sexta-feira, 2 de novembro de 2018



Antônio Carlos Cortes, 


cronista De Pero Vaz de Caminha, autor de nossa crônica-certidão de nascimento nacional, a Luis Fernando Veríssimo, Arnaldo Jabor, Cony e Zuenir Ventura, passando por Machado de Assis, José de Alencar, Lima Barreto, João do Rio, Antônio Maria, Fernando Sabino, Clarice Lispector, Rachel de Queiroz, Paulo Mendes Campos, Nelson Rodrigues e o genial Rubem Braga, que definitivamente deu status de gênero literário para a crônica no Brasil, a crônica é coisa nossa, brasileiríssima.

Atualmente, na maior parte do tempo, a crônica é um pequeno artigo de opinião. Degraus da vida (Renascença/Palmarinca, 138 páginas), de Antônio Carlos Côrtes, porto-alegrense, advogado, radialista, escritor e, atualmente, conselheiro de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul, é seu terceiro volume de crônicas. Bailarina do sinal fechado e Rua da Praia 40o são os anteriores, editados pela Palmarinca. Côrtes trata, com inteligência e sensibilidade, de racismo, futebol, política, Natal, Guaíba e de pessoas anônimas ou personagens da história como Alcides Cruz, entre outros muitos temas.

Ao mesmo tempo em que dá um toque literário aos textos, apresenta dados jornalísticos e históricos e algumas fotos para compor o grande painel que nos apresenta com acontecimentos e pessoas importantes destes nossos dias tão tumultuados e carentes de delicadeza. Não é pouca coisa. Em tempos em que muitos cronistas bebem apenas em dados de frios meios eletrônicos para escrever, Côrtes, com emoção, humildade e amor pela vida, anda pelas ruas, sente os perfumes, ouve os sons e as vozes do cotidiano, pousa seu olhar nas pessoas e nas coisas e vai registrando, com toques literários, o que lhe impressiona.

O primeiro e mais longo texto do volume é dedicado ao capitão e engenheiro civil Paulo Sérgio Paim, homem negro que, depois de passar por muito trabalho e dificuldades na vida, formou-se em engenharia e é um belo exemplo de vida e de superação. Pois é, mesmos nesses tempos de tecnologia da informação, virtualidades e coisas assim, um livro impresso como o de Antônio Carlos Côrtes é bom de pegar, cheirar a tinta, folhear com carinho e curtir o prazer que só a leitura silenciosa e solitária de um volume impresso pode proporcionar.

Lançamentos 

Mulheres gaúchas na imprensa do século XIX - Almanaque de lembranças luso-brasileiro (Educs, 190 páginas), organizado pela professora Cecil Jeanine Albert Zinani, por Maria Eunice Moreira e prefaciado por Nilda Stecanela, traz trabalhos de especialistas com ótica feminista, buscando resgatar a produção intelectual feminina ainda não muito difundida.

A obra fala de 11 autoras gaúchas do século XIX. Imagine um bruxo que recorta o céu em pedaços de azul (Criadeira Livros, 28 páginas), da premiada escritora e jornalista paulista Mariza Baur, com ilustrações em cores de Roberta Asse, conta sobre Sulfuroso, o bruxo do bem, a gata Felícia e a menina Flipó. Obra originada de oficina no Festival Literário Flipoços. Autógrafos neste domingo, às 17h30min, na Feira do Livro.

Última lira (Est Edições, 184 páginas), do consagrado professor, poeta, escritor e jornalista J.H. Dacanal, traz dezenas de poemas do autor e os anexos A arte, O artista e o poder, e Sobre os gêneros literários. "Olvidar os mortos / Um dia é lei / Por mais que a alma / Renitente o negue / No estrênuo e vão / Afã da vida / Calculando tola / A inequação fatal: /Se em nós viveram eles / Na memória doutros/ Viveremos nós". Versos do livro, do poema Lex Mundi. -

Jornal do Comércio https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/colunas/livros/2018/10/654911-antonio-carlos-cortes-cronista.html

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