sábado, 30 de outubro de 2021


30 DE OUTUBRO DE 2021
FLÁVIO TAVARES

A ALUCINAÇÃO

Aos desavisados, alienados ou ignorantes pode parecer alucinação, mas a verdade é que a cobiça humana está matando o planeta. Por isto, a reunião de cúpula sobre as mudanças climáticas, a começar no domingo em Glasgow, na Escócia, torna-se um marco decisivo na vida de todos nós. Nada é mais importante do que os compromissos a serem assumidos por lá.

Os combustíveis fósseis (como carvão e petróleo) estão aquecendo a Terra muito além dos limites máximos toleráveis. Em 2015, no Acordo de Paris, 200 governos concordaram em promover mudanças para que o aquecimento global fique abaixo de 1,5 grau centígrado para "evitar uma catástrofe". Mas pouco foi feito e, assim, sofremos nos últimos anos a expansão de ondas de calor, tempestades e alagamentos, além de crescerem os incêndios florestais. As mudanças na temperatura já começam a incidir na agricultura e, em poucos anos, faltarão alimentos. A fome, antecipará, então, a morte da vida do planeta em si.

A meta da reunião de Glasgow é reduzir a emissão de carbono até 2030 para chegar a zero em 2050. Isto, porém, só se conseguirá com ações concretas a serem iniciadas já e já.

Aqui no Rio Grande, porém, seguimos o caminho oposto, adotando a extração de carvão como política governamental. O exemplo brutal é a chamada Mina Guaíba, a céu aberto e em terreno de banhado, que pretendem cavar à margem do Rio Jacuí, a 14 quilômetros da Capital

Mas a alucinação vai adiante e chega ao terror da pandemia, guiada pelo próprio presidente da República. Ou não foi alucinante ouvir Bolsonaro afirmar que a vacina contra a covid 19 facilita contrair a aids, a brutal síndrome de imunodeficiência adquirida?

Não se trata de erro de avaliação, mas - sim - de escancarada mentira que gera pânico por vir de quem vem. Sim, pois um chefe de governo não pode propagar o horror pelo horror, como se fosse um demônio homiziado no Palácio do Planalto. Tudo foi tão absurdo, que três plataformas (Instagram, Facebook e Twitter) retiraram do ar as invencionices presidenciais.

Apontado em nove crimes, Bolsonaro é um dos 78 indiciados pela CPI do Senado como responsável pelo alastramento da pandemia. As conclusões do inquérito acusam diretamente o presidente, ou como sintetizou o senador Renan Calheiros, relator da CPI: "O caos do governo Bolsonaro entrará para a História como o mais baixo degrau da indigência humana e civilizatória, pois reúne o que há de mais rudimentar, infame e sombrio da humanidade".

Jornalista e escritor - FLÁVIO TAVARES

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