sábado, 24 de setembro de 2022


24 DE SETEMBRO DE 2022
FLÁVIO TAVARES

PRIMAVERA DIFERENTE

Iniciou-se a primavera, mas nem se nota e é como se o inverno avançasse em confusa mistura. Parece até que a natureza imita a campanha eleitoral, na qual em vez de programas ou planos concretos, ouvimos dos candidatos só promessas vagas.

Ou então invencionices e mentiras se unem caçando voto. E isso que estamos a poucos dias da eleição.

Os meios de comunicação, em especial a TV, difundem números de "pesquisas" em que nunca mais de 3 mil pessoas (às vezes ouvidas por telefone) "interpretam" a vontade de milhões de eleitores. Não se opina sobre programas e planos dos candidatos. Assim, as "pesquisas" apenas induzem o eleitor a optar pelo "cavalo vencedor", como se eleição fosse aposta no hipódromo?

Isto talvez explique a apatia geral dos eleitores, que nem a profusão de bandeiras nas ruas consegue animar. A campanha política se despolitizou.

O presidente Bolsonaro usa a chamada "máquina do poder" para tentar se reeleger. Ao discursar na Assembleia Geral da ONU, exaltou a si próprio e falou de um Brasil inexistente. Inventou até que seu governo protege a Amazônia?

No amplo leque opositor, Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à revista britânica The Economist, disse que "o PT está farto de pedir desculpas" pelos erros ao governar, o que é também invencionice. Jamais o PT fez autocrítica sobre as multimilionárias e comprovadas fraudes do Mensalão e do Petrolão. O que me assusta, porém, é a opinião de Lula da Silva sobre Hitler, relembrada dias atrás em editorial do jornal O Estado de S.Paulo: "Ele tinha aquilo que eu admiro num homem, o fogo de se propor a fazer alguma coisa e tentar fazer".

Será que Lula se referia ao fogo dos fornos crematórios dos campos de extermínio nazistas? Como antídoto à perigosa confusão do governo Bolsonaro, prega-se o "voto útil", que levaria a decidir sobre apenas dois candidatos a presidente. Ciro Gomes, uma das alternativas da terceira via, lembrou que "o único voto útil é votar contra a corrupção".

O Supremo Tribunal Federal acertou ao suspender parte dos decretos do presidente Bolsonaro que facilitam o acesso a armas e munições. O problema é que, durante a vigência dos decretos, triplicou o número de armas em poder de civis, num tétrico convite a matar.

FLÁVIO TAVARES

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