação trouxe nomes importantes para debater questões relativas aos Direitos Humanos, como feminismo e diversidade. Esse eixo termina neste sábado com uma série de atividades sobre feminismo, representatividade, presença da mulher no mercado editorial e empreendedorismo.

Um dos principais destaques do dia é a presença da escritora norueguesa Marta Breen. Coautora, com a ilustradora Jenny Jordahl, do álbum em quadrinhos Mulheres na Luta, ela estará no Auditório Barbosa Lessa do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo às 18h para debater, com mediação de Joanna Burigo, as diferentes perspectivas da arte como ferramenta de ativismo político no Brasil e na Noruega.

Com previsão de lançamento para o ano que vem no Brasil, Mulheres na Luta conta a história de 150 anos das causas internacionais do feminismo, das sufragistas a iniciativas contemporâneas pela igualdade salarial.

- Infelizmente, o livro é mais relevante ainda do que eu desejaria. Quando se trata de direitos das mulheres internacionalmente, muitas coisas parecem ir na direção errada. Por exemplo, vemos que o direito ao aborto está sob pressão em um grande número de países. É assustador ver como os líderes patriarcais assumem o poder de país após país. Isso está acontecendo tanto na Rússia, Polônia, Hungria, Filipinas, Turquia, Estados Unidos quanto no Brasil - diz a autora.

A programação inclui ainda a presença da editora e tradutora francesa Paula Anacaona, em um debate com Fernanda Bastos às 18h30min, no Clube do Comércio, sobre o papel da mulher negra nas sociedades do Brasil e da França (leia entrevista com a autora na revista Donna encartada nesta edição).

SÁBADO COM AUTÓGRAFOS DE COLETÂNEAS FEMININAS

A programação feminina no sábado também se estende às sessões de autógrafos. Às 15h30min, as professoras Ana Rieger Schmitt, Gisele Dalva Secco, Inara Zanuzzi e Katarina Peixoto autografam Vozes Femininas na Filosofia na Praça dos Autógrafos, enquanto às 17h30min, no Memorial do Rio Grande do Sul, Ionara Rech, Letícia Hoppe e Maiara Monteiro lançam um livro de empreendedorismo voltado às mulheres.

Os números oficiais da Câmara Rio-Grandense do Livro para esta Feira apontam motivos para otimismo, registrando um número de exemplares vendidos 9% maior do que o verificado durante o ano passado. O clima entre os livreiros na Praça, contudo, tem sido de dúvida. As avaliações entre os estandes dos expositores têm sido de um evento com altos e baixos, termômetro da recente crise econômica.

- Na prática, a situação está bem semelhante à do ano passado. Quem veio, compra. Mas dá para ver que quem está comprando tem um limite bem claro. R$ 30, R$ 20, por aí - comenta Guilherme Dullius, da Beco dos Livros.

A crise do funcionalismo estadual, com o parcelamento dos salários, está sendo sentida, já que saem dessa camada muitos dos frequentadores e clientes assíduos da Feira, mas é uma situação que também remete à Feira de 2017.

- No ano passado acho que a situação era até pior, porque havia uma incerteza geral. Como o pessoal agora está recebendo parcelado há muito tempo, já se reorganizou e alguns voltaram - diz Vitor Zandomeneghi, da Banca dos Livros.

Ele aponta que um fator que continua atraindo clientes é a diversidade de títulos em exposição (ele até abdicou dos principais best-sellers este ano). Algo que a livreira Fátima Rhoden, que trabalha com a distribuidora AJR, confirma.

- A banca mais variada tem se saído melhor - comenta

Wirá Alencar, 15 anos, lança seu primeiro livro, Archipélago Arthrópoda, sábado às 15h30min. Wirá fez sua primeira experiência no mundo das letras quando tinha sete anos.Inspirado pelo livro Insetos de Guerra, de Diego Borella, e por aulas de biologia Wirá concebeu Archipélago Arthrópoda, protagonizado por um tatuzinho de jardim chamado Terrestre, que deixa seu vilarejo e segue por uma aventura com formigas, cupins e centopeias em outras ilhas do arquipélago. O livro, afirma Wirá, é apenas o primeiro de uma série planejada.

Autora de Contos Transantropológicos e Libertê: Poesia, Filosofia e Transantropolgia, a escritora Atena Beauvoir vai debater o existencialismo francês e a invisibilidade da literatura trans brasileira, domingo, às 16h30min, na Biblioteca do Clube do Comércio (Rua dos Andradas, 1.085). Ela diz:

- Sempre existiu representatividade, enquanto protagonismo. A diferença é que os maiores centros e focos de literatura, por muito tempo, serviram a uma unidade existencial: homem, branco, hétero, cisgênero e burguês.

CARLOS ANDRÉ MOREIRA

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