terça-feira, 20 de novembro de 2018


20 DE NOVEMBRO DE 2018
OPINIÃO DA RBS

O ACORDO PELO RIO GRANDE


É positivo que o futuro governador venha apostando no diálogo com todos os partidos, inclusive os que não o apoiaram, e os demais poderes

A disposição para o diálogo e a defesa de um acordo mínimo sobre temas de interesse comum para os gaúchos, manifestadas em entrevista concedida a Zero Hora pelo governador eleito Eduardo Leite, são um indício promissor para o Estado, às voltas com graves dificuldades financeiras. Iniciativas anteriores nesse sentido acabaram frustradas. É reconhecida também a resistência de setores e corporações em abrirem mão de qualquer vantagem ou benefício. Ainda assim, essa é uma intenção que merece contar com a compreensão por parte de servidores, da sociedade, de seus líderes e de seus representantes, para que possa ir além, facilitando saídas em benefício de todos.

O governador eleito está correto ao reiterar a disposição de não limitar sua atuação como mero gestor de um déficit até agora incontornável. Ainda assim, a situação das contas do Estado é atípica sob todos os aspectos pelos quais for analisada e dificilmente será resolvida sem união de propósitos e sem medidas amargas. A diferença entre receitas e despesas só aumenta. Em janeiro, tudo indica que o desequilíbrio fiscal terá atingido proporções recordes. Hoje, a situação só não é mais grave porque o Estado sequer vem desembolsando os compromissos da dívida com a União, amparado por decisão em caráter liminar do Supremo Tribunal Federal (STF).

O agravante é que, na virada do ano, os salários dos servidores do Executivo, incluindo o 13º, além de fornecedores até mesmo da área de saúde pública, estarão em atraso. Enquanto isso, falta aprovar o acordo de recuperação fiscal com o governo federal que, também em dificuldades, exige contrapartidas de peso por parte do Piratini. E paira na Assembleia a ameaça de uma pauta-bomba, prevendo reajuste salarial para categorias de maiores ganhos de outros poderes.

Ao reafirmar a disposição de não concorrer à reeleição, o futuro gestor do setor público gaúcho afasta a assombração política que paira sobre qualquer ato do Executivo. A decisão reforça a importância de o Estado aproveitar ao máximo os próximos quatro anos para levar adiante uma pauta em favor da retomada do desenvolvimento.

Em meio a tantas incertezas, é positivo que o futuro governador venha apostando no diálogo com todos os partidos, inclusive os que não o apoiaram, e com os demais poderes. Sem uma distribuição de sacrifícios, o Estado permanecerá na mesma estagnação de sempre. Diálogo é o princípio, não um fim em si mesmo. Mudanças no curso catastrófico das contas públicas só ocorrerão com ações concretas, profundas e que contrariarem alguns interesses.

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