O "efeito Bolsonaro" nas bombas
Desta vez, o novo reajuste nos preços dos combustíveis foi antecedido por uma prova prática da influência presidencial sobre esse custo. Na sexta-feira, o comportamento de Jair Bolsonaro ajudou o dólar a baixar de R$ 5,755, no auge da especulação sobre a eventual saída de Paulo Guedes e novos buracos no teto, para R$ 5,627, quando "prestigiou" o ministro e disse que não faria "aventuras".
Então, ao contrário do que costuma dizer o presidente, ele tem, sim, grande capacidade de amortecer reajustes cada vez maiores e mais frequentes.
Sim, há uma crise global de energia e o preço do petróleo sobe para todos. Ontem, o barril do tipo brent, que a Petrobras usa como referência, inclusive, subiu mais 0,35%, para US$ 85,83.
Mas na fórmula de reajuste da Petrobras, o componente "câmbio" tem peso tão importante quanto o petróleo. Como o dólar sobe a cada ronco de motociata presidencial, menos ruído no Planalto se traduziria em menor pressão nessa componente, portanto em menor necessidade de reajuste.
Não seria necessário comprar briga com governadores por mudanças no ICMS, nem elaborar estratégias complexas de formação de um "colchão" para suavizar as oscilações globais, que deveria ter sido previsto em momentos de baixa no preço do petróleo, ou seja, dependeria de planejamento, um dos muitos pontos fracos do atual governo.
Nem exigiria gasto de capital político e energia em grande reforma estrutural, outro capítulo essencial em que faltou esforço. Se mudasse a comunicação para gerar menos ruído, como na sexta-feira, o dólar subiria menos. E os combustíveis também. Simples assim.
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